O ano de 2020 tem sido um ano muito difícil. Acredito que todos e todas desejamos que entre depressa o novo ano e que com ele se renove a esperança.
Mas parece que ainda há espaço para que o nosso espanto se manifeste perante notícias que até custam a acreditar. Foram mortos 540 animais (veados e javalis) numa herdade fechada na Azambuja. E quem os matou exibe fotos dos cadáveres e posa sorridente frente aos despojos.
Como é possível, na nossa época, na entrada da 3.ª década do século XXI, assistirmos a este exemplo de barbárie? Paremos um pouco. Quem participa numa caçada para abater 540 (!!) animais que ideia tem do Mundo? E depois alinha os cadáveres e tira fotos para difundir nas redes sociais. Que valores está esta gente a transmitir?
Tudo é feito dentro dos muros de uma herdade privada (que no passado já produziu para alimentar muitas famílias), onde só entram “convidados” e, pelo que se vai sabendo pelas notícias, não é a primeira vez. Parece que existe uma iniciativa económica para o local e os animais que ali vivem e que serviram para as caçadas, também um negócio, têm que ser despachados depressa e então há que matá-los em massa. O dinheiro sempre no comando.
A indignação não tardou e expressou-se por todo o país, incluindo muitos caçadores. O Ministro veio a público dizer que se trata de um crime ambiental. Esperemos então que se faça justiça e de forma rápida.
A forma como se tratam os animais diz muito sobre os seres humanos. O desprezo pela natureza, a supremacia da força das armas, o gosto pela matança e o gosto pela exibição da matança interpela-nos directamente. Olhamos de frente e tomamos posição ou fingimos que foi apenas um excesso?
Pensemos nisto e preparemo-nos para 2021.
Boas Festas