Inaugurada este sábado à tarde, e patente até dia 30 de abril, a exposição baseada na expressão do filósofo francês Paul Valéry, “O mais profundo é a pele”, é a obra de António Pedro Martins “Tó Pê”, artista natural de Coimbra. Através do aproveitamento de pequenos pedaços de ferro, o escultor explora a representação pura da pele, despertando os sentidos do espetador, que é convidado a explorar no seu imaginário o conteúdo, na sua forma e espaço.
O artista explicou durante a inauguração que se trata de uma “exposição que é um trabalho de reflexão, não é escultura que é feita uma a seguir à outra, é uma reflexão de um tema” e que explora “o espaço” onde quis “procurar e investigar o espaço físico que as coisas ocupam, por isso estas peças ocupam única e simplesmente o espaço da pele. Não tem espaço interior, o espaço exterior é onde todos nós estamos”.

O mesmo pode perceber-se pelo mote e introdução da obra. “Feito de pequenos pedaços de ferro, que isolados são ‘apenas’ uma forma simples, direita e sem conteúdo significativo, e que se unem como quem dá as mãos, para dar forma a uma figura esclarecedora e bela, reflexo do que é o mundo que nos rodeia.”
No entendimento do escultor “a pele tem um significado muito importante no espaço e no conceito das coisas”, e a forma de estar do artista na arte é, segundo gosta de insistir “só de metade”, deixando “a outra metade de toda a arte é de quem a vê, é do espetador. O espetador é metade da arte que vê, porque vai imaginar coisas que ali não existem”.

Explicou, apontando para o cão Binghi, representado por “um desenho/apontamento da pele”, convidando-se o espetador, na fruição da peça, a imaginar todo o conteúdo, desde o aspeto físico ao temperamento e caráter, entre “a doçura ou a brutidão”.
“Quem vê tem o direito e merece com toda a certeza imaginar o resto, e construir a peça. Todas estas peças terão um significado para cada um”, notou.
António Pedro Martins é natural de Coimbra e atualmente reside em Condeixa. Descobriu o interesse pelas artes na adolescência, ingressando no curso técnico-profissional de artes gráficas e posteriormente na licenciatura em escultura na EUAC. Desenvolveu competências em cerâmica, pintura e sobretudo escultura, para além de ter participado na execução e montagem de cenários e adereços teatrais. As suas obras são vincadas por um perfil existencialista, preocupadas com a contemporaneidade humana.

Patente até dia 30 de abril, na galeria da Biblioteca Municipal de Mação, a exposição pode ser visitada de segunda a sexta entre as 9h00 e as 17h30, e ao sábado das 14h00 às 17h30.
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