Os nove jovens que protagonizam o Movimento Fátima. Foto: mediotejo.net

Um grupo de nove jovens, na casa dos 30 anos, com diversas profissões e tendo como traço comum o facto de terem nascido ou trabalharem em Fátima, juntou-se e criou o movimento cívico ‘Pró-Concelho de Fátima’, denominado “Movimento Fátima”.

A apresentação à comunicação social teve lugar no dia 12 de março, no hotel Cinquentenário, onde estava também presente Vitor Frazão, ex-autarca que, há 24 anos, encetou a luta de elevação de Fátima a concelho.

Foi em 1998, recordou na sua intervenção, que Fátima “foi concelho por um dia”, o tempo entre a aprovação do diploma na Assembleia da República e o veto “injusto” do Presidente da República, Jorge Sampaio.

Vitor Frazão (à dtª) passou o testemunho a Filipe Pereira (à esqª), Presidente do Movimento Fátima. Foto: mediotejo.net

Nessa altura, Vitor Frazão prometeu não baixar os braços e acreditava, tal como hoje, que um dia esse desejo dos fatimenses será concretizado.

Certo é que, 24 anos depois, e na sequência de vários artigos e entrevistas num jornal local, surgiu a nova comissão que pretende concretizar o sonho de Fátima ser concelho.

“Sinto-me honrado pela vossa iniciativa, pela vossa capacitação”, elogiou o ex-autarca, enaltecendo a coragem dos jovens a quem, na sua opinião, os fatimenses ficam reconhecidos e gratos.

Movimento Pró-Concelho de Fátima. Foto: mediotejo,net

Na fase de perguntas e respostas, Diogo Freire, do Movimento Fátima, apontou como primeiro objetivo “retomar o debate, voltar a trazer o debate à praça pública, ouvir técnicos, ouvir as pessoas responsáveis”.

Porque acreditam na “hipótese” de Fátima ser concelho, querem envolver todas as forças vivas da Freguesia e ouvir todos os intervenientes na cidade, naquilo que consideram ser o primeiro passo da iniciativa.

“Há muita gente que nos apoia e já o manifestou” garantiu Hugo Alegre, gestor de comunicação que falava em nome de “um grupo de jovens ativos que quer retomar o processo e dar voz a uma ambição comum”.

VIDEO | APRESENTAÇÃO DO MOVIMENTO FÁTIMA A CONCELHO:

Mas coube a Filipe Pereira, presidente do Movimento, fazer a intervenção de fundo e apresentar a razão de ser do novo movimento cuja ideia “surgiu de forma natural, na sequência de várias entrevistas que têm sido dadas em meios locais, por parte de diversas personalidades influentes na região”.

“Não ficámos indiferentes às palavras que lemos, o que nos deu força para avançar com esta iniciativa e partilhar hoje aqui a ambição de que Fátima merece ser elevada a concelho”, realçou.

O sentimento expresso, não só agora como nos últimos anos, é comum a cada elemento integrante deste grupo de jovens fatimenses, os quais tenho a honra de presidir.

Apresentam-se como “comissão ‘pró-concelho’ de Fátima, apartidária e abrangente à sociedade fatimense”. Assumem “com orgulho a iniciativa”, e dizem estar “decididos a arregaçar as mangas e retomar com dedicação a luta pelo futuro da freguesia, no sentido de continuar a elevar Fátima em Portugal e no mundo”.

Garantem que o único propósito do grupo é “melhorar a condição social, económica e cultural dos fatimenses, potenciando a cidade para o nível que todos merecem”.

“Chegou a hora de retomar o processo e promover o diálogo pela elevação de Fátima a concelho, que consideramos ser uma ambição justa de todos os fatimenses. A janela de oportunidade foi aberta pelo próprio Governo, que inscreveu na sua agenda política a questão da Descentralização e Regionalização para 2024”, realçou Filipe Pereira.

Em nome do grupo, ressalva que o revitalizar a ambição não significa estarem contra as populações das restantes freguesias vizinhas. Mas sim “retomar este dossier e provar que Fátima, para além das vertentes técnica e jurídica, dada a sua realidade nacional e internacional, carece de uma gestão e administração próprias, com vista à afirmação e desenvolvimento local”.

Consciente das dificuldades, o Movimento Fátima já traçou os próximos passos que passam pela compilação e atualização dos dados de contexto sobre a sua história, população, dinâmicas comerciais e empresariais, associativas, culturais, escolares e capacidade empreendedora de Fátima.

Também “as necessidades e o potencial para o desenvolvimento de infraestruturas locais: obras públicas, acessibilidades e parques industriais, espaços de lazer ou ambientais, centro desportivo de âmbito nacional e um polo de ensino superior” são aspetos que prometem analisar.

Apontam ainda o “repensar e refletir Fátima para as próximas décadas, analisar o Plano Diretor Municipal e o Plano Urbanístico de Fátima”, defendendo um ordenamento de território “mais equilibrado, justo e moderno”.

Lembram que Fátima, “enquanto freguesia e cidade com um dos maiores Santuários Marianos do mundo, e consequente parque hoteleiro e comércio próprio, precisa de uma governação mais próxima e com capacidade de permanente e rápida atuação para resolver as questões emergentes da sua população fixa, mas também para os milhões de turistas que visitam anualmente”.

O movimento assume que a criação do concelho de Fátima “seria claramente benéfica não só para Fátima mas também para o resto do concelho, em termos de contrapartidas financeiras diretas provenientes do Governo”. Além disso, acabava-se com o estigma existente no atual concelho de que “o dinheiro vai todo para Fátima”.

Conferência de imprensa de apresentação do Movimento Fátima. Foto: mediotejo.net

Com a criação do novo concelho, “Ourém pode continuar a apoiar e dedicar-se, ainda mais, às necessidades das suas freguesias no interior do concelho”, argumentam.

Para os próximos meses, além da abertura de uma sede, o grupo irá “agendar várias reuniões estratégicas e promover encontros informais, proporcionando assim espaços de discussão e debates pelas diversas localidades da freguesia, órgãos autárquicos locais e concelhios, instituições civis e religiosas, escolas, associações e entidades empresariais”. “Queremos apresentar-nos cara a cara com quem vive Fátima, de forma a sentir o pulso dos fatimenses”, anunciam.

O apelo final foi dirigido “a todos os fatimenses que partilham deste sonho e que se reveem nesta missão”, para que se juntem ao movimento.

“Pela vila de Fátima em que os nossos antepassados nasceram. Pela cidade de Fátima onde hoje vivemos. E pelo concelho de Fátima onde sonhamos que os nossos filhos e netos cresçam e sejam felizes”, concluiu Filipe Pereira.

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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