Pessoas dos 8 aos 80 anos, provenientes dos 13 municípios que integram a CIM Médio Tejo  (CIMT) participaram na tarde desta quarta-feira, dia 5 de outubro, na finalíssima das Olimpíadas do Médio Tejo em Jogos Tradicionais que teve como palco o refrescante Mouchão Parque, em Tomar.

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Vice-presidente da autarquia, Hugo Cristóvão deu o ponto de partida Foto: mediotejo.net

Os concelhos que arrecadaram mais prémios foram os de Tomar e Ferreira do Zêzere. Feitas as contas os vencedores anunciados por Augusto Figueiredo, presidente da Federação das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto do distrito de Santarém, foram os seguintes: Sacos de Corrida – Tomar; Pião – Tomar; Andas Verticais – Abrantes; Jogo da Malha – Sardoal; Jogo da Macaca – Sertã; Jogo do Enrola – Constância; Jogo do Burro – Ourém; Jogo da Compostela – Ferreira do Zêzere; Tracção à corda – Torres Novas e Badalada – Ferreira do Zêzere.

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Presidente da Câmara de Tomar entrega prémio a Andreia Veríssimo, participante de Ferreira do Zêzere Foto: mediotejo.net

“Estes jogos inserem-se numa lógica de intervenção e numa visão do desporto não apenas para competição mas essencialmente pela vertente do lazer, pela vertente social. É nesse sentido que as Olimpíadas do Médio Tejo começaram este ano envolvendo os 13 municípios”, disse Miguel Pombeiro, secretário executivo da CIM Médio Tejo  (CIMT), ao mediotejo.net acrescentando que existe já um consenso para, em edições futuras, integrar três novas modalidades: cicloturismo, orientação e natação.

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Tomás Barradas, do Sardoal, deu cartas no jogo da malha aos 72 anos Foto: mediotejo.net

Para Miguel Pombeiro, estas Olimpíadas têm ainda uma vertente de afirmação do próprio Médio Tejo, ou seja, que os seus habitantes ganhem uma maior “consciencialização” daquele que é o seu território.

“Os jogos tradicionais para além de desenvolverem do ponto de vista motor e físico, são um património que estamos a valorizar, estando aqui presentes pessoas dos 8 aos 80. Neste momento, está-se a desenvolver projectos em que os jogos tradicionais vão estar nas atividades extra-curriculares nas próprias escolas”, disse.

Tomar foi escolhida para palco desta Finalíssima dado que tem associações como, por exemplo, o CALMA (Clube de Actividades Lazer e Manutenção) já com uma grande tradição nesta área de jogos tradicionais, sendo também o concelho que já tinha iniciado os jogos tradicionais nas actividades extra-curriculares.

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Jogo da Macaca divertiu várias gerações de participantes Foto: mediotejo.net

A presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas, frisou que esta “é a primeira de muitas iniciativas em conjunto” que pretende levar a bom porto uma pretensão: candidatar os jogos Tradicionais a Património Imaterial, através da Confederação das Federações como forma de honrar os nossos antepassados  e “manter sempre viva a nossa cultura e as nossas tradições”.

A autarca realçou que este projecto se iniciou em Tomar junto dos alunos do Pré-escolar em conjunto com o CALMA mas que rapidamente foi abraçado pela CIM Médio Tejo e pelos 13 concelhos que a compõem.

Mais do que os prémios, os participantes realçaram o convívio que esta iniciativa, promovida pela CIMT, lhes proporcionou ao longo das eliminatórias realizadas ao longo dos últimos meses, e que culminou com a finalíssima durante a tarde do feriado da República, agregando no mesmo espaço pessoas de várias gerações. Umas recordaram os jogos da sua infância e outras aprenderam as brincadeiras de outros tempos.

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Equipa de Alcanena em competição no jogo da tracção à corda Foto: mediotejo.net

Andreia Veríssimo com 11 anos, de Ferreira do Zêzere, venceu o jogo da Badalada, que consistia em atirar e acertar com bolas num sino, de modo a ouvir as badaladas. “Foi só agora que tomei conhecimento deste jogo. O mais difícil é mesmo acertar no sino. Foi um dia diferente. Eu até tinha dito que não queria participar mas acabou por ser muito divertido”, contou.

Cada jogo tem uma explicação. O jogo da Compostela –  por exemplo, é um jogo tradicional de Tomar em homenagem aos caminheiros de Santiago de Compostela que quando chegavam a Tomar vinham com os pés cansados , enquanto descansavam, os filhos aproveitavam para lhes encher as botas de água.

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Jogo do Pião atraiu muitas atenções Foto:mediotejo.net

No jogo do Pião, destacava-se a presença feminina de Maria do Céu Torcato, de Ourém. “Aprendi a jogar o pião quando era pequena porque os meus amigos eram rapazes ao invés de serem raparigas. É uma pena que hoje em dia já não joguem isto”, refere, acrescentando que é necessário ter pontaria para conseguir tirar um pião de um círculo através de outro pião.

No jogo do burro, a representar o concelho de Mação encontrámos Augusto Cruz, de 67 anos. “Não treinei muito jogava este jogo quando era criança. Estes jogos são um bom entretém para os mais jovens, desviando-os das más companhias”, atesta.

Do Sardoal, encontrámos um dos participantes mais velhos desta tarde. Com 72 anos, Tomás Barradas, deu nas vistas pela perícia com que jogava à malha. Acabou mesmo por ser sagrar campeão nesta tarde.

Mariana Afonso, uma das vencedoras da tarde, representante do concelho da Sertã, jogava à Macaca quando era criança. Hoje, com 30 anos, reviveu este jogo da sua infância. “Já não jogava há mais de 20 anos. É um gosto estar a reviver cada salto que nós demos. Conseguimos juntar um grupo de amigos num convívio diferente”, destacou.

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Augusto Figueiredo entregou um Kit com 20 jogos tradicionais ao secretário executivo da CIM Medio Tedio, Miguel Pombeiro Foto: mediotejo.net

O presidente da Junta de Freguesia da Sabacheira, António Graça, acompanhava de perto a exibição dos participantes “da casa”. “Relembrar jogos aos mais antigos e mostrá-los aos mais novos. Basicamente, é uma diversão”, considera, acrescentando que a representar Tomar estiveram, maioritariamente, pessoas das freguesias de Sabacheira e Além da Ribeira/Pedreira. “Ganhar é sempre importante mas a diversão ainda supera isso”, referiu.

Rodrigo Costa, de Tomar, foi o vencedor do Jogo do Saco. Nunca tinha experimentado mas a prova correu-lhe bem e acabou mesmo por ganhar contra os concorrentes de outros concelhos.

Augusto Figueiredo considerou esta como uma iniciativa histórica. “Daqui a cinco ou dez anos, o que aqui vivemos, vai ser uma referência. Porque a CIM Médio Tejo assumiu o desafio de fazer parte da história dos Jogos Tradicionais em Portugal, com vista a que dentro do mais curto espaço de tempo, “os nossos jogos tradicionais possam ser candidatos a Património Imaterial”. No total, foram realizadas 14 iniciativas, uma em cada município e a finalíssima. O responsável realçou a competência técnica do CALMA que ajudou na organização.

Este projeto da CIM MédioTejo decorreu com a colaboração dos municípios e associações desta região, bem como de outros parceiros fundamentais, designadamente: Federação Portuguesa dos Jogos Tradicionais; Instituto Português do Desporto e Juventude; Comité Olímpico de Portugal; Plano Nacional de Ética no Desporto; Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto; e a Federação das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto do Distrito de Santarém.

Elsa Ribeiro Gonçalves

Aos 12 anos já queria ser jornalista e todo o seu percurso académico foi percorrido com esse objetivo no horizonte. Licenciada em Jornalismo, exerce desde 2005, sempre no jornalismo de proximidade. Mãe de uma menina, assume que tem nas viagens a sua grande paixão. Gosta de aventura e de superar um bom desafio. Em maio de 2018, lançou o seu primeiro livro de ficção intitulado "Singularidades de uma mulher de 40", que marca a sua estreia na escrita literária, sob a chancela da Origami Livros.

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