Na edição de 2019 do mais conceituado guia gastronómico não há estrelas no Médio Tejo, mas o restaurante O Malho, em Alcanena, recebe pelo segundo ano consecutivo um “Bib Gourmand”, uma distinção para “refeições extraordinárias” em locais onde o preço médio não ultrapasse os 30 euros. Outros seis restaurantes da região, em Abrantes, Fátima e Sertã, merecem um “Prato Michelin” pela sua cozinha de qualidade. Já os conhece?

O Guia Michelin foi criado em 1900 com o intuito de reunir restaurantes e hotéis num roteiro que pudesse cativar as pessoas a comprarem carros para viajar e, assim, fazer crescer o negócio de pneus do industrial francês André Michelin.

As distinções do Guia vermelho têm três categorias: uma estrela (cozinha de grande finura, compensa parar), duas estrelas (cozinha excepcional, vale a pena o desvio) e três estrelas (cozinha única, justifica a viagem). Com o passar dos anos, o guia ganhou tanta credibilidade que passou a ser a referência para os restaurantes franceses e, mais tarde, em todo o mundo.

O Guia Michelin, criado em 1900 para promover a marca francesa de pneus, mantém as três categorias originais: uma estrela (cozinha de grande finura, compensa parar), duas estrelas (cozinha excepcional, vale a pena o desvio), e três estrelas (cozinha única, justifica a viagem). 

Todos os anos, milhares de inspectores independentes avaliam os restaurantes de cada país para ver se cumprem os critérios para receber uma estrela Michelin, hoje equiparadas a um Óscar da gastronomia. Se conseguir uma estrela é difícil, obter a segunda é algo reservado a muito poucos chefs, e a atribuição da terceira estrela fica reservada a “deuses” (em Portugal nenhum chef a conquistou).

A cerimónia de entrega dos prestigiados prémios decorreu este ano em Lisboa. Foto: DR

Para um restaurante, a conquista de uma estrela coloca-o definitivamente no mapa da gastronomia mundial. Mas como o prémio é revisto anualmente, os galardoados ficam numa posição de grande responsabilidade: a perda da distinção também pode significar a ruína.

Como as distinções são revistas anualmente, os chefs galardoados ficam numa posição de grande responsabilidade: a perda de uma estrela também pode significar a ruína.

Na região já existiram restaurantes com uma estrela, nos anos 90, mas essa classificação foi retirada depois de uma revisão (muito contestada) dos inspectores do Michelin, que passaram a não considerar como candidatos os restaurantes de cozinha tradicional, valorizando apenas a chamada “cozinha de autor”. O Tia Alice, em Fátima, por exemplo, teve uma estrela Michelin durante três anos.

Em alternativa, o Guia Vermelho passou a atribuir a classificação Bib Gourmand a restaurantes que servem refeições de qualidade por um preço moderado (inspirando-se na figura do Bibendum, a mascote da marca, feita de pneus). Nalguns países, como a Alemanha, esta é a classificação que mais interessa ao público.

Fazer uma refeição num restaurante com estrelas Michelin é uma experiência única mas também rara, pelo preço que implica e pela dificuldade em conseguir uma reserva. Alguns restaurantes chegam a ter listas de espera superiores a um ano… Comer num Bib Gourmand pode ser um programa de fim de semana: acessível e com qualidade garantida.

O limite atualmente estabelecido para Portugal é de 30 euros (35€ para Espanha), mas muitos gastrónomos consideram este valor baixo para o nível exigido pela Michelin. Em Portugal, só 36 restaurantes recebem esta distinção no guia de 2019.

Na região do Médio Tejo, apenas O Malho, na localidade de Malhou, em Alcanena, cumpriu os requisitos para obter essa classificação, pelo segundo ano consecutivo. O restaurante da família Frazão já soma uma década de presença no Guia Vermelho, pela sua cozinha de excelência.

No Guia de 2019 surgem referenciados 167 restaurantes em Portugal, dos quais 26 têm estrelas Michelin, 36 classificam-se como Bib Gourmand e 105 são distinguidos com o Prato Michelin (cozinha de qualidade). Há ainda referência a 165 hotéis e turismos rurais.

Para além da comida, o próprio espaço do restaurante ‘O Malho’ é motivo de interesse, com uma decoração rústica elegante e concretizada com bom gosto Foto: mediotejo.net

Restaurantes da região do Médio Tejo recomendados no Guia Michelin 2019

Bib Gourmand Cozinha Excelente, com um preço médio até 30€

O MALHO, Alcanena

Nota do Guia Michelin Casa familiar construída com arquitectura típica da região do Ribatejo. Salas, com uma decoração clássica mas com detalhes regionais, sugere uma cozinha tradicional especializada em peixe. Por encomenda oferecem muitos mais pratos dos que têm na carta! Bom Nível. Preço da refeição: 20/30€.”

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Prato Michelin Cozinha de qualidade

SANTA ISABEL, Abrantes

Nota do Guia Michelin “Inserido numa casa de habitação. Com salas rústicas, espalhadas por dois pisos de moradias, apresenta uma cozinha apurada regional. Deixe-se aconselhar! Nível Simples. Preço da refeição: 30/50€”

CASCATA, Abrantes

Nota do Guia Michelin “Apresenta uma cafeteria actual no andar inferior, uma sala de refeições clássica no andar superior e um espaço para os banquetes. Cozinha regional e de corte caseiro, com especialidades. Nível simples. Preço da refeição: 20/32€”

TIA ALICE, Fátima

Nota do Guia Michelin “Casa familiar situada no centro histórico. Disponibiliza três salas, com um ambiente rústico e uma decoração moderna, circunscrita pelas paredes em pedra e onde os tons de branco dominam o espaço. Cozinha tradicional. Bom nível. Preço da refeição: 28/40€”

O CONVITE, Fátima

Nota do Guia Michelin “O restaurante dispõe de uma entrada própria, um acesso a partir do hall do hotel e uma sala de jantar confortável de estilo actual. Menu tradicional com algumas sugestões diárias. Óptimo nível. Preço da refeição: 20/45€”

PONTE VELHA, Sertã

Nota do Guia Michelin “Independente do hotel! Com uma sala de grande dimensão circular panorâmica, com magnifica vista, apresenta uma carta regional com grande diversidade de carnes grelhadas. Nível simples. Preço da refeição: 22/35€”

SANTO AMARO, Sertã

Nota do Guia Michelin “Sobressai desde o exterior com uma sala panorâmica com vista, de desenho moderno, onde está o snack-bar. Sala de jantar sóbria e de estilo clássico, oferece uma cozinha de inspiração regional. Nível simples. Preço da refeição: 25/36€.”

Patrícia Fonseca

Sou diretora do jornal mediotejo.net e da revista Ponto, e diretora editorial da Médio Tejo Edições / Origami Livros. Sou jornalista profissional desde 1995 e tenho a felicidade de ter corrido mundo a fazer o que mais gosto, testemunhando momentos cruciais da história mundial. Fui grande-repórter da revista Visão e algumas da reportagens que escrevi foram premiadas a nível nacional e internacional. Mas a maior recompensa desta profissão será sempre a promessa contida em cada texto: a possibilidade de questionar, inquietar, surpreender, emocionar e, quem sabe, fazer a diferença. Cresci no Tramagal, terra onde aprendi as primeiras letras e os valores da fraternidade e da liberdade. Mantenho-me apaixonada pelo processo de descoberta, investigação e escrita de uma boa história. Gosto de plantar árvores e flores, sou mãe a dobrar e escrevi quatro livros.

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1 Comentário

  1. Enalteço o ” percurso” da jornalista Patrícia Fonseca e desejo-lhe Felicidades no desempenho da sua actividade profissional . Votos de Feliz Natal a todos os habitantes do ” Médio Tejo ” .

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