Visitar um monumento funerário, que se pensa ter sido edificado no final do quinto milénio a.C., em noite de lua cheia, refletida no rio Tejo e sob um céu estrelado e com planetas cintilantes que se avistam a olho nu? Sim, foi possível. E reuniu dezenas e dezenas de participantes no dia 16, pelas 22h00, que apenas se muniram de lanternas e colete refletor, curiosidade e espírito de aventura.
A visita à Anta da Foz do Rio Frio, promovida pela Câmara Municipal de Mação através do Museu de Arte pré-histórica e em colaboração com a Junta de Freguesia de Ortiga, teve uma adesão acima do previsto e só tendo participado se percebeu porquê. Os participantes concentraram-se junto à Liga de Ortiga, e vieram de autocarro até junto do troço para onde se caminha até à Anta, num estradão recentemente intervencionado e que melhorou o acesso ao local. Ali começava uma aventura noturna “fora da caixa”, com supervisão de Sara Cura, investigadora do Museu de Mação/ITM.
Um momento único, onde a única luz vinha projetada do luar intenso e era refletida no leito do Tejo, num cenário que parecia tirado de um filme ou mesmo documentário. Ali se pôde ouvir Fernando Coimbra, arqueoastrónomo, que deu uma aula aberta sobre diversas curiosidades que unem a arqueologia e astronomia, nomeadamente sobre os estudos que têm sido realizados sobre a astronomia praticada pelos povos durante a Pré-história e sobre a sua observação dos astros em certos monumentos que auxiliaram, por exemplo, a contagem do tempo.
Foram sendo respondidas algumas questões dos participantes, que se faziam identificar com a luz da sua lanterna, num ambiente intimista no meio da natureza e rodeando a anta da Foz do Rio Frio.
Depois de muito se tentar fotografar para a posteridade esta iniciativa, pois tal era a escuridão da noite e o brilho da lua, que dificultava fazê-lo com alguma qualidade. Os coletes refletores também dificultavam o registo. Mas a fotógrafa Kenia de Aguiar Ribeiro depressa lançava umas dicas de como, no meio da noite escura, se conseguia manipular uma câmara ou um smartphone em modo noturno ou fotografia profissional por forma a conseguir, de forma quase mágica, fotografar aproveitando pontos de luz para os amplificar e sair um retrato digno de fundo do ecrã do computador.

E muitos foram os interessados que, com apoio de lanternas de luz led, participaram numa orientação de fotografia noturna, que foi curta para a quantidade de interessados que fotografavam o monumento, seguindo as dicas de Kenia, nomeadamente deixando as câmaras num local estanque. Mas muitos foram os suspiros de satisfação por conseguir guardar um registo com bom enquadramento e nítidez, tudo graças ao facto de se conseguir colocar a câmara num local estático com a ajuda de pedras e esperar-se alguns segundos para que a foto pudesse absorver a luz pretendida e gravar o momento.
Ficou deixado o mote para que mais iniciativas destas possam surgir, pois ao que parece, participantes não irão faltar, tal foi o encanto desta noite que foi, no mínimo, diferente, e vivida junto à câmara poligonal da anta, num corredor com cerca de 3,5 metros.