O projeto de rastreios visuais e auditivos na região do Médio Tejo junto da comunidade escolar, no âmbito do PEDIME (Projeto de Educação de Excelência no Médio Tejo) e implementado nos 13 concelhos da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, continua a ser dinamizado e a revelar ter impacto na vida das crianças que frequentam o último ano do pré-escolar.
O mediotejo.net acompanhou a ação realizada na EB1/JI de Mação, no dia 28 de fevereiro, e verificou in loco a sua implementação e quais as vantagens e resultados extraídos, num projeto de sucesso que tem sido dinamizado desde 2016/2017.
Numa visita guiada por Hélder Marques, membro do grupo de trabalho da Educação na CIM do Médio Tejo, os presentes puderam ser conduzidos sobre a operacionalização deste projeto.

O principal objetivo passa por “corrigir eventuais problemas que possam interferir negativamente na aprendizagem das crianças aquando do início da escolaridade obrigatória”, referiu o responsável.
Deste modo, os rastreios assumem importância e pertinência porque permitem um diagnóstico precoce de dificuldades de visão e audição das crianças e o respetivo encaminhamento para a sua resolução mais célere e atempada, atuando no início da escolaridade obrigatória, juntos dos alunos que vão ingressar no 1º ano do ensino básico.
“Estamos a falar de um significativo número de crianças que, não fosse este projeto, passariam com algumas dificuldades pelo processo de aprendizagem por uma limitação natural”, mencionou Hélder Marques.
Pretende assegurar-se que “não haja nenhuma dificuldade do ponto de vista auditivo e visual para que as crianças possam efetuar as aprendizagens da leitura e da escrita a partir do primeiro ano”, notou.
Explicou ainda que o acompanhamento dos projetos é feito para perceber como estão a decorrer em termos de implementação, sendo também um dos focos a promoção destas iniciativas para as dar a conhecer à comunidade em geral.

Por seu turno, a enfermeira Ana Paula Gonçalves, coordenadora do projeto desde o seu arranque, referiu que “um dos fatores de sucesso é o trabalho em equipa, o sentido que todos temos em pertencer a este projeto”, notando que a abrangência é extensa, por 13 concelhos da região, e num universo de 96 estabelecimentos de ensino, o que não facilita o planeamento.
A enfermeira é também responsável pelo programa de saúde escolar no ACES Médio Tejo, e relevou o facto de já muitas crianças que terem sido rastreadas. “Temos conseguido levar o projeto a bom porto”, afirmou.
Foi relevada a participação dos restantes técnicos para a prossecução dos objetivos, desde logo porque são os responsáveis pelo rastreio e diagnóstico dos mais novos. No caso, as optometristas assumem um papel relevante, tendo a optometrista Ana Rita Tuna, no projeto desde o início, sublinhado que esta intervenção vem “facilitar o acesso aos cuidados de saúde primários, tornando o processo mais célere”.

Também na unidade móvel é possível realizar rastreios à acuidade auditiva, sendo que a maior parte das crianças revelam mais dificuldade auditiva do que visual.
Já Sandra Ferreira, técnica audiologista, frisou ser importante a realização de rastreios, referindo ser “notório que as dificuldades começam nestas idades, o que dificulta a aprendizagem quando ingressam no ensino básico”. Defendeu que deve existir intervenção precoce no diagnóstico e reabilitação, para proporcionar um maior aproveitamento escolar por parte das crianças.
Também presente na iniciativa esteve José Cunha, coordenador da Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo. O médico salientou a relevância destas iniciativas integradas, e sublinhou os resultados que têm vindo a ser obtidos.
José Cunha notou ainda que é possível que a criança tenha um desenvolvimento de acordo com a capacidade mental, juntamente com a capacidade visual e auditiva, que potenciam o processo de aprendizagem.
“Este projeto, da responsabilidade da USP e da CIMT, é também da responsabilidade de todos que nele têm participado. É multiprofissional, multidisciplinar, e temos um pilar fundamental que é a enfermeira Ana Paula Gonçalves, que é a pessoa a quem devemos grande parte do sucesso deste trabalho. Quem está à frente e no terreno é que sabe medir e sabe ver o que falta para completar e desenvolver o que tem de ser feito”, disse, afirmando que o projeto “é para continuar”.
Da parte da CIM do Médio Tejo, Jorge Simões, secretário intermunicipal, salientou tratar-se de “uma política pública virtuosa”. Destacou o trabalho conjunto e combinado que permite o rastreio das crianças, com problemas identificados e para que possam ser encaminhados na resolução dos seus problemas de acuidade visual e auditiva, que além de ter implicações no seu sucesso escolar, mas também na formação da sua personalidade e nas suas vivências em comunidade.
Jorge Simões afirmou ainda que se está em fase de transição para o PEDIME III, onde a medida de rastreios se irá manter nos próximos anos dados os resultados e pela satisfação dos atores. “É um prazer ter este projeto entre nós”, disse.

Na ocasião, Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, elogiou o projeto, e disse que pelos resultados apresentados, se demonstra bem “a importância e relevância destes rastreios”, para que as crianças possam “entrar noutro grau de ensino devidamente capacitados, para que as aprendizagens possam ser as mais adequadas possíveis”.
O autarca relevou a importância do PEDIME implementado pela CIM do Médio Tejo, sendo a Educação “um dos pilares de maior importância” entre os projetos intermunicipais.
Sobre a Educação em Mação falou José António Almeida, diretor do Agrupamento de Escolas, referindo-se aos esforços neste âmbito no concelho, numa articulação estreita entre o Agrupamento de Escolas Verde Horizonte e a autarquia, mencionando os esforço para que “em Mação haja uma educação de referência”. O diretor destacou o trabalho dinamizado pela CIM do Médio Tejo no âmbito do PEDIME, agradecendo o investimento que tem sido feito na Educação regional.
Convidada foi também a representante dos pais, Ana Filipa Heitor, presidente da Associação de Pais do AEVH de Mação. A encarregada de educação sublinhou a “mais-valia” deste tipo de iniciativas, e relevou a importância desta intervenção precoce dado estilo de vida dos mais novos, especialmente desde a pandemia, que levou as crianças a estarem mais tempo ocupadas com tablets e computadores.
“É importante estarmos atentos. É importante termos este apoio e suporte, que por vezes muitos pais sozinhos não têm possibilidade de fazer. Os vouchers emitidos também é algo fantástico”, notou, agradecendo os rastreios realizados e confirmando a pertinência do projeto.
Desde o início do projeto, no ano letivo 2016/2027, foram efetuados rastreios em cerca de cinco mil crianças. Deste universo, 15% evidenciaram défice auditivo e 10 % défice visual.
Para o ano letivo 2022/2023 foi aprovado em Conselho Intermunicipal o aumento do valor do voucher atribuído para apoio à aquisição de óculos, que passou a ser de 125€. Já foram emitidos mais de 500 vouchers para correção visual das crianças.
O projeto Educação de Excelência do Médio Tejo – PEDIME (Plano de Estratégico de Desenvolvimento Intermunicipal da Educação) é cofinanciado pela União Europeia, Portugal 2020 e Programa Operacional do Centro 2020, através do Fundo Social Europeu.
Mais informação acerca do PEDIME em https://oie.mediotejo.pt