Um projeto editorial para o Médio Tejo constitui o corolário de uma ambição
nunca antes conseguida. Proporcionar imprensa de qualidade a 250 mil
pessoas, num território que tem muito de interior deprimido e assimétrico
face ao litoral e aos grandes centros, com elevados níveis de
envelhecimento, de dependência e de menor pujança da atividade económica, é
um exercício arrojado, só possível porque a tenacidade e a resiliência de
uns e a colaboração de outros concorrem para que isso seja, para já, uma
viagem que hoje se inicia.
Se o projeto é ambicioso, o momento é o correto. Estamos a sair lentamente
de uma enorme depressão financeira, económica, social e cultural. O
processo vai ser longo e precisamos de estar informados, com rigor, sobre o
que se passa. Precisamos de ter informação isenta, honesta, de elevada
qualidade, liberta do espartilho dos poderes públicos e que vá para além
dos conteúdos dos boletins municipais e demais órgãos que se deixam vender
a troco da necessária publicidade que silencia vozes, no fundo apenas
servindo, uns e outros, como armas de propaganda dos regimes neo-feudais
onde alguns vivem mergulhados, na ânsia de se auto-perpetuarem no poder.
Desejo que este novo projeto consiga trilhar o seu caminho baseado na
elevada qualidade editorial, sem se deixar vergar, sem nunca se alienar a
nenhum poder político, religioso ou corporativo. Isso torna a tarefa de
viabilizar um projeto desta dimensão numa missão ainda mais espinhosa. Sobra a
economia, os ditos mercados como agora é moda dizer-se. Depender dos
poderes públicos é claudicar e acabar na dependência, desvirtuando o que
pode ser um bom projeto editorial. Espero que saibam e consigam resistir.
Hoje somos todos convocados para sermos mais exigentes. O mundo
interpela-nos para sermos mais fiscalizadores da atividade dos eleitos e
mais implacáveis na hora de ajuizar boas e más decisões. Para sermos mais
solidários nos momentos de ajudar os outros. Para sermos mais ecuménicos,
em sentido lato, e até mais inclusivos e tolerantes, sem querermos perder
unidade, identidade e o pedaço de paz que sempre conhecemos, neste canto da
Europa, neste pedaço do Mundo que tanto ajudou a descobrir novos mundos ao
Mundo.
Terminou o tempo dos mamarrachos, dos elefantes brancos com que os autarcas
do final do milénio passado e primeiros anos deste milénio quiseram ficar
perpetuados na história, usando fundos comunitários com pouco critério e
quase sempre sem estudos de viabilidade e sustentabilidade. Uns acabaram
por hipotecar as oportunidades de, agora, ser possível, dar resposta a
investimentos tangíveis e intangíveis necessários e urgentes. Outros saíram
pela porta pequena depois de se terem julgado grandes. Outros ainda por aí
andam na expetativa de uma ressurreição após absolvição.
Por fim uma palavra para a equipa. Sendo o projeto ambicioso e o momento o
correto, a equipa é de primeira linha. Tem provas dadas. Tem crédito no
mercado. Tem coragem reconhecida.
Nesta primeira crónica, em pleno período de campanha eleitoral para
escolhermos um novo governo, considero não dever entrar por esse campo.
Apelo apenas para que votem, para que participem, para que não sejam meros
agentes passivos que se queixam e lamentam ao mesmo tempo que renunciam ao
poder de escolher. Votar é essencial. Preenche a nossa cidadania. Não
abdiquemos desse poder.