A construção da Central Fotovoltaica no Pinhal do Rei foi um dos temas a que os deputados municipais se dedicaram na última reunião da Assembleia Municipal de Ourém. As críticas da oposição e uma petição pública levaram o presidente da Câmara a prestar esclarecimentos sobre o projeto de instalação da central, que irá ocupar uma área de cerca de 9 hectares e implicar um investimento de 4.8 ME.
João Pereira, deputado da bancada do MOVE começou por dar conta de um “descontentamento” relativo ao projeto que, segundo o grupo municipal, coloca em causa o património. “ É um projeto que (…) põe em causa um património que será vetado a uma exploração que em nada tem a ver com os princípios, com aquilo que é a história do local e a uma mancha verde que poderia ser, de outra forma, colocada ao serviço dos ourienses”, afirmou o membro do MOVE.
João Pereira terminou a sua intervenção reiterando que o grupo partidário não é “contra este tipo de investimentos”, porém considera que existem locais “mais apropriados” para os implementar.
Também a bancada do CDS aproveitou a ocasião para solicitar esclarecimentos sobre o projeto previsto para a instalação dos painéis fotovoltaicos e sobre os “benefícios para a população em geral do concelho”, questionou Paulo Sá.
“Ao contrário do que se poderia pensar, a central fotovoltaica não ficará instalada em locais que tenham impacto visual, nomeadamente para quem está no concelho, porque ela ficará virado para sul, para o lado do Carregal”, começou por esclarecer Luís Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Ourém.
O autarca deu conta de que, segundo o projeto que lhe havia sido apresentado, a instalação da central não vai impactar visualmente a visa do Castelo de Ourém, nem de quem circula na Estrada Nacional 349.
Já quanto às características do investimento, o autarca disse que as previsões do projeto apontam para uma produção de 5 megawatts de energia, ocupando uma área de cerca de 9 hectares e um investimento de 4,8 milhões de euros. A central “irá servir cerca de oito mil pessoas e irá evitar cerca de 4 mil toneladas de CO2 por ano”, acrescentou.

“Estamos a falar de um investimento de energia limpa, energia que hoje é muito aconselhada e que está obviamente em cima da mesa e, portanto, parece-me a mim que não será um investimento desproporcionado para o nosso concelho, antes pelo contrário, tendo em conta a amplitude e o impacto que esta mesma central irá ter no concelho”, concluiu Luís Albuquerque.
Petição para impedir a destruição do Pinhal do Rei ultrapassa as duas centenas de assinaturas
“Sim ao parque da cidade de Ourém no Pinhal do Rei” é o nome da petição que circula online e que procura impedir a destruição deste espaço verde para a instalação da central fotovoltaica. À data de hoje, a petição já ultrapassou as duas centenas de assinaturas.
De acordo com os peticionários, procura-se preservar um local “atualmente integrado no Património da Casa de Bragança, uma área florestal que constitui parte integrante e relevante do património histórico e ambiental do concelho e cujos limites ou estremas estão assinalados por marcos de pedra centenários”.
O documento refere que vai ser instalada uma central fotovoltaica, “projeto que compromete a salvaguarda dos valores ambientais do concelho, não beneficia em absolutamente nada o povo de Ourém e colide, frontalmente, com a vocação e função social da mesma Fundação Casa de Bragança”.

A petição apela ainda à intervenção da autarquia para que esta realize um trabalho de gestão do território em causa, que considera ser amplo e disponível para a instalação de trilhos, roteiros, ciclovias, espaços de cultura e convívio e os demais equipamentos adequados, incluindo um moderno centro interpretativo.
“Porque a Câmara Municipal de Ourém deve promover medidas estratégicas de sustentabilidade, de que a proteção ambiental é o primeiro dos requisitos, e porque a proteção do Pinhal do Rei justifica-se largamente pela sua importância”, os subscritores desta petição pública requerem uma “imediata rejeição e reversão municipal daquele projeto fotovoltaico”, a “urgente reflorestação” do local e a criação de condições “objetivas para a instalação no Pinhal do Rei de um parque da Cidade de Ourém”.