Foto: Joana Rita Santos/mediotejo.net

Após o incêndio que afetou Cardigos no final de julho do ano passado, devastando o que restava de área verde no concelho de Mação depois dos fogos de 2017 terem arrasado mais de 90% do território, ainda há questões por resolver. A floresta já regenera, as pessoas retomaram o cuidado com as terras, o cultivo e o gado, mas cinco habitações ardidas aguardam apoios para a reconstrução e entrega aos proprietários. Vasco Estrela, presidente da CM Mação, diz lamentar que o processo com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) esteja a demorar mais do que o esperado, recheado de burocracia. O autarca fala em tristeza por duas pessoas de duas dessas habitações terem falecido já, sem terem visto o seu problema resolvido.

O autarca já havia dado indícios de que o processo com o IHRU estava a atrasar-se, revelando alguma preocupação pela demora na entrega das casas aos lesados pelo fogo de 2019 em Cardigos. Acontece que, das cinco casas ardidas, continua-se a entregar documentos e a desenvolver procedimentos que se arrastam no tempo, havendo já proprietários/habitantes falecidos este ano.

“Os processos ainda não estão concluídos, e são processos altamente burocráticos. Nada teve a ver com os processos de 2017, porque desta vez está centralizado no IHRU. Estamos em articulação com as pessoas, a reunir uma vez mais os documentos necessários para que haja financiamento para recuperação daquelas habitações”, diz o edil.

Vasco Estrela sublinha que há pessoas à espera de ver o caso resolvido e tratado, para poderem usufruir novamente das habitações, já que outros não tiveram a mesma sorte. “Lamento que já tenham falecido duas pessoas de duas dessas habitações por recuperar, que tinham expetativa de ver os assuntos resolvidos. Infelizmente não viram”, assume.

“Não culpo ninguém, acho que houve muitas burocracias pelo meio e devia haver uma agilização de procedimentos que efetivamente não houve”, adianta o autarca, ainda que considere que “este processo será mais moroso do que o referente aos incêndios de 2017, e os benefícios para as pessoas não serão os mesmos. Parte daquilo que vai ser disponibilizado será financiamento reembolsável por parte do IHRU. Cada caso será um caso, e ainda não está bem fechado o desenho final”.

Apesar de tudo, Vasco Estrela diz também perceber os constrangimentos causados pela pandemia de covid-19, bem como das novas competências endereçadas para o IHRU, entendendo que “não tem sido fácil a gestão destes processos”.

“Acresce que aquilo que se passou em 2017 [em termos de apoios referentes aos grandes fogos que assolaram várias regiões do país, nomeadamente o de Pedrógão Grande], também deixou muitas marcas em muitos organismos públicos, e diria que o controlo é muito mais apertado do que provavelmente foi nesse ano”, conclui.

Recorde-se que em julho de 2019, um fogo começou no concelho de Vila de Rei e alastrou ao concelho de Mação, atingindo Cardigos, aldeias da freguesia e outros lugares das freguesias de Amêndoa e Carvoeiro, consumindo cerca de 9600 hectares.

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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