O Núcleo Museológico de Ortiga, que nasceu da conversão do edifício da antiga escola primária da aldeia, vai ser inaugurado esta sexta-feira, dia 18 de dezembro. Esta é considerada pela autarquia uma obra de “enorme importância” pela “preservação do património da freguesia de Ortiga e daquilo que foi modo de vida de muitos ortiguenses, numa homenagem aos homens e mulheres que ‘viveram’ no rio e do rio, assim como o reconhecimento da importância económica e social do rio e da pesca” para esta aldeia ribeirinha, com o Tejo aos pés.
O espaço já estava concluído em agosto, tendo sido ultimados pormenores da exposição permanente que irá estar instalada no equipamento, e que conta com contributo das gentes de Ortiga e da Junta de freguesia, bem como da equipa do Museu de Mação na organização e seleção das peças e artefactos expostos.
No final do verão o município esperava inaugurar o espaço, mas a pandemia de covid-19 veio atrapalhar os planos, adiando o momento, que o autarca Vasco Estrela (PSD) já havia admitido que deveria ser “comedido” devido ao contexto pandémico.
O Núcleo Museológico de Ortiga representa um investimento de cerca de 230 mil euros, que converteu a antiga Escola Primária de Ortiga, freguesia ribeirinha com o rio Tejo aos pés, num museu das Artes da Pesca Tradicional, algo que está “intimamente ligado à história daquela localidade e às suas gentes”, sendo que fora esta arte que alimentara muitas famílias, que toda a vida se dedicaram à pesca no rio Tejo.

O edifício da escola primária manteve a sua estrutura principal, e o interior foi adaptado a várias zonas, como a zona de receção. O museu terá duas salas: uma servirá uma exposição permanente sobre as artes da pesca e a tradição e cultura locais, enquanto a segunda albergará outras atividades ligadas à temática do núcleo.
Também um espaço a norte da estrutura principal deve albergar instalações sanitárias de apoio bem como um espaço de anfiteatro para usufruto da comunidade ortiguense.
A requalificação do exterior incluiu uma cobertura, onde estará instalado um barco picareto, tradicional de Ortiga, obra do falecido e último mestre calafate de Ortiga, Ti’ Manuel Fontes, cujo espólio integrará certamente a exposição permanente do museu.
“Será uma mais valia para o concelho”, crê Vasco Estrela.
Por outro lado, recorde-se que já está a decorrer a obra do passadiço de Ortiga, criando a Rota das Pesqueiras e Lagoas do Tejo.

Trata-se de um projeto orçado em cerca de 400 mil euros, incluindo a requalificação da praia fluvial de Ortiga e envolvente, que o autarca Vasco Estrela espera que no primeiro semestre de 2021 possa estar concluído. Este novo atrativo turístico conta com projeto da autoria do atelier Modo Associados arquitetura + engenharia, sediado em Sardoal.
Segundo Vasco Estrela irá ser instalado um passadiço ao longo da margem direita do rio Tejo, enquanto fio condutor de uma visita com direito a miradouro sobre o rio, sobre as pesqueiras tradicionais e de ligação às Lagoas do Tejo, aos pés de Ortiga, onde a pastorícia sempre foi imagem de marca e onde os jovens aproveitavam para se banhar durante o verão.
O passadiço “irá proporcionar às pessoas visitar as pesqueiras, desfrutar da paisagem e da margem do rio, e ainda dá a possibilidade das pessoas conviverem melhor com o Tejo e com o ex-libris que o concelho tem, um pouco escondido, que são as Lagoas”, diz Vasco Estrela.

Esta rota irá ainda permitir ligação às casas de pescadores que restam, o chamado Bairro dos Pescadores, onde outrora viviam famílias inteiras. Com o passar dos anos muitos faleceram, outros mudaram de vida e dali saíram.
A Rota das Pesqueiras e das Lagoas do Tejo surge como complemento do Núcleo Museológico de Ortiga.