Ainda faltam alguns metros para que se atinja o nível pleno de armazenamento de água, mas o cenário deixou em poucos dias de ser de seca, antes de cheias. Foto: Carlos Angelo

A intensa chuva que tem caído nas últimas semanas está a contribuir para uma subida do nível da água na albufeira de Castelo do Bode, deixando de lado o cenário de seca de que se falava até há muito pouco tempo. A reserva de água nas albufeiras portuguesas aumentou para 72% da capacidade total de armazenamento em resultado da forte precipitação que caiu entre segunda-feira e quarta-feira, revelou hoje a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Segundo os dados de monitorização diária disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, o nível das águas no dia 10 de dezembro estava nos 113,22 metros, quando há um mês se situava nos 108,43 metros.

O nível de pleno armazenamento é de 121 metros, a partir do qual se iniciam as descargas, e o nível de máxima cheia é de 122 metros, conforme se pode ver numa régua instalada na zona central da barragem.

Com a atual cota da albufeira, o armazenamento de água ronda os 70.4%, ainda abaixo da média das últimas décadas, que se aproxima dos 80%.

Quanto à exploração hidroelétrica, que foi restringida pelo Governo devido ao quadro de seca que afetava a região, continua condicionada, mas com um ligeiro aumento do caudal turbinado nos últimos dias.

Localizada entre os concelhos de Tomar e Abrantes, a Barragem de Castelo do Bode foi inaugurada em 1951 para produção de energia hidroelétrica e desde os anos 80 abastece de água a região de Lisboa.

Mau tempo | Reserva de água nas barragens aumentou para 72%

A reserva de água nas albufeiras portuguesas aumentou para 72% da capacidade total de armazenamento em resultado da forte precipitação que caiu entre segunda-feira e quarta-feira, revelou hoje a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

“Desde o dia 12 de dezembro, e em resultado da forte precipitação verificada entre dia 12 e 14 de dezembro em Portugal, com os dados disponíveis nesta data, em 71 das 80 albufeiras monitorizadas pela APA-Agência Portuguesa do Ambiente, a reserva de água aumentou cerca de 785 hectómetros cúbicos (hm3), encontrando-se a 72% da capacidade total de armazenamento”, refere aquele organismo, em comunicado.

A APA avança que a recuperação das reservas de água ocorreu em quase todas as bacias hidrográficas a nível nacional, tendo-se registado a maior subida nas bacias do Vouga (+20%), Mondego (+14%), Tejo (+17%), Sotavento (+10%) e Guadiana (7%).

Barragem de Belver/Ortiga. A reserva de água nas barragens aumentou para 72%. Foto: mediotejo.net

Como exemplo, aquele organismo refere que a chuva que caiu entre segunda-feira e quarta-feira permitiu que as cotas da albufeira de Maranhão, em Avis (Portalegre), e Varosa, em Lamego (Viseu) subissem mais de 13,60 metros e 8,29 metros, respetivamente.

A APA destaca também que, desde o início de dezembro, a albufeira de Alqueva recuperou cerca de 350 hm3 e Castelo de Bode, cuja água abastece a área metropolitana de Lisboa (cuja captação é, em média, de cerca de 450 mil metros cúbicos por dia), recuperou cerca de 180 hm3.

A Agência Portuguesa do Ambiente salienta igualmente que neste mês de dezembro ocorreram “vários eventos de precipitação significativos abrangendo também as regiões a Sul, permitindo assim a recuperação de algumas das albufeiras, algumas delas estratégicas, sendo ainda relevante para a quantidade de água no solo que atingiu a saturação, permitindo a infiltração para as águas subterrâneas, cuja recuperação é mais lenta”.

No entanto, a APA frisa que “ainda não existe recuperação nas bacias do Mira (Santa Clara), Sado (Monte da Rocha e Campilhas) e Barlavento algarvio (Bravura).

“Na presente data, das 71 albufeiras monitorizadas pela APA, 18 têm disponibilidades inferiores a 50% do volume total, sendo que dessas, 14 têm disponibilidades inferiores a 40%”, precisa aquele organismo.

Segundo a APA, a situação hidrológica da região do Algarve é neste momento a mais preocupante em termos de disponibilidades, em particular o Barlavento, onde se destacam Bravura e Odelouca, com níveis de recuperação muito reduzidos, em especial a Bravura que registou um armazenamento adicional de apenas 0,3 hm3 desde o início do ano hidrológico, a 01 de outubro.

A APA indica também que, nas regiões mais afetadas pela precipitação intensa, foi necessário realizar, em algumas barragens, descargas controladas “para ganhar encaixe antes de cada um dos eventos que ocorreram em novembro e que ainda estão acontecer em dezembro”.

Estão nesta situação as albufeiras do Alto Lindoso (Lima), da Caniçada (Cávado), da Aguieira e de Fronhas (Mondego), de Castelo do Bode (Zêzere), de Póvoa e Meadas na Ribeira de Nisa (Tejo) e Maranhão na ribeira de Sor (Tejo).

“Com estas medidas de gestão tem sido possível minimizar os efeitos a jusante, permitindo encaixar parte do volume de água afluente. Estas operações são possíveis nos troços regularizados, nas restantes áreas as ações de prevenção em termos de ocupação do território são essenciais para minimizar o efeito das inundações”, de acordo com a APA.

Relativamente às albufeiras com uma reserva hídrica estratégica para a produção de energia, a APA avança que das 15 estruturas abrangidas, apenas o Alto Rabagão, no concelho de Montalegre, não atingiu ainda a cota objetivo definida.

A APA salienta “a rápida recuperação das albufeiras no Lima e na cascata do Cávado, situadas na região do Minho, tendo inclusive sido necessário em meados de novembro rebaixar as cotas de algumas albufeiras para aumentar a capacidade de encaixe”.

Os distritos mais afetados pela chuva intensa que caiu em Portugal continental nos últimos dias foram Lisboa, Setúbal, Santarém, Coimbra e Portalegre.

c/LUSA

José Gaio

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

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