“Quando vires as barbas do teu vizinho a arder põe as tuas de molho”, diz um velho ditado. E se nos últimos dias têm sido notícia as altas temperaturas em Itália, Grécia e Turquia, e os fogos devastadores que estão a assolar aquela região, as previsões meteorológicas europeias indicam que Portugal e Espanha irão ficar sobre a influência de uma onda de calor semelhante, proveniente do Norte de África, em meados de agosto.
Os dados do Centro Europeu de Previsão a Médio Prazo (ECMWF), que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) utiliza nas suas previsões alargadas, dão conta de uma subida de quase 20ºC a partir da próxima semana, contrastando com a situação dos últimos 15 dias, em que os valores da temperatura máxima estiveram abaixo da média para a época do ano, tendo mesmo chegado a chover no dia 1 de agosto em vários pontos do país.
A Grécia registou esta semana recordes absolutos de temperatura (47ºC em Atenas) e o mesmo poderá suceder em Portugal. Os valores mais altos de sempre aconteceram durante ondas de calor semelhantes: em 2003, a estação meteorológica da Amareleja, no Alentejo, registou 47,4º graus (recorde europeu), e em 2018 os termómetros oficiais marcaram 46,8ºC em Alvega, no concelho de Abrantes.

Uma onda de calor ocorre quando num intervalo de pelo menos seis dias consecutivos a temperatura máxima é superior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência. Em Portugal são de má memória os anos de 2003, 2015, 2017 e 2018, devido aos incêndios que ocorreram durante ondas de calor “anormais” – mas este será o nosso “novo normal”, avisam há muitos os especialistas em alterações climáticas. A tendência é que as ondas de calor sejam cada vez mais frequentes e intensas.
Além do risco aumentado de incêndios de grandes proporções, as ondas de calor têm um forte impacto na saúde, sobretudo nos mais velhos. Em 2003, classificado como o pior ano nesta matéria na Europa, morreram cerca de 70 mil pessoas apenas em consequência do calor extremo, segundo dados oficiais da União Europeia.
Cuidados a ter
Ingestão de Líquidos
Mesmo sem sede, beber com regularidade água e sumos naturais, que também fazem a reposição de sais minerais; Incentivar os idosos e as crianças a beberem mais líquidos. Evitar bebidas que aumentam a desidratação, como as bebidas alcoólicas e bebidas gaseificadas, com cafeína, ricas em açúcar ou quentes.
Refeições
Fazer refeições mais ligeiras, com pouca gordura e condimentos, várias vezes ao dia.
Vestuário
Usar roupas leves de algodão e de cores claras (as cores escuras absorvem maior quantidade de calor); evitar fibras sintéticas, porque aumentam a transpiração,
Em casa
Durante o dia, abrir as janelas e manter as persianas fechadas, para haver circulação de ar; de noite, abrir as janelas para que o ar circule e a casa arrefeça; nas horas de maior calor tomar um duche, mas não com água muito fria: o ideal é com água tépida.
Na rua
Proteger a cabeça com chapéu ou lenço; evitar estar em pé durante muito tempo, especialmente em filas e ao sol; ir à praia só nas primeiras horas da manhã ou ao fim do dia, ficando à sombra, com chapéu, óculos escuros e protector solar. Evitar exercício físico e atividades laborais que exijam muito esforço.
Viagens de carro
Optar por viagens nas horas de menos calor; não fechar totalmente as janelas, a não ser que tenha o ar condicionado sempre ligado; redobrar cuidados com bebés, crianças e idosos, mantendo-os arejados e hidratados; no transporte de animais domésticos, dar-lhes água com frequência e não os deixar fechados.
Essa previsão tem 1% de hipóteses de se concretizar…
Em caso de previsões meteorológicas extremas, aconselho consultar as Previsões de Curto e Médio prazo do site https://www.meteopt.com/
É feito sobretudo com o contributo de amadores e de meteorologistas sem colocação profissional efectiva, mas dá um seguimento interessante e uma perspectiva mais alargada e concreta sobre estes fenómenos.
Já li aqui aqui que afinal a onda de calor não vai chegar a Portugal, agora já chega, cada um diz o que quer
Aí, nos conselhos para a casa, durante o dia, não é de fechar as janelas em vez de as abrir?