Barco Picareto de Ortiga (Mação) foi vencedor da Final distrital do concurso distrital das 7 Maravilhas da Cultura Popular. Foto: CM Mação

O barco Picareto de Ortiga, Mação, venceu a final distrital de Santarém do Concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular e é assim um dos semifinalistas nacionais deste concurso transmitido para todo o mundo pela RTP. A Câmara Municipal de Mação foi a promotora desta candidatura e o mediotejo.net falou com o presidente Vasco Estrela sobre a importância desta vitória às portas de inaugurar o Núcleo Museológico em Ortiga onde o picareto é peça central.

Construído pela arte dos mestres calafates de Ortiga, o tradicional picareto é um barco utilizado para pesca no rio Tejo, e era construído naquela freguesia para dar meio às famílias de pescadores para conseguirem ir para a faina ou para se atravessar de uma margem à outra, servindo de meio de transporte privilegiado à época. Ontem venceu a final distrital de Santarém do Concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular e é assim um dos semifinalistas nacionais deste concurso transmitido para todo o mundo pela RTP.

Esta passagem do barco picareto à semifinal nacional do Concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular “foi um momento de alegria”, afirma o presidente da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela. “O reconhecimento da excelência da candidatura que apresentámos. Cardigos também obteve um bom resultado, ficando em quarto lugar”, notou.

Para o autarca, lembrando o trabalho de Manuel Fontes, esta vitória “é importante para valorizar o que temos, no caso esta tradição relacionada com a pesca, o barco, a apresentação que fizemos, a excelência do trabalho de muitas pessoas. Tentámos passar a nossa mensagem, aquilo que tínhamos para mostrar, e agora estamos na luta, para ver até onde vamos”.

Um reconhecimento que representa “um bom impulso para o Núcleo Museológico e para a preservação do picareto de Ortiga. Há coincidências na vida e ironias do destino. Éramos para ter inaugurado o Núcleo Museológico em abril [de 2020] mas fruto do momento que estamos a viver tivemos de adiar para uma data que será algures em setembro. E tinha acabado de adjudicar há dois dias os passadiços de Ortiga (com data prevista de conclusão no início de 2021). Está tudo relacionado!”, observou Vasco Estrela.

Vasco Estrela, presidente CM Mação. Foto: mediotejo.net

Em Ortiga ainda se dedicam à pesca “3 ou 4 famílias. Na reconstrução dos passadiços está projetada a recuperação das casas dos pescadores, para dar uma maior dignidade que nunca ali existiu e para preservar a memória daquilo que foram famílias inteiras que viveram da pesca naquela região. Histórias de vida extraordinariamente difíceis, pessoas que no inverno em condições muito precárias faziam da pesca o seu ganha pão e o seu modo de sua vida. Este também é um prémio de homenagem a centenas de pessoas não só de Ortiga mas de toda a zona ribeirinha”, considerou.

O presidente classifica de “bom” o resultado do picareto porque “vem dar um pouco de razão aos investimentos que a Câmara está para inaugurar na Ortiga. Também uma boa forma de ajudar a puxar mais por este projeto, dar mais visibilidade ao Núcleo Museológico e estimular a fazermos coisas relacionadas com o Núcleo Museológico” designadamente “de uma forma mais educacional para a ajudar a preservar a memória que ali está bem viva”.

O Núcleo Museológico de Ortiga pertencerá ao Museu de Mação e Vasco Estrela fala “num conjunto de atividades paralelas que podem ser desenvolvidas, tirar partido daquilo que foi a visibilidade que o picareto já teve, e que ainda vai ter e a partir daqui começarmos a desenvolver outro tipo de projetos” considerando que esta vitória veio “picar” e “responsabilizar” o Município de Mação.

Vasco Estrela deixou ainda uma nota às velas de Cardigos notando ser uma tradição “com muito anos de atividade que hoje está a ganhar um novo impulso” com duas fábricas na zona industrial de Cardigos ligadas à produção de velas em contextos diferentes. Motivo “de orgulho” para o concelho e também razão para o Município de Mação “não deixar cair a tradição” disse.

O presidente frisou “a valorização do território, do património, daquilo que é nosso. Ontem Mação mostrou ao País e ao Mundo um conjunto de potencialidades à nossa dimensão, uma imagem que nos deve deixar orgulhosos” revelando que Mação “é muito mais do que os incêndios que muitas vezes nos fustigam”.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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