O “teste do algodão” costuma tirar todas as dúvidas. Para verificar uma determinada limpeza nada como passar com um algodão para confirmar.
Vem isto a propósito da “mentira do século” sobre o Convento do Carmo, em Torres Novas.
A história é longa, intricada e cheia de percalços. Mas quero debruçar-me apenas sobre um aspeto: como é possível apresentar uma candidatura a fundos comunitários para reabilitar o edifício explicitando um determinado fim para o mesmo e espalhar aos sete ventos que o mesmo edifício, depois de recuperado, se destina para outro fim?
Complicado? Passo a explicar: A Câmara de Torres Novas comprou o edifício do Convento do Carmo (antigo Hospital) à Misericórdia. Para tal precisou de um decisão governamental – o decreto-lei 241/2006 – onde é expressamente dito “o município de Torres Novas pretende adquirir o citado edifício para nele instalar os Paços do Concelho”.
Apresentou uma candidatura ao QREN (anterior quadro dos fundos comunitários) para obter financiamento para a recuperação do edifício. Mas nessa candidatura assumia que o edifício se destinava a um “espaço multiuso para o desenvolvimento de diversas atividades sociais, lúdicas e culturais”.
Entretanto, foi divulgando por todo o lado que o Convento do Carmo se destinava a instalar os Paços do Concelho e também uma Loja do Cidadão.
A pergunta impõe-se: é legítimo pedir financiamento para uma obra dizendo que se destina a um objetivo e ao mesmo tempo dizer ao povo que é para outra coisa? Dirão alguns: bom, não é assim tão importante, foi para contornar as normas, assim conseguiram o financiamento…
Isto é o que se chama uma “manigância”, é o contrário do rigor que se exige a quem administra a coisa pública. Só tem um nome: é uma fraude.
E, em política, não vale tudo!
E o “teste do algodão” é, sem dúvida, na hora da verdade, verificar quem assume a responsabilidade e diz a verdade sobre o que se passou. E a hora da verdade tarda em surgir.