Os presidentes dos municípios da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) e da Lezíria do Tejo (CIMLT) manifestaram hoje “indignação” pelas declarações “incendiárias” do presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) no parlamento, tendo a CIMLT anunciado mesmo o “corte de relações” com aquela entidade. A Comunidade Intermunicipal do Algarve pediu a demissão do presidente da AGIF.
Em causa estão as declarações de Tiago Oliveira na Comissão parlamentar de Agricultura e Pescas, na quinta-feira, quando disse que “há municípios a gastar meio milhão de euros, uma barbaridade de dinheiro, nos bombeiros, quando não gastam dinheiro a gerir a floresta”.
Em comunicado, os autarcas dos 11 municípios associados da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) – Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas, e Vila Nova da Barquinha -, manifestaram hoje, em cmunicado, a sua “indignação” pelas declarações “incendiárias” do presidente da AGIF, tendo ficado “perplexos, atendendo à gravidade das mesmas”.
“A AGIF, que deveria promover a articulação entre as várias entidades do sistema, parece demonstrar desconhecimento no que respeita à realidade existente e deixou de ter condições de protagonizar tão importantes desígnios de articulação”, pode ler-se no comunicado, com a CIM Médio Tejo. A considerar as afirmações proferidas “inaceitáveis” e apelando ao governo que “analise tão graves declarações e que delas retire todas as consequências”.
Os presidentes dos 11 municípios da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), por sua vez, manifestaram hoje “indignação” pelas declarações do presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais no parlamento, anunciando o “corte de relações” com a AGIF.
“O senhor engenheiro Tiago Oliveira lamenta o investimento feito nos corpos de bombeiros, ao mesmo tempo que afirma que os mesmos recebem financiamento pela área ardida. O senhor engenheiro tem obrigação de saber que isso é mentira. Se não o sabe, o caso é ainda mais grave. As fontes de financiamento dos corpos de bombeiros são públicas”, afirmam os autarcas em comunicado.
Para os presidentes das câmaras municipais de Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém, “quando um alto responsável de uma agência governamental decide espalhar notícias falsas, algo deve ser feito pela tutela”.
“A CIMLT e os seus presidentes de câmara decidiram cortar todas as relações com a AGIF, estando apenas presentes em reuniões que a Lei obrigue”, acrescentam.
Os 11 presidentes de câmara dos municípios associados da CIMLT “exortam o presidente da AGIF a provar o que disse” na Comissão de Agricultura e Pescas da Assembleia da República “ou a demitir-se”.
A Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) esclareceu hoje [sábado] não colocar em causa “o muito válido trabalho” dos municípios e bombeiros na proteção contra incêndios florestais, mas defendeu uma revisão na legislação de financiamento das autarquias.
Em comunicado, a AGIF considera importante “uma revisão da legislação de financiamento das autarquias e das associações de bombeiros, no sentido de incentivar o ordenamento florestal e as medidas preventivas dos fogos florestais, em complemento às regras atualmente em vigor”.
O presidente da agência, Tiago Oliveira, foi ouvido na quinta-feira na comissão parlamentar de Agricultura e Pescas, a propósito do relatório de atividades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais de 2022.
De acordo com a nota, “em momento algum” da sua intervenção na Assembleia da República o representante pretendeu “pôr em causa o muito válido trabalho que tem vindo a ser realizado pelos municípios e pelos bombeiros na proteção contra incêndios florestais, o qual tem sido, seguramente, um contributo valioso para os bons resultados que Portugal tem vindo a apresentar nesta matéria”.
Na ocasião, pode ler-se, Tiago Oliveira considerou que têm sido dados passos importantes no sistema de prevenção e combate aos incêndios florestais, “mas agora é fundamental mudar o paradigma e privilegiar a componente preventiva”.
c/LUSA