Foto: Joana Santos/mediotejo.net

A iniciativa marcava a segunda edição do ciclo de eventos solidários promovidos pelo Grupo Desportivo Recreativo e Cultural de Penhascoso, tendo como ponto alto um concerto especial a cargo da banda Anjos, na noite de sábado, dia 10 de fevereiro. Este fim-de-semana, foram angariados cerca de 3 mil euros que revertem a favor das vítimas dos incêndios no concelho de Mação. E mais uma vez ficou provado que Penhascoso é uma aldeia que tem tanto de rock, quanto de solidariedade.

600 entradas vendidas, foi este o resultado após a atuação dos irmãos Nélson e Sérgio Rosado, aliados a músicos da região; tudo se traduziu num momento épico desempenhado no pavilhão da coletividade daquela aldeia. Este sábado, Penhascoso teve o privilégio de acolher o concerto “zero” antes de início de tournée dos “Anjos” para divulgar o novo álbum “Longe”, lançado em outubro de 2017. À aldeia deslocaram-se seguidores de Braga, Aveiro, Porto e Lagos para ouvir um alinhamento especial, totalmente pensado para a ocasião. Aliás, um alinhamento inédito que contou com repertório musical intercalado, onde se puderam ouvir novas faixas como “Para Longe”, “Fica”, “Dava Tudo Pra Te Ter” e “Espero por ti”.

Mais de duas centenas de participantes marcaram presença na última noite, esperando unindo-se à causa, e aproveitando para trautear de cor temas já conhecidos, de quando o duo Rosado iniciara a sua carreira, lançando os braços no ar, marcando o ritmo com aplausos. Foi uma noite bonita em Penhascoso, com pessoas de todas as idades. Desde crianças a idosos, não quiseram ficar de fora. Tal como os artistas, não quiseram deixar de contribuir.

À conversa com o mediotejo.net, durante o soundcheck, os músicos Nelson e Sérgio Rosado assumiram ter decidido “por impulso” mostrar-se disponíveis para com o concelho de Mação, nomeadamente com o GDRC Penhascoso. “Nós, dentro da nossa profissão, através da música, quisemos logo obviamente meter a nossa produtora em contactos, perceber o que era possível. Mas percebemos que já muita coisa se estava a mobilizar na altura, para se fazer”, e daí preferirem esperar para agora poderem brindar o concelho com a sua solidariedade e com um alinhamento inédito, pensado para a ocasião e contendo músicas do novo álbum “Longe”.

Os músicos mostraram-se preocupados em consciencializar as pessoas, interpretando este concerto não só como solidário, mas também interventivo.

“As pessoas normalmente só se lembram das gentes e das terras na hora da tragédia, porque depois toda a gente ajuda no início, só que isto continua. As pessoas que cá vivem vão continuar a olhar para esta paisagem… que faço ideia o cenário dantesco que aqui se viveu. Com este património florestal, histórico, que desapareceu, com os traumas que ficam, com trabalhos de uma vida que desapareceram de um dia para o outro. E este tipo de coisas mexe connosco”, explicou Nelson Rosado.

No final do concerto, hora para uma pequena homenagem e entrega simbólica do valor angariado no primeiro evento solidário, que reverteu para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mação, e que contou em palco com o presidente da AHBVM, José Belo, o Comandante dos BV Mação, Pedro Jana, o presidente da Câmara, Vasco Estrela e ainda o presidente da União de Freguesias de Mação, Aboboreira e Penhascoso. Pela mão de Nuno Marcos, presidente da direção do GDRC Penhascoso, e na presença dos “Anjos”, os representantes Bombeiros de Mação receberam os cerca de 2000 euros angariados, seguindo-se uma pequena ovação aos “soldados da paz” e todo o concelho, que se mobiliza com esperança a caminho do renascer do “verde horizonte” de Mação.

Por sua vez, Daniel Jana, membro da organização, mostrou-se expetante, durante a tarde, já esperando que pudesse repetir-se o sucesso do primeiro evento, e até, superar o alcançado até então. Acontece que, pela causa que é de todos, mas que ao concelho de Mação diz respeito, conseguiram angariar-se em receitas de bilheteira cerca de 3 mil euros a ser entregues às pessoas que foram vítimas dos incêndios, cujas chamas tragicamente lavraram mais de 80% da área do território do concelho.

Após o espetáculo, Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, frisou ver com “agrado” toda a mobilização em torno desta causa solidária, querendo deixar uma “palavra de especial agradecimento a todos os artistas que neste fim-de-semana e no fim-de-semana de dezembro aqui estiveram, todos os técnicos e todas as pessoas envolvidas, e a todo o GDRC Penhascoso, e demais voluntários que colaboraram para levar a efeito estes eventos”.

O autarca salientou a “forma perfeitamente desinteressada” como os envolvidos colaboraram com todo o concelho para angariar verbas para os Bombeiros e para a população em geral.

Momento de entrega simbólica das verbas conseguidas no primeiro evento solidário, realizado em dezembro, a reverter para os Bombeiros Voluntários de Mação. Foto: Joana Santos/mediotejo.net

“Penso que é muito interessante, e mais do que isso, é importante que esta mobilização tenha vindo em crescendo, e hoje, também pelo cartaz, estejam aqui mais pessoas, mas que as pessoas possam sentir o que está aqui em causa”, disse, notando que “houve aqui pessoas preocupadas com outras, que viveram de uma forma muito séria e dramática o que aconteceu em julho e agosto, e que sentiram o apelo e necessidade de ajudar todo o concelho”.

Para o autarca não restam dúvidas que as gentes de Mação são gentes de causas e, acima de tudo, solidárias, havendo já provas dadas. “Se nós maçaenses já tínhamos de alguma forma dado o exemplo em julho e agosto da onda de solidariedade que se gerou aquando dos incêndios, tentando ajudar as pessoas, nos vários pontos do concelho, digamos que isto que assistimos e estamos a assistir é o seguimento daquilo que já tinha acontecido. Obviamente, enquanto presidente de Câmara, tenho de ficar contente por haver pessoas no concelho com esta dinâmica, com esta vontade, e de sermos solidários como sempre fomos. Que isto seja um bom prenúncio para aquilo que temos a fazer no futuro, e que é muito”, terminou, visivelmente orgulhoso.

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Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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