Orquestra Sinfónica de Thomar no concerto de homenagem a Lopes Graça. Foto: mediotejo.net

Não é todos os dias, nem todos os anos, que se comemoram 115 anos. Foi precisamente essa efeméride, relativa ao nascimento de Fernando Lopes-Graça, compositor, maestro, pianista e musicólogo tomarense, que se celebrou este mês em Tomar. A primeira iniciativa dentro das celebrações de três dias decorreu no dia 17 de dezembro, no Cine-Teatro Paraíso, com o concerto “Inspirações”, da Orquestra Sinfónica de Thomar, o qual o mediotejo.net acompanhou e registou para a posteridade.

Todos aqueles que se deslocaram ao Cine-Teatro Paraíso tiveram a oportunidade de ser levados numa viagem musical conduzida pela batuta de Simão Francisco, jovem maestro tomarense, norteados pelas composições de Nelson Jesus, Joseph Haydn e, como não poderia deixar de ser, do próprio Fernando Lopes-Graça.

Durante esta “jornada” cultural, o público contou com o enriquecimento dos comentários de Nelson Jesus bem como de António Corvelo de Sousa, docente, investigador, maestro da Canto Firme e musicólogo, “um dos últimos amigos” de Lopes-Graça.

O concerto da Orquestra Sinfónica de Thomar assinalou os 115 anos do nascimento de Lopes-Graça. Foto: mediotejo.net

Ao mediotejo.net, António Sousa diz que “normalmente os compositores vivem das suas próprias efemérides, e 115 anos é uma conta de anos interessante para invocar e comemorar Lopes-Graça e o seu nascimento”. A ideia básica do programa comemorativo, do qual foi responsável, foi juntar esforços e sinergias da Canto-Firme e da Orquestra Sinfónica.

“Digamos que são três manifestações musicais à volta de Lopes-Graça” que, em termos de história da música “talvez seja o maior compositor do século XX”, diz António Sousa que crê não estar longe da verdade quando diz que em termos culturais, Lopes-Graça é uma das figuras incontornáveis do século XX.

“No fundo é uma homenagem baseada na sua música, que é o mais importante, ou seja, como dizia Camões, Lopes-Graça é daquelas pessoas que se vai da lei da morte libertando, ou seja, foi-se embora mas a música dele fica. E lembrar Lopes-Graça é essencialmente tocar a música dele”, considera António Sousa.

Os maestros Simão Francisco e António Corvelo de Sousa. Foto: mediotejo.net

Para Simão Francisco, responsável por orientar a orquestra durante todo o espetáculo, o concerto foi “extremamente positivo”, realçando que é bom quando os portugueses dão importância ao que é seu, ainda para mais sendo Lopes-Graça “uma figura incontornável do panorama musical português, principalmente do século XX”.

“Hoje foi para nós obviamente um orgulho subirmos a palco e trazermos Lopes-Graça até à sua cidade-natal e portanto foi um prazer para nós reviver e lutar pela memória e legado de Lopes-Graça”, disse o maestro, também ele tomarense. 

A execução do programa musical do concerto – composto por Me Mère, Op.30 (Nelson Jesus), Menuet da Sinfonia nº100 (Joseph Haydn) e Sinfonieta, Homenagem a Haydn (Fernando Lopes-Graça) – ficou a cargo dos músicos André Cameira e Mariana Frias (flauta transversal), Inês Santos e Sara Dias (oboé), Tiago Rosa e Diogo Silva (fagote), Daniel Frazão e André Vieira (clarinetes), Bruno Cruz e Sebastião Reis (trompas), Cláudio Pinheiro e Carolina Alves (trompetes), Pedro Fonseca (tímpanos), Mafalda Rodrigues, Ana Isabel Pires, Alfeu Carneiro, Daniel Miguéis, Fernando Sá e Frederico Lourenço (violinos I), Francisco Ramos, João Pedro Souza, Maria Gomes, Ângela Alves, João Araújo, Rodrigo Reis e Raquel Machado (violinos II), Bruno Silva, Patrícia Trabuco, João Paulo Gaspar e Gonçalo Ruivo (violas), Catarina Távora, Nuno Cardoso, Ana Carolina Rodrigues e Rogério Peixinho (violoncelos), Samuel Pedro e Guilherme Reis (contrabaixo).

A Orquestra Sinfónica de Thomar despediu-se do concerto entre os aplausos do público. Foto: mediotejo.net

Além deste concerto à volta de Lopes-Graça, a programação contou com o lançamento do livro da autoria do próprio António Sousa “O meio musical de Lopes-Graça – 1, Memórias musicais de Tomar – 1900–1931”, sobre a juventude de Fernando Lopes-Graça, bem como um concerto coral por parte do Coro Canto Firme.

Rafael Ascensão

Licenciado em Ciências da Comunicação e mestre em Jornalismo. Natural de Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha, mas com raízes e ligações beirãs, adora a escrita e o jornalismo.

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