Edgar Morin, creio que em “As grandes questões do Nosso Tempo”, mostra-nos como funciona a ideologia.
Outros distinguem o que pode chamar-se “ideologia dura” de “ideologia frágil”.
O que nos diz Morin?
Basicamente uma ideologia “dura” funciona como um sistema imunológico.
O nosso organismo tem um sistema e defesa. O sistema imunológico.
Quando há alguma “agressão” externa o sistema responde mobilizando “tropas” para o ponto da agressão e procurando eliminar o agente agressor.
É assim com as tais ideologias duras. Trata-se de um organismo de crenças estruturadas de modo rígido. Quando alguma crença ou argumento ou convicção externa chega à pele da ideologia ela mobiliza todas as defesas, concentra-as naquele ponto e procura eliminar o agressor.
Não há hipótese de abertura, ponderação, diálogo, peso dos argumentos em jogo: há rejeição imediata, resposta brutal de eliminação: tipo guerra relâmpago.
A “verdade” da ideologia precisa de eliminar a “mentira” do outro, E o outro é agressor, traidor, inimigo. A lógica é a da trincheira. Este é o meu lado. Lá fora é território hostil. Tudo o que vem e fora é para eliminar.
Assim funcionou a Inquisição.
Assim funcionou o comunismo.
Assim funcionou o nazismo.
Assim funciona o fundamentalismo religioso.
As ideologia ou o “pensamento frágil” de que fala Vattimo, por exemplo, é uma ideologioa ou pensamento aberto. Tem crenças e convicções mas não as entende como “a verdade” e quando de fora lhe chega algo contraditório, como nos avisa a CP, “pára, escuta e olha”; pondera, analisa, avalia, e pode ate reformular as suas próprias crenças e convicções em função dessa interação com o exterior.
Após a queda do muro assistimos à “morte” das “ideologias duras” e à ascenção o “pensamento débil”: ao triunfo da interatividade, do dialogico, da abertura, da rede. Mas o que é preocupante é que hoje assistimos a uma nova emergência das ideologias que a queda do muro parecia ter enterrado. Ideologias duras como as do fanatismo dos fundamentalistas islâmicos, do ISIS e outros.
Na Europa e no Ocidente é o neo-liberalismo que endurece as suas fronteiras, age cegamente, ataca tudo o que seja outro modo de pensar, procura eliminá-lo. Conseguiu-o nas Universidades onde o pensamento se constrói. Conseguiu-o nas corredores doa bancos, instituições financeiras, corredores do poder, salões dos estados maiores de onde sai a mensagem do pensamento único: “não há alternativa”. Nem pensem!
O neo-liberalismo está morto. No estertor da sua morte impõe-nos e sofremos e sofreremos os seus sucedâneos. Como desemprego, empobrecimento, exclusão, desigualde, concentração brutal da riqueza, eliminação da democracia tornada inconveniente pelos mercados.
Um dos seus porta vozes falou ontem. E foi claro na sua mensagem: a mensagem da trincheira, do inimigo, da exclusão, da guerra ideológica sem barreiras e sem quartel e sem limites.
Ah! Como os tanques do sistema imunológico despoletou uma violenta carga de cavalaria contra a espinha dorsal do inimigo: o PS e o seu ponto crítico – o Grupo Parlamentar. A ver se parte.
Veremos os episódios seguintes.