No momento em que anunciava novos apoios para o setor social, nomeadamente a criação de novos avisos para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a ministra dirigiu-se a Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, para dar a “boa nova”, relativamente a um espaço que vai nascer na cidade, no âmbito da requalificação de uma escola primária desativada, no Alto de Santo António, e que aponta para uma capacidade de acolhimento de 135 crianças.
Falando num dia de “esperança e de futuro”, Mendes Godinho recordou que o PRR procurou investir nas várias dimensões da vida, da infância à velhice, aproveitando a ocasião para transmitir ao autarca que a candidatura para a creche havia sido aprovada, surpreendo todos os que a ouviam atentamente.
Relativamente à obra, a ministra afirmou que a aprovação de financiamento e a construção de uma nova creche em Abrantes, “significa que estamos aqui também a construir o futuro das nossas crianças, que irão cuidar de nós no futuro”.
No final da sessão de inauguração do no lar em Vale das Mós e em declarações aos jornalistas, Manuel Jorge Valamatos reagiu ao que considerou ser “uma boa notícia”, tendo feito notar que o processo de candidatura e de construção terá de ser agora revisto.

“É uma boa notícia. Temos de analisar agora, com todo o cuidado, o processo de candidatura e de construção desta obra importante, relevante neste setor social”, afirmou Valamatos.
A infraestrutura representa uma grande importância para a cidade e para o concelho, num momento em que este se depara com dificuldades a nível da oferta de creche para as crianças abrantinas. “Temos dificuldade na oferta de creche e, obviamente, com a Escola Nº2 no Alto de Santo António, que é esse o nosso projeto, vendo esta candidatura aprovada é um estímulo para podermos avançar”, acrescentou.
Para o responsável autárquico, é agora importante olhar “com mais atenção para todo o projeto, como fazemos habitualmente”, não escondendo a satisfação com a notícia avançada pela ministra. “Estar aqui hoje é seguramente um estímulo às muitas intervenções que vão acontecer no concelho nesta área social”, concluiu Manuel Jorge Valamatos.
Em março de 2022, a Câmara de Abrantes aprovou por unanimidade o processo administrativo para lançamento do concurso público para adjudicação da empreitada de requalificação da Escola EB1 N.º 2 para instalação de uma Creche Municipal, com capacidade para acolher 135 crianças. A intervenção está orçamentada em 1.577.265,14 €, acrescido de IVA, e tem prazo de execução de 450 dias.
A referida intervenção foi objeto de candidatura a fundos comunitários, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), cuja “luz verde” foi ontem dada pela ministra.
Projeto para instalação da creche municipal prevê abranger 135 crianças

À data e em declarações ao nosso jornal, o presidente da autarquia, fez saber que o equipamento assumirá um papel determinante para a efetiva conciliação entre a vida familiar e profissional das famílias, proporcionando à criança um espaço de socialização e de desenvolvimento integral, com base num projeto pedagógico adequado à sua idade e potenciador do seu desenvolvimento.
A Escola EB1 N.º 2, localizada na Rua António Botto (Alto de Santo António), construída na década de 70 do século passado, apresenta, na generalidade, sinais de degradação física e patologias diversas, pelo que se torna necessária a realização de obras de requalificação e adequação do edifício de acordo com as exigências específicas de uma Creche.
Serão criadas três unidades autónomas para grupos de crianças, cuja distinção assenta nas características específicas das diferentes faixas etárias. Assim, até à aquisição de uma marcha, haverá um berçário com capacidade máxima para 58 crianças, distribuído por oito salas berço e quatro salas-parque. Entre a aquisição da marcha e os 24 meses, haverá uma área de atividades com capacidade máxima para 23 crianças, distribuídas por duas salas de atividades. Entre os 24 e os 36 meses será criada uma área de atividades com capacidade máxima para 54 crianças, distribuídas por três salas de atividades.
O projeto contempla ainda as seguintes áreas funcionais: receção; direção e serviços técnicos; convívio e refeições; cozinha e anexos; área do pessoal e serviços.

A intervenção abrange também o espaço exterior envolvente, no qual será garantida a acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida, entre os três pisos do edificado, através da criação de rampas e instalação de plataformas elevatórias. É contemplado um espaço coberto para permitir a realização de atividades no exterior, mesmo quando as condições climáticas forem adversas. Serão criados três parques de recreio e jogos e será mantido o espaço de horta pedagógica.
Vai ainda ser feita uma intervenção em todo o sistema de drenagem do edifico e do espaço exterior envolvente da escola para melhorar a segurança dos muros de suporte envolventes ao terreno.
Durante a obra, serão implementadas medidas de eficiência energética, assegurando a utilização de energias renováveis para autoconsumo e a redução de custos de consumo de energia e de combustíveis, como por exemplo, a substituição de toda a caixilharia existente por uma mais eficiente, a instalação de painéis fotovoltaicos e outros equipamentos de produção de energia renovável para autoconsumo, a aplicação de isolamento térmico em coberturas, paredes ou pavimentos, recorrendo a materiais de base natural (ecomateriais) ou que incorporem materiais reciclados, entre outros.

A eficiência energética do edifício é um dos pontos relevantes da intervenção, destacou o presidente da autarquia, em declarações aos jornalistas.
Manuel Jorge Valamatos – “Sim, é verdade, nós hoje aprovámos nesta reunião de Câmara um projeto de uma creche aqui no Centro Histórico, no centro da cidade, no alto de Santo António, na recuperação de uma escola que vai ficar desativada em breve pelo surgir do novo centro escolar no antigo colégio de Fátima, e esta escola nº2, escola do primeiro ciclo, vamos transformá-la numa creche, uma creche para 135 crianças, desde os 4 meses até aos 3 anos de idade, é um grande investimento, um investimento que ronda 1 milhão e meio de euros, e que neste momento, com muito trabalho e muita dedicação de muitos técnicos, quer internos quer de empresas externas, conseguimos apresentar hoje aqui na reunião de câmara, que vamos submeter de imediato a candidatura ao PRR, ao Programa de Recuperação e Resiliência, aos fundos comunitários, e desejar obviamente que esta candidatura possa ser bem-sucedida e que em breve, embora seja uma obra prevista para 450 dias, possa ser o lançada o mais rápido possível logo que – naturalmente depois de um procedimento e que a escola esteja disponível para o efeito – para que a obra possa arrancar o mais rápido possível e que possamos ter aqui uma resposta maior numa área que o concelho manifesta algumas fragilidades, que é esta questão das creches, e seguramente vamos apoiar desta forma também todos os casais jovens e todas as nossas crianças desde os 4 meses de idade até aos 3 anos”.
E vem colmatar também aquilo que é o destino a dar a um edifício que ficaria devoluto, com a abertura do Centro Escolar Nossa Senhora de Fátima…
Claro, tínhamos essa preocupação também em mente, e esperemos que no início do próximo ano letivo possamos já estar no novo centro escolar, obviamente que quer esta escola nº2 quer a escola dos Quinchosos, são espaços que vão ficar devolutos e obviamente que importa recuperá-los e revitalizá-los e, por esta ordem de razão, recuperar esta escola para esta função de creche tão importante para o nosso concelho. Acho que é um projeto muito ambicioso e simultaneamente também muito responsável para as respostas que são necessárias impor perante a nossa comunidade.
O número de postos de trabalho pode ascender a 30, segundo foi referido…
Sim, obviamente que a construção de uma creche pressupõe um conjunto de regras, de normas e para 135 crianças nós prevemos a criação de 30 postos de trabalho nesta área, entre educadores, técnicos, auxiliares e prevemos de facto 30 postos de trabalho, portanto há aqui uma mistura de vários interesses. Para além da resposta às crianças e às famílias, há também obviamente esta visão de empreendedorismo do ponto de vista da criação de novos postos de trabalho importantes nestas dinâmicas.
E é um edifício auto-suficiente ou vai ser auto-suficiente em termos energéticos…
Sim, essa é uma das condições da própria candidatura, a candidatura tem esse reforço e esse potencial de se olhar para um edifício já com um sentido maior de futuro, e a sua auto-suficiência em termos energéticos é, digamos, uma mais valia na composição desta reformulação deste edifício.
Sendo uma creche municipal, o modelo de gestão será definido noutra fase do processo?
Claro que sim, o modelo, temos algumas ideias, temos alguns apontamentos relativamente a essa questão. Logo à nascença não entendemos que esta estrutura seja gerida diretamente pelo município. Iremos seguramente procurar uma estratégia de gestão, competente, capaz, e em princípio será externa, e abriremos concurso para o efeito.