Toma hoje posse o primeiro Primeiro-Ministro da história democrática portuguesa que não venceu eleições. Estamos a romper com uma tradição política, secular, aceite por todos, onde o vencedor é quem lidera. As pessoas questionar-se-ão no futuro sobre a utilidade do seu voto, sobre a previsibilidade de um resultado.

 Em tese, com uma estratégia semelhante à de António Costa, o líder do BE ou do PCP poderiam ser Primeiros-Ministros, mesmo tendo tido apenas 10% dos votos dos portugueses. Isto hoje é só uma tese, mas a oportunidade aproveitada agora pelo Partido Socialista também sempre foi uma tese meramente académica pois nunca ninguém acreditou que alguém tivesse o desplante de a utilizar, mas agora aconteceu. Este novo governo tem legitimidade constitucional, legal, mas não tem legitimidade política nem democrática.

Sabemos hoje que muitas das promessas de campanha do Partido Socialista já caíram, afinal a austeridade não acaba, o PS prepara-se para manter muitos dos cortes que já vinham de trás e até o PCP e o Bloco de Esquerda se conformam com alguma austeridade. Ou seja, a austeridade da esquerda é virtuosa mas a da direita era criminosa.
 
Dir-me-ão que afinal a extrema esquerda não está tão radical como se anunciava e até se revela algo moderada. Parece, mas não é. Os anúncios já feitos de nova despesa sem compensação clara do lado das receitas, só demonstram que o excel de Mário Centeno está manipulado e o cenário macroeconómico do PS não corresponde à realidade. O voluntarismo inicial para convencer a esquerda poderá por em causa os ganhos de credibilidade e sustentabilidade conseguidos por Portugal nos últimos anos.
 
Todas estas medidas e decisões, acordadas com o PCP e BE, não fazem parte de uma estratégia ou visão para o país, pois são apenas uma tática imediatista de conquista do poder. Poder pelo poder, não por Portugal nem pelos portugueses.

Duarte Marques, 39 anos, é natural de Mação. Fez o liceu em Castelo Branco e tirou Relações Internacionais no Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, com especialização em Estratégia Internacional de Empresa. É fellow do German Marshall Fund desde 2013. Trabalhou com Nuno Morais Sarmento no Governo de Durão Barroso ao longo de dois anos. Esteve seis anos em Bruxelas na chefia do gabinete português do PPE no Parlamento Europeu, onde trabalhou com Vasco Graça Moura, José Silva Peneda, João de Deus Pinheiro, Assunção Esteves, Graça Carvalho, Carlos Coelho, Paulo Rangel, entre outros.
Foi Presidente da JSD e deputado na última legislatura, onde desempenhou as funções Vice Coordenador do PSD na Comissão de Educação, Ciência e Cultura e integrou a Comissão de Inquérito ao caso BES, a Comissão de Assuntos Europeus e a Comissão de Negócios Estrangeiros e Cooperação. O Deputado Duarte Marques, eleito nas listas do PSD pelo círculo de Santarém, foi eleito em janeiro de 2016 um dos novos representantes portugueses na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, com sede em Estrasburgo. É ainda membro da Assembleia Municipal de Mação.
Sócio de uma empresa de criatividade e publicidade com sede em Lisboa, é também administrador do Instituto Francisco Sá Carneiro, director Adjunto da Universidade de Verão do PSD, cronista do Expresso online, do Médio Tejo digital e membro do painel permanente do programa Frente a Frente da SIC Notícias.

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