Antes das eleições anda tudo atrás deles.
Antes das eleições jura-se que o povo tem a sua sabedoria e vai fazer isto e aquilo.
Antes das eleições proclama-se que os eleitores sabem bem quem somos e ao que vimos e vão votar em conformidade.
Depois das eleições isto fica cheio de lamentos.
Que o povo é estúpido. Masoquista.
Que o povo se deixou enganar.
Que o povo não percebe nada disto.
Que os eleitores são uns mentirosos que nos juraram na campanha que iam votar em nós.
Que os eleitores são uns ingratos e não reconhecem quem lhe quer bem.
São os eleitores uma treta?
Serão. Mas uma treta maior são os que no “day after” juram que o povo e os eleitores são uma treta e que não merecem e que etc.
O problema está em saber porque é que os eleitores votam como votam.
O problema está em saber como é que o povo e os eleitores têm da vida política a percepção que têm e que os leva a votar assim e assim.
O problema está em saber como se constrói a percepção que inspira os eleitores.
E reconhecer que essa percepção também é construída pelos protagonistas políticos que atuam no terreno: os partidos, os dirigentes, o líder.
E qual é a matéria com que cada partido ou líder quer influenciar essa percepção. E da sua capacidade de a influenciar. Que bandeiras agitam, como as divulgam, qual a sua credibilidade quando delas falam, a sua capacidade de persuasão, o modo como atuam no espaço público.
Atribuir a “culpa” da bondade ou da maldade (relativas) das decisões eleitorais aos eleitores é uma estupidez. Anti-democrática.
Aos lamentadores da estupidez dos eleitores ainda os verei pedir que só os inteligentes votem. Que só os esclarecidos votem. Que só os doutores e engenheiros votem. E, depois, quando os doutores e engenheiros votarem estupidamente, pedir que só os que pensam como eu possam votar e que como isso não será necessário que só eu vote que sempre fica mais barato.
Todavia talvez o melhor seja mesmo um qb de humildade democrática e pensar que se não votaram em mim ou no meu partido terá sido porque o meu partido não foi capaz de convencer os eleitores da bondade das minhas bandeiras.
Bem sei: é muito mais simpático pensar que os outros é que são parvos.
Li o comentário de Nelson de carvalho, e posso dizer que a exposição no formulário de opiniões que ele transcreve, deveriam ser pensadas por certas pessoas que se consideram o super sumo da inteligência Nacional. Mas, o mais interessante, são as suas conclusões. Posso dizer que gostei.