Os últimos meses têm sido vividos na incerteza e na dúvida pela Humanidade. Surpreendidos por um novo vírus, invisível, rápido e cruel, os povos e os governos reagiram. E nesta reacção surgiram diferenças, nalguns casos diferenças de monta, basta olhar para o Brasil e para os Estados Unidos da América, países onde dois presidentes se permitem contrariar a ciência e o bom senso e de uma forma mais trabalhada ou mais boçal expressam aquilo que conhecemos sobre a natureza do capital ao longo da História – as pessoas que se lixem, a economia está primeiro. Por cá as coisas têm sido bastante diferentes. Mas não deixamos de estar em tensão sobre a mesma matéria e prevemos que nos próximos tempos com o agudizar da crise económica e social a tensão aumente face à necessidade de reforçar e ampliar as medidas de apoio às pessoas e às famílias.
No telejornal, cada vez mais fontes insuspeitas como a Caritas, falam de fome, falam de pedidos de ajuda iguais ou superiores aos tempos da troika. Há famílias sem bens alimentares em casa. Se o desemprego continuar a aumentar a situação vai piorar.
É neste quadro, em que fazemos tudo para enfrentar a crise sanitária e para responder às necessidades de quem perdeu o emprego ou ficou com os rendimentos seriamente diminuídos, em que empresários dão a volta à sua empresa para não fechar portas, em que os comerciantes inventam novas formas de fazer chegar os seus produtos, em que tantos e tantas se adaptaram às novas condições para fazer o seu trabalho, neste quadro de verdadeiro esforço e empenho nacional, temos a notícia de que foram injectados mais 850 milhões de euros no Novo Banco, através do Fundo de Resolução, dinheiro dos e das contribuintes.
Operação que pelos vistos Mário Centeno não deu conhecimento ao Primeiro-Ministro, que tinha assumido o compromisso público de não tomar medidas sem conhecer o resultado das auditorias em curso ao Novo Banco. Já agora convém ter uma ideia do que andam a fazer ao dinheiro de todos e todas nós…
O Novo Banco tem prejuízos há vários anos, recebeu dinheiro público, mas mesmo assim decidiu atribuir prémios aos seus gestores no valor de 2 milhões de euros.
Assim é fácil ser gestor. Se não há limites para a vergonha não pode existir hesitações da parte do Governo. PS e PSD não podem continuar a “salvar bancos e banqueiros”. Esperemos pelo que se segue, mas exige-se responsabilidade e transparência.