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Começa esta semana o Festival de Filosofia de Abrantes, que decorrerá entre os dias 9 e 18 de novembro, certame programado e articulado entre o Município de Abrantes, através da Biblioteca Municipal António Botto, Município de Mação, Município de Sardoal, Clube de Filosofia de Abrantes e a Palha de Abrantes – Associação de Desenvolvimento Cultural. O programa inclui uma conferência em Mação, que decorre este sábado, dia 10 de novembro, pelas 10h00, no auditório do CC Elvino Pereira.

Com moderação da socióloga Vera Dias António, existirão duas sessões tendo como oradores Gonçalo Marcelo, que abordará o “Impacto Social da Quarta Revolução Industrial: Desafios Éticos e Políticos” e Steven S. Gouveia, cuja temática se centra no “Transhumanismo e Inteligência Artificial: pressupostos filosóficos e consequências éticas”.

Gonçalo Marcelo “fará um ponto de situação sobre algumas das previsões associadas à quarta revolução industrial e à forma como ela provavelmente transformará radicalmente o mercado de trabalho, incluindo a possibilidade de aumento significativo do chamado “desemprego tecnológico”, isto é, da destruição de postos de trabalho devido à substituição das pessoas pelos processos de automatização e robotização em algumas tarefas”, ao passo que também se discutirão “os desafios éticos e políticos desta revolução, mencionando igualmente o aprofundamento e renovação do Estado Social e a implementação de um rendimento básico incondicional como possibilidades a considerar neste contexto”.

Já Steven S. Gouveia irá abordar “a possibilidade lógica e empírica de uma verdadeira inteligência artificial” bem como o “impacto que este tipo de tecnologia poderá causar na definição de ser humano (que supõe uma naturalidade que contraria uma suposta artificialidade) através de uma série de tecnologias que têm surgido no panorama mediático (e.g. a hipótese do mind-uploading, a criopreservação cerebral, a singularidade tecnológica, etc.)”.

Por fim, o orador também terá como foco “a desconfiança de que todas estas tecnologias supõem pressupostos filosóficos bastante dúbios e que devemos olhar para estas propostas com mais cepticismo. Esta conclusão sairá da nossa prova de que, geralmente, os investigadores da inteligência artificial e áreas subjacentes (ciências da computação, informática, ciência cognitiva, etc.) assumem diversas teses sobre o funcionamento do nosso cérebro que podem estar profundamente equivocadas. Sugere-se que estes investigadores simplificam em demasia a complexidade computacional do sistema nervoso central e periférico”, lê-se na síntese citada em nota de imprensa.

Entre teses transhumanistas, a ideia de que a morte é como uma doença que deve ser erradicada o quanto antes e os argumentos de Epicuro e Lucrécio sobre a morte, o autor partirá para a argumentação “de que é necessário começar a pensar rigorosamente estes temas que marcarão as próximas décadas e que poderão ser decisivas para o próprio futuro da humanidade como a conhecemos nos nossos dias”, termina.

Recorde-se que a edição deste ano do Festival de Filosofia de Abrantes tem como temática “A inteligência artificial, o trabalho e o humano”, e conta com o Alto Patrocínio da Presidência da República e a atribuição de um prémio de vida a Eduardo Lourenço.

Consulte aqui o programa completo:

Abrantes | Festival de Filosofia debate a inteligência artificial, o trabalho e o humano

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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