Potenciar o sucesso escolar, evitar o abandono e estabelecer uma relação de proximidade com os pais e a comunidade para consolidar a aprendizagem e a formação são pontos orientadores do Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas Verde Horizonte, em Mação, apresentado na quinta-feira.
O Centro Cultural Elvino Pereira recebeu na quinta-feira à noite membros do corpo docente e alguns encarregados de educação, bem como membros do executivo municipal para assistir e discutir a estratégia para o novo ano letivo 2016-2017.
José António Almeida, diretor do Agrupamento de Escolas, foi o orador da sessão, fazendo referência à organização/distribuição de turmas para o novo ano letivo,bem como à organização do agrupamento, descentralizado pelas Escolas de Carvoeiro e Cardigos, Escola Básica de Mação e E.B. 2/3 + S.
O também deputado da assembleia municipal maçaense frisou que existem dois desafios sequenciais neste projeto: “evitar o abandono e permitir o sucesso”.
“Queremos poder passar de uma função de guarda para uma função educativa”, afirmou José António Almeida, fazendo notar que a escola se constitui de uma comunidade muito heterogénea, com alunos provenientes de “3 distritos, 3 regiões diferentes e 6 concelhos”, fora aqueles que têm outras nacionalidades e ideologias.
“Este projeto foi construído com dois pilares: visão e missão”, disse, explicando que se pretende “potenciar capacidades [nos alunos], fornecer ferramentas, para prosseguimento de estudos ou integração no mercado de trabalho”, bem como “acolher todos os alunos, proporcionar um percurso escolar de sucesso, potenciar desenvolvimento das aptidões e capacidades”.
Recorrendo a uma apresentação projetada, em Powerpoint, o diretor do agrupamento mostrou dados concretos, entre eles, os 87 formadores – 75 professores, 12 técnicos especializados, 28 assistentes operacionais do Ministério da Educação e 24 assistentes operacionais da parte da CM Mação. Na mesma tabela se pôde verificar que o número de alunos de ensino profissional se sobrepõe ao número de alunos de ensino regular.
Para a construção do projeto educativo de Mação foram tidos em conta os resultados escolares e a indisciplina, e para tal são preparadas iniciativas internas que possam ajudar à concretização da missão do Projeto Educativo: aumentar a taxa de sucesso escolar e diminuir o abandono.
“O projeto âncora do agrupamento é o Projeto Aluno 100%”, admitiu José António de Almeida, que pretende reconhecer o aluno que seja assíduo, que tenha bom aproveitamento escolar, que tenha comportamento exemplar e que seja considerado um exemplo para os colegas. “Temos também alguns prémios, oficinas e clubes e o o Plano de Ação Estratégica”.
A atividade educativa, seguindo a linha de atuação do agrupamento, assenta em três grandes áreas, a assiduidade, o comportamento e o aproveitamento, algo que depende não só dos docentes, mas também dos pais e encarregados de educação, da comunidade e da autarquia, mencionou o diretor.
“É necessária toda a aldeia para educar uma criança”
José António Almeida disse, em declarações ao mediotejo.net, que esta sessão teve como objetivo “pedir apoio aos pais”.
“Nós sem as famílias não vamos conseguir fazer o trabalho efetivo e verdadeiramente eficiente/eficaz com os alunos. Se tivermos em casa um eco daquilo que nós fazemos na escola, os resultados são claramente melhores”, daí se justifica “a disponibilidade em vir aqui apresentar as nossas práticas e os nossos projetos, e de certa forma, mostrar as nossas motivações, as razões porque optamos por esta ou por aquela medida”.
Com a apresentação do Projeto Educativo o diretor do Agrupamento de Escolas Verde Horizonte quer “desencadear nos pais a vontade em colaborar, em fazer bem, porque o sucesso dos filhos depende muito da vontade e da entrega que têm a este projeto”.
Quando questionado pelo mediotejo.net sobre a receita para conseguir uma boa prestação e gestão de uma escola tão heterogénea, com alunos oriundos de “3 distritos, 3 regiões diferentes e 6 concelhos”, José António de Almeida referiu que há um “cuidado na oferta, oferecemos cursos diferentes dos outros agrupamentos. Por exemplo, nós temos um curso de formadora de esteticistas, não há em mais nenhuma escola se calhar em toda a região do Médio Tejo. Fazemos ainda formação de excelênca na área da mecânica, da mecatrónica, da saúde, da cozinha, com uma componente prática muito importante”, enumerou.
“Dezenas de alunos de Gavião, de Abrantes e Sardoal, muitos deles com a mesma oferta educativa nesses sítios, mas procuram-nos a nós, isso é fantástico”, revelou com satisfação.
“Escolhemos os recursos humanos com muito cuidado, gente com muita experiência, e depois damos condições de trabalho a quem vem trabalhar connosco. E depois temos gente motivada. Professores aqui presentes nesta sessão, vindos de Castelo Branco, da Covilhã, do Entroncamento, de Torres Novas, estão aqui. Conhecem o projeto mas marcam presença. Há toda esta envolvência, este ambiente de escola que contagia. E os alunos que frequentem uma vez a escola não a deixam mais”, destacou.
O Agrupamento de Escolas de Mação foi associado pelo Instituto de Aprendizagem ao Longo da Vida da UNESCO à Rede da UNESCO de Cidades da Aprendizagem, e para José António Almeida isso justifica-se pelas “práticas que defendemos e se enquadram nessa Rede, e Mação também é uma Cidade da Aprendizagem, porque tem um agrupamento como tem. Ou seja, temos a dimensão que temos, mas temos práticas muito interessantes e integradoras”, fazendo notar que se desenvolvem “projetos de articulação ao nível do Instituto Terra e Memória [do qual é vice-presidente], projetos de interligação e por isso torna Mação uma terra que se distingue pela capacidade de articular variados níveis de ensino, desde o pré-escolar até ao pós-doutoramento”.
Vasco Estrela, presidente da CM de Mação, esteve também presente na sessão. A autarquia investe anualmente 450 mil euros na educação e foram divulgados apoios: 230 alunos das escolas e jardins-de-infância de Mação vão ter este ano refeições escolares gratuitas, apoio à aquisição dos livros escolares a todos os alunos do concelho do 1.º ciclo do ensino básico e o transporte gratuito para a escola a todas as crianças em escolaridade obrigatória e ensino profissional, residentes no concelho de Mação ou concelhos limítrofes.
O autarca referiu que é obrigação da câmara municipal “dentro das suas possibilidades económicas e dentro da sua disponibilidade material e logística” ajudar a escola a “ganhar as melhores condições possíveis para desempenhar a sua missão, na certeza que tendo essas condições, poderá assegurar que as crianças e jovens do nosso concelho possam ser melhor preparados para o futuro”.
No que toca aos apoios autárquicos prestados, Vasco Estrela assume que a autarquia não era obrigada a fazê-lo, “mas entendemos politicamente que é importante uma aposta de futuro (…) o nosso Plano Estratégico também aponta nesse sentido. É uma valorização para a escola, para os alunos, para o concelho, uma vez que criamos condições para que sejamos um concelho mais atrativo e que as famílias se possam sentir bem a viver em Mação e ter os seus filhos a estudar em Mação”, concluiu.
Quanto ao acolhimento de alunos dos concelhos vizinhos, o autarca referiu que “implica um esforço por parte da Câmara Municipal que não é de menosprezar, há uma aposta de valorizar a nossa escola e torná-la atrativa. É uma aposta política, uma decisão nossa, para que a escola de Mação seja pujante, uma escola de futuro”, sublinhou.