Ministro da Educação destacou em Minde a democratização da cultura por via do ensino. Foto: mediotejo.net

“Nós temos um desígnio muito claro de fazer com que as nossas escolas sejam espaços de fomento de cultura, de fomento de públicos, de acesso mais democrático à cultura, e temos vindo a realizar isso através do Plano Nacional das Artes (PNA)”, disse João Costa à margem da inauguração da requalificação da Escola Básica Professor Abílio Madeira Martins, em Minde, no concelho de Alcanena.

Segundo indicou o governante, que se fez acompanhar em Minde do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, o projeto começou em 2019, com 65 Agrupamentos de Escolas (AE) e, “hoje são 465” os AE envolvidos, entre os quais o de Alcanena.

“São escolas com projetos culturais, residências artísticas, parcerias com teatros locais e nacionais e com os mais variados agentes culturais para podermos ter, de facto, um desenvolvimento integral das crianças porque, sem arte, somos necessariamente incompletos”, afirmou João Costa.  

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No âmbito do Plano Nacional das Artes, o ministro indicou a participação de “197 artistas residentes, 350 recursos digitais, 136 municípios e 125.000 alunos”, tendo dado conta que, no âmbito da I Bienal Cultura e Educação estiveram envolvidos “420 projetos artísticos, culturais e patrimoniais, 570 parceiros e 80.000 participantes” (incluindo alunos).

No Plano Nacional de Cinema, notou, estão envolvidos 570 AE, com 6.027 sessões de cinema realizadas e 36 dossiês pedagógicos publicados, tendo ainda apontado ao trabalho no Plano Nacional de Leitura e ao financiamento a AE para aquisição de livros, com 22 000 livros e 343 Agrupamentos de Escolas financiados, tendo ainda destaco os projetos de Programação e Robótica, Selo Escola Sem Bullying / Escola sem Violência, e Estudo em Casa Apoia, este último com 4063 conteúdos educativos digitais produzidos.

No caso concreto da escola de Minde, que abarca cerca de 120 alunos dos pré-escolar e 1º ciclo, as atividades ambientais e ligadas às artes e história local foram referenciadas pela diretora do Agrupamento de Escolas, Ana Cohen, na visita guiada ao estabelecimento de ensino, tendo o minderico (linguajar típico local),  a música, a dança, a pintura, o cinema e o teatro, a par de atividade ligadas à criatividade e ao despertar da sensibilidade sensorial dos alunos, sido fio condutor e ilustrativo do trabalho ali desenvolvido no âmbito do PNA.

O responsável pela autarquia de Alcanena relembrou o programa “Crescer Próximo”, que reúne um conjunto de “ações que promovem o bem estar da escola e entendem a criança de forma holística”.

Entre as várias áreas de intervenção, Rui Anastácio explica que neste Agrupamento de Escolas se “valoriza a atividade física, a relação com o património natural, as hortas pedagógicas, a atividade com a vizinhança, as oficinas de bem estar, as oficinas de expressão dramática e a relação entre as artes e a história local”.

Ainda durante a sua intervenção, o autarca sublinhou importância da presença das artes no ambiente escolar, a par de outras áreas, considerando-as “um fator fundamental para o sucesso das aprendizagens”. “É na escola que começa a democratização da cultura e ter acesso à cultura depende das instituições, mas também depende da literacia de cada indivíduo ou de cada comunidade. Esse trabalho começa na escola e nas famílias e o município sente-se absolutamente comprometido com esta missão”, acrescenta.

No âmbito do PEDIME, de acordo com Rui Anastácio, a renovada escola foi equipada com ferramentas que “se ligam muito ao ADN de Minde” e da sua comunidade, nomeadamente a sala da criatividade que permite desenvolver as artes performativas e as artes gráficas.

Para a diretora do Agrupamento de Escolas de Alcanena, Ana Cohen, este foi um “dia feliz”, em que se assinalou o arranque do ano letivo “em festa”, perante uma escola renovada, “cheia de crianças com vontade”, em conjunto com os pais e a comunidade.

“Um dia feliz porque esta escola, esta reabilitação, permite a concretização de um projeto educativo que é exigente, que vai desde as artes ao desporto e à ciência, (…) um projeto que tem todas as condições para que os alunos o concretizem e os seus professores”, explicou.

Tratando-se do único agrupamento do concelho, Ana Cohen realçou a o “sentido de responsabilidade social”, comprometendo-se a responder “afirmativamente a todos os desafios que concorram para a manutenção e valorização deste projeto plural, em que se pretende que cada aluno atinja o seu potencial e construa um projeto de vida verdadeiro, consentâneo com o seu perfil, mas que se torne ele próprio promotor da felicidade individual e desta comunidade”.

O ano letivo 2023/2024 arranca a partir de hoje para cerca de 1,3 milhões de alunos do 1.º ao 12.º ano, mas muitos não terão ainda todas as disciplinas por faltarem professores nas escolas, tendo o ministro João Costa, questionado pelos jornalistas, reiterado que o problema “está identificado”, numa situação que “não é nova”, tendo indicado que a tutela está a desenvolver várias medidas para tentar superar a questão.

“A falta de professores não é nova, estamos a desenvolver várias medidas para superar este problema, estando circunscritas a determinada zona do país onde houve menos capacidade formativa e onde há custos de habitação mais elevados”, disse o governante, tendo optado por “enaltecer todas as escolas e professores que estão a trabalhar e o milhão e trezentos mil alunos que assinalam hoje o regresso às aulas”, e recusado “dar visibilidade a uns poucos que querem paralisar as escolas”, quando questionado sobre as greves anunciadas.  

A requalificação da Escola Básica Professor Abílio Madeira Martins, em Minde, foi hoje inaugurada, após a conclusão de um investimento do município de Alcanena superior a um milhão de euros e que contou com apoios comunitários de 85% via FEDER, do Programa Operacional Centro 2020.

A obra, que teve início no dia 28 de março de 2022, apresentava um prazo de execução de 12 meses, teve inscrito no respetivo concurso público o preço base de 1.033.418,03€ (um milhão, trinta e três mil quatrocentos e dezoito euros e três cêntimos), acrescido de IVA à taxa legal em vigor (6%), tendo sido adjudicada à empresa Secal, Engenharia e Construções, SA pelo valor de 954.854,70€, acrescido de IVA, com comparticipação FEDER, de 85%, através do Programa Operacional Centro 2020.

As intervenções na requalificação do edifício da EB1 de Minde incluíram trabalhos ao nível do edifício existente, incluindo intervenção ao nível de todo o edifício exterior, de forma a melhorar o seu comportamento funcional e integração estética.

A empreitada incluiu ainda intervenção nos espaços interiores que necessitavam de ser reorganizados, em função das valências a afetar e das especificidades decorrentes do incremento do número de alunos, motivado pela inclusão da valência de Jardim de Infância.

Foto: mediotejo.net

Professor Abílio Madeira Martins

O professor Abílio Madeira Martins, que viu o seu nome ser atribuído ao edifício escolar, marcou presença na sessão de inauguração e afirmou que a decisão de atribuir o seu nome à escola básica de Minde foi para ele uma surpresa.

Nascido em Minde a 01 de julho de 1928, o professor Abílio Madeira Martins fez o Curso do Magistério Primário em Lisboa e dedicou a sua vida ao ensino, tendo lecionado em Rio Maior, Mira de Aire, Riachos e na sua terra natal, Minde. Aposentou-se a 20 de janeiro de 1988.

O professor de 95 anos acrescentou que o sentimento não é de vaidade nem de orgulho, mas sim de “satisfação” por ter agora o seu nome a intitular a escola hoje inaugurada. “Não deixa de ser muito agradável saber que ainda há quem tivesse reparado no mérito de alguma coisa que fiz em prol da terra que estimo e que todos certamente estimamos”, acrescentou.

Aos responsáveis pela homenagem, Abílio Martins deixou o seu agradecimento e recordou o edifício que estreou há 39 anos e que “com esta requalificação até parece agora uma obra feita de raiz”.

Além do ensino, a sua paixão pela terra levou-o a, em 1955, em conjunto com o então Pároco de Minde, Manuel Antunes Messias, fundar o Jornal de Minde, tendo sido o seu principal colaborador até há bem pouco tempo.

No dia 20 de janeiro de 2019 viu ser inaugurada a “Casa da Memória Professor Abílio Madeira Martins”. Instalada no edifício da “Casa da Joaquininha”, cuja doação fez à freguesia possibilitou a sua aquisição, alberga um vasto e variado espólio recolhido ao longo da vida por si e pela sua esposa, Maria Cândida Nascimento. Este pretende ser um espaço dedicado às memórias da vila, à sua história e cultura, mas servindo também esta comunidade ficando disponível para eventos e exposições.

Professor, investigador, benemérito, o ilustre cidadão natural de Minde é reconhecido e respeitado, não apenas pela sua carreira e vida dedicadas ao ensino, mas também pelo seu profundo conhecimento, gosto e dedicação às gentes, cultura e história locais, que contribuem, em grande medida, para o fortalecimento da identidade desta comunidade.

Fonte: Câmara Municipal de Alcanena

c/LUSA

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Atualmente a frequentar o Mestrado em Jornalismo na Universidade da Beira Interior. Apaixonada pelas letras e pela escrita, cedo descobri no Jornalismo a minha grande paixão.

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