Esta semana fica marcada pelo início do ano lectivo e pelas loucuras que o Governo permite ao Bloco de Esquerda. Mas se esta geringonça tem sucesso, em termos mediáticos, deve-o ao PCP que tem consegue domesticar os seus sindicatos. Aliás só assim se percebe que estejam tão calados perante situações que noutro contexto dariam greves e gritos de indignação.
Mas vamos por partes.
As escolas começaram com a tranquilidade que conheceram no ano lectivo passado onde já não existiram problemas com a colocação de professores. No entanto, começaram ainda com menos funcionários por via da reversão das 35 horas que o governo não compensou com mais dinheiro ou mais funcionários. Há, no nosso distrito, como em todo o país, escolas em risco de fechar por causa falta do pessoal não docente.
Em pelo menos três escolas do Médio Tejo basta faltarem dois assistentes operacionais, no mesmo dia, para as escolas não poderem abrir. Além disso, o governo começou o ano lectivo uma semana mais cedo o que impediu o planeamento atempado que se exige por parte dos professores. Mais embaraçoso ainda são as dívidas que o Ministério da Educação tem para com alunos, professores e empresas porque desde que tomou posse que não paga um cêntimo do POCH às escolas que tem ensino profissional. Assim é fácil ter boa execução orçamental.
Se o Bloco de Esquerda arranja problemas e embaraços ao governo, o PCP consegue o milagre de manter tudo de bico calado. Veja-se o caso dos transportes públicos que não conhecem qualquer investimento de manutenção há meses, estão-se a “canibalizar” comboios, tirando peças de uns para os outros, para manter alguns em movimento e sobre isso nem uma palavra das “comissões de utentes” ou dos sindicatos afectos ao PCP. Já para não falar nos hospitais que aumentaram as suas dívidas a fornecedores porque o governo simplesmente não lhes transfere verbas. Assim é fácil apresentar uma boa execução orçamental.
Por fim, temos a discussão sobre a estratégia financeira do governo que já os próprios reconheceram que falhou. O país que em austeridade crescia a 1,5% cresce hoje pouco acima dos 0,5%. O desemprego cai mais devagar e o emprego sobe mais lentamente. Como tudo isto corre mal, o governo precisa de ir buscar mais receita e cobrar mais impostos. Mas o que faz para convencer os portugueses dessa necessidade? Batota, o governo faz batota.
Para demonstrar que a esquerda é mais sensível do que a direita, dizem que estão a aumentar menos os impostos que o governo de Passos Coelho, que antes se pediram mais sacrifícios e que agora há um outro caminho. Qual o truque? Querer comparar realidades diferentes e esquecer que o governo anterior encontrou o país na bancarrota, com um programa de ajustamento negociado por José Sócrates, com um défice de 11%, em recessão há pelo menos dois anos e com a credibilidade estilhaçada em todo o mundo.
É comparável com o país que este governo recebeu nos braços? Obviamente que não. O governo quer aumentar impostos porque só fez disparates, minou a capacidade de atrair investimento e desbaratou o sacrifício dos portugueses. Voltámos a andar para trás.
A terminar uma palavra para as propostas loucas do BE. A ideia de taxar os imóveis acima de 1 milhão de euros não é um disparate, porque não temos de ter pena de que os tem, aliás esses imóveis já são taxados acima dos outros por uma decisão do governo PSD/CDS, trata-se sim de um disparate político que dá um sinal errado aos investidores estrangeiros e nacionais que têm apostado na reabilitação e na aquisição de imóveis em Portugal. Só Catarina Martins é que acha que o imobiliário não cria um posto de trabalho porque, apesar de não ser católica, deve pensar que as casas caem do céu.