A chegada da pandemia no início de março, num momento em que João Silva empreendia esforços para alargar o seu negócio, deixou-o preocupado e ansioso com o futuro. Sem perder tempo, o jovem de 26 anos, natural de Ourém, procurou estratégias para reformular os seus produtos.
No final de março tinha quadriplicado a faturação, resultados que espera obter também em abril. Vendendo barreiras de acrílico, viseiras e máscaras reutilizáveis e mantendo cerca de uma dezena de empresas subcontratadas a trabalhar, João Silva garante que é possível fazer frente aos efeitos adversos da quarentena.
Formado em design industrial pela Escola Profissional de Ourém, João Silva explica ao mediotejo.net que sempre foi bastante empreendedor. Há três anos, quando decidiu abrir o seu próprio negócio e criou a Produtiva – Comunicação Visual, estava mais focado na realização de eventos, mas gradualmente foi-se dedicando quase exclusivamente ao material publicitário.
O impacto que a pandemia de covid-19 poderia ter na sua empresa “foi assustador”, admitiu. “Comecei a ficar assustado, a pensar: como vou pagar as contas?”. Até que um amigo lhe enviou uma imagem de uma estrutura em acrílico. “Começámos logo a readaptar o negócio para desenvolver estas proteções”, que atualmente já podem ser vistas em cafés ou supermercados.
João Silva apenas trabalha o conceito, deixando o fabrico para um conjunto de empresas subcontratadas, que assim têm mantido a produção neste momento de isolamento social. Criou também uma loja online, por forma a vender este novo produto a retalho.
Inicialmente o contacto foi direto com empresas de postos de combustível, supermercados, agrupamentos de escolas e juntas de freguesia. “No final de março fechámos as vendas com as contas quadriplicadas”, avança.

Numa segunda fase, aproveitando material utilizado tradicionalmente para sinalética, começou a desenvolver viseiras. O último passo foram as máscaras reutilizáveis. “A maioria das confeções entraram em layoff“, explica, pelo que duas empresas do setor têxtil começaram a produzir para a Produtiva estas designadas máscaras sociais. “Acabamos por manter a economia a trabalhar”, constata.
“Tenho muitos amigos empresários assustados”, reflete João Silva, “temos que mostrar casos positivos, para que não baixemos os braços”. O seu caso é um exemplo de como com alguma criatividade, aproveitando material tradicionalmente usado para produtos como brindes ou sinalética, se pode reformular todo um negócio e continuar a trabalhar.
João Silva não sabe como será o futuro. Estes “vão ser tempos que dependem muito da postura do Governo”, reflete, pois as empresas vão perdendo capacidade de investir. “Cada início do mês é uma incerteza”, admite. Porém, a reabertura das empresas de uma forma geral prevista para maio abre novas perspectivas ao negócio.