Durou pouco tempo a alteração de toponímia que havia sido aprovada em reunião de executivo camarário, após pedido da Junta de Freguesia, durante o mandato do executivo liderado por José Ferreira (PSD). A população ficou descontente, disse não ter sido auscultada, e a dita rua ficou com o nome de Manuel Rosa Eusébio, fundador da fábrica de pimentão sita em Estação de Ortiga, em jeito de homenagem. Acontece que um abaixo-assinado veio retroceder a decisão da autarquia, após parecer do atual presidente de Junta, Rui Dias (PS).
O pedido fora feito pelo genro de Manuel Rosa Eusébio, segundo o mediotejo.net conseguiu apurar, mas foi chumbado em Assembleia de Freguesia. Facto que fora ignorado pelo anterior presidente de Junta, que enviou o pedido de alteração de toponímia para a aprovação em executivo camarário.
Na altura a Câmara aprovou este pedido, e a Rua das Fábricas acordou certo dia com outro nome na placa, que fora colocada à socapa por um funcionário da Junta de Freguesia. Algo que deixou os ortiguenses revoltados.
Em declarações ao nosso jornal, Rui Dias (PS), atual presidente de Junta de Freguesia de Ortiga, esclareceu que a autarquia lhe havia pedido um parecer após ter sido dirigido à Câmara um abaixo-assinado contra esta alteração.
Segundo Rui Dias houve vários indicadores que “não fundamentavam a mudança de toponímia, nomeadamente o facto de o assunto ter sido chumbado em Assembleia de Freguesia [com anterior executivo PSD] e ainda assim ter ido a aprovação em reunião de Câmara”.
Por outro lado, o descontentamento da população foi subindo de tom, e foram sendo pedidas explicações ao atual presidente sobre este tema, algo que refere não ter sido sua responsabilidade, pois não ocupava na altura o cargo. “Deviam ter-se queixado ao antigo executivo, pois foi aí que tudo aconteceu”, lamentou Rui Dias, que relembrou as inúmeras manifestações contra a alteração de toponímia durante eventos promovidos pelo atual executivo da Junta de Freguesia.

Por outro lado, Rui Dias deu conta que “em toda a Ortiga apenas duas ruas têm nomes de pessoas, o povo não gosta destas coisas, há outras formas de enaltecer”, referiu.
Na reunião de Câmara de 28 de novembro, o presidente do município Vasco Estrela (PSD) referiu-se a este assunto como “aborrecido”, referindo que foi algo da responsabilidade do anterior executivo municipal, o qual liderou também, e que contou igualmente com Vasco Marques (PSD) enquanto vereador e António Louro (PSD) enquanto vice-presidente.
“Na altura tomámos uma deliberação, e assumimo-la, na íntegra, de alterar o nome da Rua das Fábricas para Rua Manuel Rosa Eusébio, porque na altura – seguindo aliás o que estava na lei – houve uma deliberação da Junta de freguesia, para que o nome mudasse. E a Câmara, nesses casos, não tem a pretensão de exercer o seu poder de forma ‘autoritária’, e entendeu por bem aceder à pretensão da Junta de freguesia”, contextualizou, lembrando que a lei indica que “compete à Câmara a denominação das ruas, praças e outros lugares, após o parecer das Juntas de freguesia, apesar de não ser vinculativo”.
Vasco Estrela frisou que houve alguma “celeuma” criada entre “alguns moradores daquele local”, tendo a Câmara sido “acusada de várias coisas nas redes sociais e não só, nomeadamente de autoritarismo, por não termos consultado as pessoas”.

“A partir do momento em que a entidade administrativa, que é a Junta de freguesia, que representa as pessoas, toma aquela decisão… partimos do princípio que houve ali, em termos democráticos, a posição devida”, notou, acrescentando que, na altura, “disse que se houvesse uma reversão na decisão da Junta, se voltasse atrás e desse o dito por não dito, a Câmara deveria ter o mesmo procedimento (…) Neste sentido é isso que proponho, que a Câmara volta a estabelecer a denominação da rua como a Rua das Fábricas”, terminou, caraterizando este episódio como “surreal e descabido”, uma vez que “andamos para a frente e para trás consoante a força política ou as pessoas que estão à frente dos órgãos”.
A tomada de posição proposta e aprovada por unanimidade, disse o autarca, deveu-se a uma questão de “coerência”, esperando que não venha “a causar problemas às pessoas” no que toca a mudança de morada ou atualização de documentos pessoais.
Vasco Marques (PSD), vereador da CMM, interveio lembrando que “outros moradores se mostraram agradados com a alteração de toponímia [para enaltecer Manuel Rosa Eusébio] (…) temos de estar todos conscientes que estão a aceder, como fizemos no passado, ao pedido da Junta em representação da população. Certamente, não será de toda a população, e como em todas as decisões, há sempre uns que ficam felizes e outros não”, concluiu.
Que o Povo se indigne também por razões de peso. Da mesma forma, os responsáveis autárquicos ouvirão e reverterão a actual politica do “deixa andar” que nós (eles) estamos bem. Desassossego social, até termos o direito de ver a nossa vida melhorar.