Os pais de uma menina de 14 meses que sofre de uma leucemia rara, residentes em Santarém, têm em curso uma campanha para tentar encontrar um dador de medula óssea que seja compatível com a criança.
“Não há terapêutica eficaz para a doença da Maria”, um tipo raro de leucemia – mielomonocitica juvenil -, que afeta os monócitos (células do sistema imunológico), “o que acontece em 2% dos casos de leucemia infantil”, disse a mãe, Rita Mota.
Numa “corrida contra o tempo”, a família criou uma página no Facebook, que tem perto de 25.000 seguidores – https://www.facebook.com/SalvaraMaria/ -, onde promove e divulga campanhas, em Portugal e no estrangeiro, para que aumente o número de dadores.
“É preciso desmistificar medos. Há quem pense que ser dador de medula é quase como dar um órgão ou que corre riscos, como ficar paralisado. Há muitos mitos que é preciso desfazer”, disse Rita Mota.
Diagnosticada em 28 de dezembro, a doença da Maria tem sido acompanhada pelo Instituto Português de Oncologia (IPO), em Lisboa, onde, segundo Rita, foram seguidos apenas três casos desta doença em crianças, tendo uma delas resistido três meses e outra quatro anos sem que tivesse aparecido o dador que a pudesse salvar.
“80% a 90% não resistem mais que um ano”, daí o apelo que se tem multiplicado pelo país, com recolhas a decorrerem em muitos locais (num calendário disponível na página SalvaraMaria), alertando Rita Mota para a necessidade de se indicar expressamente que se pretende ser dador de medula.
Para esta quarta-feira, estão agendadas colheitas de sangue em Torres Novas (na escola secundária Maria Lamas), no hospital do Barreiro, em Aveiro, na Ericeira (EB2,3), na junta de freguesia do Covelo, em Gondomar, seguindo-se, na quinta-feira, Portalegre (escola secundária), na sexta-feira, Lagos (também na escola secundária) e sábado nos bombeiros da Golegã, entre vários outros locais.
Os pais da Maria sublinham que, ao alargar a base de dados de potenciais dadores, podem também ser ajudadas outras pessoas.
Para se ser dador de medula óssea basta ter entre 18 e 45 anos (os já inscritos podem doar até aos 55 anos), pesar no mínimo 50 quilos, não ser portador de doenças crónicas ou auto imunes e não ter recebido uma transfusão de sangue desde 1980.
Quem já é dador de sangue, deve fazer novamente uma colheita, pois é necessário saber qual o código sanguíneo relativo às células-mãe dos glóbulos brancos. Saber apenas qual o tipo sanguíneo que possui, não é suficiente.
Apesar de se falar de transplantação de medula óssea, de facto o que se faz é uma transfusão no doente de células progenitoras retiradas da medula do dador. Estas células saudáveis vão substituir as células doentes e são responsáveis pela formação de novas células saudáveis. Mas para que o transplante tenha sucesso, as células saudáveis devem ser o mais possível compatíveis com as células do doente.
Na página SalvaraMaria é ainda explicado que aproximadamente 80 por cento de todos os doentes têm, pelo menos, um potencial dador compatível. Esta percentagem subiu significativamente (em 1991 era 41 por cento) depois do esforço que foi feito mundialmente no recrutamento de dadores.