É já uma tradição que centenas de pessoas não falham e que deixam marcado na agenda, de ano para ano. A marcar o final do verão, há um festival, que não precisa de música, nem de baile, para fazer sucesso. A rainha é a chamada “cabra velha”, que é como quem diz a bela da Chanfana à Queixoperra. No passado sábado, dia 29 de setembro, foi dia de casa cheia no CRC de Queixoperra e as inscrições bateram o recorde de outros anos.
Esta que foi a quinta edição do evento voltou a juntar centenas de pessoas enchendo por completo o salão da coletividade local. Depressa houve lotação esgotada. Nas semanas antecedentes, 300 comensais haviam confirmado a sua presença e mais de 200 pessoas já não conseguiram reservar lugar.
“Este ano tivemos ainda mais inscrições do que os anos anteriores”, admitiu Rui Silva, do Centro Recreativo e Cultural de Queixoperra, facto a que não será alheia a notícia do convite enviado para a Presidência da República. Mas Marcelo, sempre muito requisitado, informou não poder comparecer por indisponibilidade de agenda.

Quanto à lotação e adesão dos participantes, Rui Silva referiu que “o espaço é limitado, e este ano, como estava bom tempo, conseguimos montar algumas mesas fora do salão e pudemos receber ainda mais gente, mas o nosso principal objetivo não é servir muitos jantares. A prioridade é servir bem, com qualidade”, afiançou.
O evento é totalmente assegurado por voluntários, membros da associação local e não só, já que há muito trabalho envolvido. Este ano foram sacrificados 9 animais, num total de 210 quilos de carne, cozinhados e preparados com 80 kg de batatas, 30 kg de cebolas, 2 kg de alhos, louro, hortelã, salsa, orégãos e outras ervas q.b.

Para a salada foram confecionados 35 kg de tomate, 15 kg de alface, e servidos 45 kg de pão, ao que acresceu 4 kg de Arroz Doce para sobremesa mais 75 kg de melão para os mais saudáveis. E a pensar em não gosta de chanfana, a ementa contou com frango assado acompanhado de arroz e salada.
Regina Martins, devidamente auxiliada por Lurdes Vicente e Armando Carvalho, é a responsável pela confeção da iguaria, verdadeiro património gastronómico da aldeia, cuja receita, ao contrário do que acontece mais a Norte, é preparada em grandes panelas, onde fica a cozer durante várias horas.

“Cozinhar para tanta gente não é complicado, asseguram, vem tudo com a prática”, garantiu Regina Martins. “Como misturamos carnes de animais com idades diferentes, o mais difícil é deixá-la no ponto certo de cozedura, nem desfeita nem o contrário”, acrescentou.
Não houve comensal que não afirmasse que estava ótima, mais uma vez. E quem não conseguiu lugar à mesa, não saiu defraudado, pois pôde levar chanfana para casa.
À mesa juntaram-se apreciadores de vários pontos do país, de norte a sul. Tal como nas edições anteriores, há quem venha de bem longe só para se deliciar com a chanfana à moda desta aldeia.
Jorge Alves vem todos os anos de Coimbra, de propósito, só para participar no evento. Enquanto se ia conversando, lá dividia os elogios entre a chanfana que acabava de ser servida e a dinâmica da aldeia natal dos sogros. “É uma aldeia viva”, disse.

Quanto ao afamado festival, que é imagem de marca da pequena aldeia, parece ter futuro garantido só pelo garante de participantes. “O Festival ganhou fama e a cada ano as inscrições fecham mais cedo”, garantiu Rui Silva, membro da organização. “Neste momento é das principais iniciativas do CRCQ, a par da Festa de Verão e do Passeio Pedestre na Sexta-Feira Santa”.
Desde a primeira edição, em 2014, que a organização conta com o apoio da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal de Mação, não só para a realização do Festival como para a maioria das atividades levadas a cabo na aldeia.

* Com co-autoria de Berta Silva Lopes