Nunca. Foto: Susana Neves

O festival Manobras está quase a começar em 11 dos 15 municípios que integram o projeto de cooperação cultural Artemrede e, no Médio Tejo, vai andar por Abrantes, Alcanena e Tomar com 11 espetáculos, duas oficinas e uma vídeoinstalação. Se pensa que as marionetas e as formas animadas são coisa de “meninos” desengane-se pois há propostas para todas as idades. Conheça as “manobras” que artistas nacionais e internacionais vão fazer pela região entre os dias 14 de setembro e 31 de outubro.

A segunda edição do Manobras foi apresentada esta terça-feira, dia 4, no Moinho da Ordem do Complexo Cultural da Levada por Marta Martins, diretora executiva da Artemrede, e Filipa Fernandes, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Tomar. É neste concelho que o Manobras arranca e segue caminho, passando por Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Pombal, Santarém e Sobral de Monte Agraço.

Se pensa que marionetas e formas animadas são coisa de “meninos”, desengane-se pois existem propostas para todas as idades – incluindo uma ópera, multimedia e teatro – e a expetativa da organização é ultrapassar os cinco mil espetadores que se deixaram “manobrar” em 2017. Este ano, alguns deles transformaram-se em “Visionários” e parte da programação cultural foi feita com a participação de elementos das comunidades locais.

Marta Martins e Filipa Fernandes durante a apresentação da segunda edição do Manobras aos jornalistas. Foto: mediotejo.net

O programa global engloba 13 espetáculos em salas de espetáculos, ao ar livre e monumentos, quatro oficinas, uma instalação de luz e música e duas vídeoinstalações criadas exclusivamente para o festival. O Médio Tejo recebe a visita de 14 dos 20 projetos do evento apoiado pelo Programa Operacional Centro 2020 e se alguns vão andar pela região, noutros casos a oportunidade para assistir é única.

Conheça o roteiro regional e os projetos nacionais e estrangeiros do Manobras – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, assim como os respetivos preços no caso em que as entradas são pagas. Nos restantes, basta aparecer e assistir ou participar sem puxar da carteira (informação da Artemrede):

ESPETÁCULOS

EntreMundos. Foto: Petru Ivu

EntreMundos (PIA – Projetos de Intervenção Artística)
14 de setembro | 21h30 | Tomar (Praça da República)
28 de setembro | 21h30 | Abrantes (Parque Tejo)
14 de outubro | 16h00 | Alcanena (Grupo Desportivo da Graça – Bugalhos)

Sinopse: Numa dimensão entre vivos e mortos, algures entre o purgatório e o limbo onde se inicia uma viagem por um universo imaginário inspirado na Morte, EntreMundos é a mais recente criação da Companhia PIA. Este é um espetáculo deambulante que envolve marionetas de grande dimensão e que, cruzando técnicas de construção e de manipulação, convida a relembrar as perspetivas, as formas e as dimensões da visão de uma criança.

Muita Tralha Pouca Tralha. Foto: José Frade

Muita Tralha Pouca Tralha (Catarina Requijo, Formiga Atómica)
16 de setembro | 15h00 | Tomar (Jardim do Mouchão)
23 de setembro | 11h00 | Alcanena (Largo da Igreja, Malhou) – espetáculo e visita à igreja
29 de setembro | 11h00 | Abrantes (Praça Barão da Batalha) – espetáculo e visita ao centro histórico

Sinopse: Escolher não é tarefa fácil. Escolher o que se leva em viagem também não. Há sempre alguma coisa que nos pode fazer falta… Quem nunca teve vontade de levar a casa toda? Pouco habituado a viajar, o casal Odete e Alfredo decide ir ver a sua sobrinha Manela participar numa corrida de automóveis. Mas antes da viagem é preciso preparar a bagagem. É aqui que os problemas começam. Levam o quê? Pouca tralha? Muita tralha? Apenas o essencial? Estas decisões difíceis podem complicar o início da viagem. Só o início?

Lobo Mau. Foto: Artemrede

Lobo Mau (Red Cloud Teatro de Marionetas)
22 de setembro | 17h00 | Tomar (Cine-Teatro Paraíso) – preço: 3€
18 de outubro | 10h00 | Abrantes (Sociedade Artística Tramagalense, Tramagal)
30 de outubro | 10h00 | Alcanena (Cine-Teatro São Pedro)

Sinopse: Cada Ovelha tem um Lobo. Cada Lobo tem 1002 Ovelhas… E se uma Ovelha tiver 1002 Lobos? E se cada Lobo tiver uma Ovelha? É a mesma coisa? Quantos Lobos tem um Homem? Imagens que às vezes flutuam, voam, cam a pairar, e caem com todo o peso da gravidade, com a força de um carimbo, entre o absurdo e o surreal espelhando o insólito de lupa na mão. Apresentado sem texto, numa dinâmica de comédia visual e uma constante interligação entre o intérprete e o desenho animado em projeção.

Guerras do Alecrim e Mangerona. Foto: Artemrede

Guerras do Alecrim e Mangerona (Os Músicos do Tejo, S.A. Marionetas)
19 de outubro | 21h00 | Tomar (Cine-Teatro Paraíso) – preço: 8€
21 de outubro | 21h00 | Abrantes (local a anunciar) – preço: 5€

Sinopse: Guerras do Alecrim e Mangerona, de António José da Silva, foi representada pela primeira vez no Teatro do Bairro Alto em 1737, com música de António Teixeira e o recurso a marionetas. Obra central do dramaturgo português conhecido como O Judeu, esta ópera barroca é herdeira da tradição do Teatro Ibérico que, naquela época, marcava presença nos pátios de comédia de Lisboa. Mas é também uma sátira social repleta de personagens arquétipos: os serviçais, os médicos e os juízes, a baixa nobreza com suas aspirações a riqueza e estatuto… Três séculos depois, a Artemrede e o Cistermúsica revisitam a obra e apresentam uma nova versão, que reúne a companhia S.A. Marionetas e Os Músicos do Tejo.

No Ateliê. Foto: Artemrede

No Ateliê (Tof Théâtre – Bélgica)
30 de setembro | 15h00, 16h00 e 17h00 | Alcanena (Centro Cultural de Monsanto)
6 de outubro | 15h00, 16h00 e 17h00 | Tomar (Complexo Cultural da Levada) – visita ao Complexo Cultural da Levada, espetáculo No Ateliê e vídeoinstalação Levada Sem Fim

Sinopse: Uma performance curta e tresloucada sobre os percalços de uma marioneta em construção, que decide nalizar o trabalho por si própria… Dezoito minutos durante os quais a personagem luta com elementos, materiais, objetos e, por vezes, contra os próprios manipuladores, sem hesitar em tiranizá-los. O espetáculo No Ateliê está inserido numa visita-percurso por espaços patrimoniais em Alcobaça, Tomar, Sobral de Monte Agraço e Pombal.

Nunca. Foto: Susana Neves

Nunca (Teatro de Marionetas do Porto)
24 de outubro | 10h00 | Alcanena (Cine-Teatro São Pedro)
26 de outubro | 11h00 | Tomar (Cine-Teatro Paraíso)

Sinopse: Mais de 100 anos passaram depois das muito conhecidas aventuras na Terra do Nunca. Peter Pan vai viver para Londres com Wendy. Casam, têm lhos e os anos passam… Neste possível presente, existe um adolescente a quem os pais deram o nome de Nunca; e nunca iremos saber porquê… Nunca é descendente de Pan, mais precisamente seu bisneto. O seu destino é resgatar a Terra do Nunca da Era de Trevas em que mergulhou logo após a partida de Peter. Desta vez, o vilão é Capitão-Garfo, neto de Capitão-Gancho, que ocupou o seu lugar anos depois do seu avô ter sido devorado por um enorme crocodilo que raramente se atrasava. Poderá Nunca, com a ajuda de alguns insólitos companheiros, trazer de volta o equilíbrio de toda a magia à Terra do Nunca?

Pangeia. Foto: Artemrede

Pangeia – A partir dos Irmãos Grimm (Tiago Cadete, EIRA)
16 de outubro | 10h00 | Abrantes (local a anunciar)
18 de outubro | 10h00 | Alcanena (Cine-Teatro São Pedro)

Sinopse: Pangeia é uma viagem sonora e visual pelo universo dos irmãos Grimm durante a qual o palco se transforma num museu imaginário de objetos curiosos, através de sons escutados em headphones. Os objetos remetem para o imaginário dos contos fantásticos, como a floresta cheia de armadilhas, a magia negra da bola de cristal ou os feitiços da bruxa má. Nessa viagem, acompanhada por dois investigadores, descobrimos o ponto de vista dos objetos que ilustram os contos. Para isso temos de seguir as pistas, como fizeram Hansel e Gretel com as migalhas que deixaram no caminho, para poderem depois voltar a casa…

Passo a Passo no Bosque. Foto: Artemrede

Passo a Passo no Bosque (Toutito Teatro – França)
22 de setembro | 11h00 e 15h00 | Abrantes (Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes) – preço: 1€

Sinopse: Passo a Passo no Bosque mergulha no universo d’O Capuchino Vermelho para explorar o medo que sempre tivemos do lobo. Sentado na clareira, exposto a todas as possibilidades e perigos, o público descobre uma outra versão deste clássico da literatura infantil. É através dos sapatos, dos chapéus, das calças e dos casacos dos atores que as paisagens, as personagens e os caminhos tortuosos do bosque desta história se revelarão. Uma viagem gestual e visual onde as formas teatrais se entrelaçam e nos levam no encalço do pequeno Capuchinho Vermelho…

4 Mãos. Foto: Artemrede

4 Mãos (António Jorge Gonçalves, Filipe Raposo)
27 de outubro | 16h00 | Alcanena (Cine-Teatro São Pedro)

Sinopse: Num diálogo íntimo entre o desenho digital em tempo real e o piano constrói-se um tipo de gramática que engloba tempo, estrutura, textura, abstração, evocação e emoção. O objetivo é tornar essa relação clara para todos. Seguindo uma estrutura básica previamente estabelecida, 4 Mãos apresenta o diálogo entre dois artistas num ambiente de improvisação e espontaneidade. Cada performance é um ato único de cumplicidade.

Modos de Ver. Foto: Artemrede

Modos de Ver (teatromosca)
29 de setembro | 14h00 e 18h30 | Alcanena (Cine-Teatro São Pedro)

Sinopse: Modos de Ver é uma forma inovadora de explorar os caminhos secretos de três localidades (Alcanena, Alcobaça e Sobral de Monte Agraço) na qual o espectador assume o papel de um fâneur contemporâneo. Diferentes pontos de partida que levam a diferentes experiências pessoais. Para cada participante, uma banda sonora composta de sons, músicas e vozes, criada pela equipa multidisciplinar do teatromosca a partir de uma pesquisa realizada localmente. É essa banda sonora que guiará os deambuladores neste audiowalk. A cada um deles será entregue um kit, que inclui um leitor MP3 e auscultadores. Entre o espaço público e o espaço privado, cada pessoa cria a sua própria narrativa, ainda que guiadas pela mesma voz. Cada um pode escutar diferentes sonoridades e percorrer diferentes trilhos. O grupo acaba por dividir-se, cruzando-se pontual- mente, observando-se mutuamente…

Areias. Foto: Artemrede

Areias (Imaginar do Gigante)
20 de outubro | 15h00 | Tomar (Cine-Teatro Paraíso) – preço: 3€

Sinopse: A menina bordava os nomes dos camelos debaixo das montanhas, onde o ouro se dilatava em os de água coloridos. Delicadamente, ela extraía das areias um tesouro submerso que os seus antepassados guardaram. Alquimista, destilava na abóbada celeste cores que navegavam o espaço em liberdade. E, pouco a pouco, os seus olhos abraçavam de cor todo o mar de areias. Um teatro visual, poético e contemplativo, sobre as cores que unem a Terra.

Eu é que conto. Foto: Artemrede

Eu é que Conto (Fértil Associação Cultural)
9 de outubro | 11h00 | Tomar (Complexo Cultural da Levada, auditório)

Sinopse: Uma senhora que coleciona livros sabe-se lá onde, vem para contar uma história. Mas como é muito distraída chega atrasada, acaba por tropeçar em tudo e, sem querer, entra numa outra dimensão, a da imaginação. Confusa e com outros personagens a invadi-la constrói uma história diferente, divertida e cheia de criatividade. Baseado nos contos dos irmãos Grimm e em histórias tradicionais portuguesas, Eu é que Conto proporciona um momento de teatro surpreendente.

OFICINAS

Oficina Lobo Mau. Foto: Artemrede

Lobo Mau (Red Cloud Teatro de Marionetas)
22 de setembro | 18h00 | Tomar (Cine-Teatro Paraíso) – preço: 3€ / inscrições: cineteatro
13 de outubro | 10h00 | Abrantes (Biblioteca Municipal António Botto) – inscrições: cultura@cm-abrantes.pt

Sinopse: A partir do universo da peça Lobo Mau, os participantes são introduzidos à técnica de animação por recortes e convidados a criar uma pequena animação. Dos 6 aos 12 anos.

Pangeia Lab. Foto: Artemrede

Pangeia Lab (Tiago Cadete, EIRA)
16 de outubro | 10h30 | Abrantes (local a anunciar)

Sinopse: Pangeia é um laboratório que tem como objetivo estimular o imaginário das diferentes comunidades de crianças a partir de histórias universais como O Rei Sapo, A Gata Borralheira, Rapunzel, O Capuchinho Vermelho ou A Bela Adormecida. Através deste exercício de memória coletiva, as histórias são construídas sob os pontos de vista dos objetos, representativos de cada história.

VÍDEOINSTALAÇÃO

Levada Sem Fim. Foto: Artemrede

Levada Sem Fim (António-Pedro)
6 de outubro | 15h00, 16h00 e 17h00 | Tomar (Complexo Cultural da Levada) – visita ao Complexo Cultural da Levada, espetáculo No Ateliê e vídeoinstalação Levada Sem Fim

Sinopse: Na Levada de Tomar há parafusos sem m que rodaram sobre si próprios vezes sem fim, mas agora estão parados. Adriano, atual guardião da Levada, chama o cisne Gualdino e dança bachata nas horas vagas. Antigos operários – serralheiros, eletricistas, fundidores, fresadores, moleiros – recordam velhas máquinas e as suas manhas. A evolução do trabalho, a decadência tecnológica, os colegas idos, os tostões, os patrões. O delegado sindical foi promovido a encarregado! Na fundição abandonada alguém bate solitário na bigorna. Indiferente, a água do rio continua a passar na Levada.

Sónia Leitão

Nasceu em Vila Nova da Barquinha, fez os primeiros trabalhos jornalísticos antes de poder votar e nunca perdeu o gosto de escrever sobre a atualidade. Regressou ao Médio Tejo após uma década de vida em Lisboa. Gosta de ler, de conversas estimulantes (daquelas que duram noite dentro), de saborear paisagens e silêncios e do sorriso da filha quando acorda. Não gosta de palavras ocas, saltos altos e atestados de burrice.

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