YouTube video

Na segunda edição da “Ocupação”, um grupo de jovens de Fátima ocupou o piso -1 do antigo Shopping Center da cidade, abandonado depois do encerramento do cinema. Exposições, venda de merchandising, música e debates animaram a tarde de sábado, dia 19. O movimento foi “mais residual”, admitiu a organização, mas ainda assim as presenças da atriz Inês de Medeiros e do artista Manuel Vieira promoveram o debate, que abarcou temas como a educação, a cultura e a arte em Portugal.

Numa rápida entrevista ao mediotejo.net depois da sua intervenção, Inês de Medeiros confessou-se admirada com a “Ocupação”. “Acho muito saudável, estimulante”, referiu, “não tinha ideia nenhuma do que vinha encontrar”, comentando entre risos que esperava que não fosse nada ilegal. “É uma maneira criativa, fala-se muito de cidadania”, continuou. “A cidadania não são só os gestos solidários, é também a criação de espaços de correção para nos projetarmos no futuro como aqui a Ocupação procura fazer”.

IMG_0945
Inês de Medeiros defendeu que a Cultura não deve estar sempre à espera dos apoios do Estado

Durante a sua intervenção, Inês de Medeiros recordou a educação em França e a posterior continuação dos estudos em Portugal, lembrando que há 30 anos os estudantes universitários pareciam ter muito receio de questionar os professores. “Os jovens muitas vezes continuam a ser acanhados demais”, comentou ao mediotejo.net quando interpelada sobre o mesmo tema nos dias de hoje.

A intervenção seguinte foi a do música e pintor Manuel Vieira que, num registo sarcástico, debateu o tema “A Arte pode ser Cocó”. “Se nós não temos uma Arte baseada nas nossas raízes, nós vamos ter uma arte que vai ser sempre uma merda”, referiu para o público (maioritariamente de jovens) presente. “A arte tem que absorver aquilo que há de mais interessante e importante (…) dos grandes centros difusores de cultura, mas tem que vir de algum lado”, destacou, frisando a importância da originalidade individual.

IMG_0990
Com Manuel Vieira debateu-se o que é afinal Arte

À entrada da Ocupação, quando se perguntava o preço do bilhete, alguém respondia “O que achar que a Ocupação merece”. O mediotejo.net perguntou na tarde de sábado quanto o público estava a oferecer, ao que responderam que as doações variavam, desde montantes simbólicos a valores mais elevados. A organização mostrou-se posteriormente satisfeita por ter “conseguido cumprir o programa”, num balanço positivo e sem “expectativas”.

Cláudia Gameiro, 32 anos, há nove a tentar entender o mundo com o olhar de jornalista. Navegando entre dois distritos, sempre com Fátima no horizonte, à descoberta de novos lugares. Não lhe peçam que fale, desenrasca-se melhor na escrita

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *