Em dia de abertura da Festa da Ascensão na Chamusca, a Ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, e o presidente da CCDR Alentejo, António Ceia da Silva, juntaram-se ao executivo municipal presidido por Paulo Queimado, para celebrar a conclusão das obras de requalificação urbana na envolvente do Mercado Municipal e da futura Casa das Artes da vila chamusquense, promovidas pelo Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU). Projetos de coesão, como lhes chamou a Ministra, e que de acordo com Ceia da Silva são demonstrativos da visão estratégica que existe para o território.
“Vimos hoje aqui obras muito importantes. Só podemos tornar os nossos territórios atrativos, se os nossos concelhos e as nossas freguesias tiverem a capacidade de promover obras de requalificação. Se os territórios não forem atrativos, não fixam pessoas nem empresas. É preciso haver uma estratégia global para os territórios e isso tem acontecido na Chamusca. Este é um circulo virtuoso e não vicioso”, afirmou Ceia da Silva.
No mesma linha de pensamento, Ana Abrunhosa sublinhou que é preciso “estancar a perda de população”, o que passa, primeiramente, por garantir que “os que cá estão não tenham necessidade se sair”, fazendo alusão à requalificação urbana, e lembrando que “a Chamusca tem aproveitado os fundos europeus” para tornar o seu território mais atrativo: “Estas obras mostram bem o empenho deste Município na promoção do seu território.”
“Todos os projetos que nós temos financiados, estão realmente muito integrados. Temos um plano de intervenção para este centro da Chamusca, que é lindíssimo, tem um excelente casario, com muita tradição, mas a verdade é que, quando começamos a olhar para as infraestruturas públicas, percebemos que precisam de ter alguma modernidade, adaptada aos tempos de hoje. (…) e também queremos contribuir para a descarbonização e para que as pessoas possam andar a pé no centro vila, para que possam passar à porta do comércio e parar. E depois, toda a parte da regeneração urbana, que não é só aquilo que se vê… é toda a restruturação do sistema de abastecimento de águas, o sistema de pluviais, o saneamento, as calhas técnicas para enterrar fios… isso não se vê, mas também é muito importante”, explicou Paulo Queimado, para justificar o investimento do Município: “Em quatro fases, são quase 3 milhões de euros e só temos 1 milhão e setecentos mil euros de financiamento. Portanto, tudo o resto é feito com fundos municipais”.
Na sua intervenção, Ana Abrunhosa destacou ainda o investimento do Município da Chamusca nos projetos de Inovação Social, “projetos que não se veem”, mas que “mudam a vida das pessoas, desde os mais pequenos aos seniores”, mencionando o facto daquele município ser um dos maiores investidores sociais do país.
Noutro sentido, a Ministra da Coesão saudou o investimento da Chamusca na Semana da Ascensão, sublinhando que “não há sustentabilidade dos territórios se as raízes e as nossas bases não se mantiverem. E é isto que se passa com a semana da Ascensão que dinamiza a economia local”, frisou.
Resolução do problema de acessibilidades na Chamusca é “uma questão de justiça”, defende Ana Abrunhosa
Durante a visita da Ministra da Coesão à Chamusca, foram muitos os apelos para que Ana Abrunhosa pressione o Governo, no sentido de passar das palavras aos atos e resolver de uma vez por todas o problema das acessibilidades naquele território.
Para Lisboa, a Ministra leva em mãos uma petição da Comissão de Utentes do Distrito de Santarém, com a exigência de uma nova ponte sobre o Tejo e da conclusão da A13 (troço entre Almeirim e Vila Nova da Barquinha), para além das palavras de desalento do presidente da Assembleia Municipal da Chamusca, Joaquim José Garrido, e do presidente da autarquia, Paulo Queimado, que há muito esperam ver cumprida a promessa do Governo.”
Ana Abrunhosa, garantiu que, mais uma vez, entregará o recado a quem de direito [Ministro das Infraestruturas e Ministro do Ambiente], assumindo que “é uma questão de justiça que este problema se resolva”. Nesse sentido, desafiou a população e os autarcas locais a “erguerem a voz” e a “desassossegarem” o Governo para que apareça um projeto, porque “sem projeto não há obra e sem projeto é muito difícil conseguir uma fonte de financiamento.”
“O que se vê aqui é uma Estrada Nacional que atravessa a Chamusca, onde passam todos os tipos de viaturas pesadas. Parece-me que é uma situação que existe há demasiado tempo. É importante que haja uma solução e que se comece a trabalhar no projeto. Quando eu digo ‘desassosseguem-nos’, é que exijam ao Governo uma solução”, esclareceu a Ministra.
“Vou daqui muito sensibilizada com este tema, pode não estar nas minhas mãos, mas fica o meu compromisso de não deixar esquecer o assunto. Nos dias de hoje esta situação não é aceitável, é uma questão de respeito pela população e uma questão de justiça”, notou Ana Abrunhosa.
“Basta de palavras e passemos aos atos (…) Façam porra!”, atirou a Ministra, desafiando o próprio Governo Central.
O que está em causa, reitera Paulo Queimado, “é o desenvolvimento económico do território”. O presidente da Câmara continua a bater na mesma tecla e a insistir na ideia de que a Chamusca está a perder investimento empresarial e a deixar fugir a população graças à debilidade das acessibilidades. “Muitas vezes, sentimo-nos uma ilha”, afirmou.
“Quando queremos trazer investimento ao nosso território, quando queremos que as pessoas tenham melhor qualidade de vida, encontramos aqui este constrangimento, que não é só a questão da Ponte, mas que tem a ver com a ligação entre Almeirim e Vila Nova da Barquinha, com a A13. Porque, quando nós andamos a tentar captar investimento, novos habitantes, mais gente para o nosso território, a primeira coisa que nos perguntam é pela nova estrada, para quando uma autoestrada à nossa porta. E a resposta do nosso lado, é sempre a mesma, ‘não sabemos’. Isto faz-nos perder muito investimento”, reforçou o autarca.