“Esta obra estava prevista decorrer numa lógica de remoção do amianto numa fase em que não havia escola e, depois, numa fase posterior, podendo já haver aulas, iam fazendo alguns acabamentos”, disse ao mediotejo.net o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, tendo indicado que tal acabou por não acontecer, por uma “disfuncionalidade da obra”.
A empreitada, um investimento na ordem de um milhão de euros e com um prazo de execução de 180 dias (seis meses) teve início no dia 18 de julho de 2023 e, quando se constatou que não seria possível o ano letivo arrancar naquele equipamento educativo a 14 de setembro, por via das obras em curso, a autarquia e a direção do Agrupamento de Escolas foram à procura de espaços alternativos para os cerca de 100 alunos e classe docente e discente iniciarem as aulas.
VIDEO/REPORTAGEM/OBRAS NA ESCOLA DE TRAMAGAL
“Houve ali uma disfuncionalidade da obra e, a seu tempo, conseguimos, em entreajuda com a ARTRAM (Associação de Reformados de Tramagal) e com outras instituições, como a escola e a junta de freguesia, encontrar aqui uma solução para recolocação da escola no primeiro período [letivo] em espaços que se tornaram importantes como solução para podermos fazer esta grande intervenção” de requalificação, disse o autarca, relativamente a uma escola que foi perdendo gradualmente condições físicas mas também capacidade de atração de alunos.
“Após 40 anos de falta de intervenção, acho que vamos conseguir colocar a escola, do ponto de vista das infraestruturas, com as exigências dos dias de hoje e reforçar o posicionamento da escola de Tramagal” no contexto educativo concelhio, disse Valamatos, tendo feito notar que Abrantes conseguiu “inverter nos últimos dois anos um ciclo de duas décadas” de perda de alunos.

Com previsão que as obras na Escola Básica e Secundária Octávio Duarte Ferreira fiquem concluídas até ao final de dezembro, os alunos do 5º ano iniciaram hoje as atividades letivas numa sala da Escola Básica de Tramagal, os alunos de 6º ao 9º ano nas instalações da ARTRAM- Associação de Reformados do Tramagal, e uma turma de 12º ano do ensino profissional vai ter aulas de Português numa sala anexa à Junta de Freguesia.
Para o presidente da Junta de Freguesia de Tramagal, António José Carvalho, a deslocalização dos alunos “é um mal menor até final do ano”, em “espaços adaptados e com todas as condições”, tendo destacado uma obra “muito ansiada” e que se configura como “um sinal de esperança no futuro da comunidade escolar e da comunidade local”.



A diretora do Agrupamento de Escolas (AE) nº2 de Abrantes, Isabel Alves, disse, por sua vez, que “o arranque das aulas vai ser um pouco ‘sui generis’ mas por bons motivos”, declarações proferidas na quarta-feira, à margem da apresentação do funcionamento da escola aos pais e encarregados de educação, que lotaram o auditório da Junta de Freguesia de Tramagal.
“Esta é uma obra que se impunha há muitos anos e que ando a pedir desde 2005-2006, e era mesmo urgente dar condições aos alunos”, vincou Isabel Alves, tendo assegurado que, nesta fase transitória, “estão garantidas todas as condições para que os alunos possam ter o mesmo ensino de qualidade que sempre tiveram, e com todas as atividades inerentes ao ano letivo”.




A responsável registou este ano letivo um “acréscimo de 6% no número global de alunos” no AE, sendo agora de 1.890, com a escola de Tramagal “em contraciclo” tendo afirmado que, “com a conclusão das obras e com uma escola de primeira, Tramagal vai conquistar novos alunos”.
A empreitada de requalificação e modernização da Escola Secundária de Tramagal prevê a requalificação de 11 salas de aula, 16 salas de atividades, três laboratórios, um auditório, uma sala de professores, a biblioteca, copa, duas cozinhas e dois refeitórios.

Em comunicado, o município de Abrantes refere ainda que a intervenção na escola prevê “trabalhos nos quatro blocos” do estabelecimento, estruturas que apresentam, na generalidade, “sinais de degradação física e diversas anomalias construtivas ao nível das platibandas, pavimentos, caixilharias e pinturas, bem como as coberturas com fibras de amianto, infraestruturas degradadas, desadequadas, insuficientes e inexistentes”.
A empreitada prevê ainda resposta às atuais “condições de acessibilidade insuficientes e adequadas para pessoas com mobilidade condicionada”, e que “obrigam a trabalhos de reabilitação de modo a melhorar os níveis de qualidade, conforto e segurança para os seus utilizadores”.




A Escola Básica e Secundária Octávio Duarte Ferreira, que já teve quase 600 alunos e hoje tem menos de 100, pertence ao Agrupamento de Escolas Nº 2 de Abrantes e tem, atualmente, além do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, o ensino secundário, com oferta formativa de cursos profissionais que possibilitam o prosseguimento de estudos no ensino superior ou em cursos de especialização tecnológica.
c/LUSA
