José Alves Jana. Créditos: mediotejo.net

José Eduardo Alves Jana nasceu em Lisboa há 70 anos, residiu na freguesia de Alcântara, mas era ainda criança quando a família se mudou para Sertã, onde o pai foi colocado como oficial de diligências do Tribunal. Vive desde os 7 anos em Abrantes, cidade que o acolheu e onde é conhecido por toda a gente. Licenciado em Filosofia, quis ser padre mas a vida mostrou-lhe o caminho de professor. Assume-se como um “desassossegador” e um homem livre. Não tem filiação partidária, apesar de ter sido vereador pelo Partido Socialista na Câmara Municipal de Abrantes – uma cidade que lamenta ver “quase ao abandono”.

Sendo natural de Lisboa, como chegou a Abrantes?
O meu pai foi colocado no Tribunal de Abrantes. Era oficial de diligências, na altura o lugar mais baixo da hierarquia do Tribunal. Vim no mês em que fiz sete anos, celebrei o aniversário já com a casa desmontada na Sertã. O meu pai e a minha mãe trabalhavam na pastelaria Suíça, em Lisboa. O meu pai concorreu para a Justiça e foi colocado na Sertã e depois concorreu para uma comarca de categoria superior, a máxima a que poderia aspirar, perto da terra dele, Carregueira de Mação. A minha família tem raízes em Mação.

E ficou por cá adotando a cidade de Abrantes como sua.
A cidade é que me adotou. Sim, passei a fazer parte desta comunidade. Só saí para estudar fora.

O que mais gosta em Abrantes? Qual o melhor local para se estar, passear, ler um livro?
O que gosto mais em Abrantes são as pessoas. São, como em qualquer outro lugar, o melhor que há no mundo. Quanto aos lugares… hoje saio pouco, porque já estou velho, felizmente, e porque Abrantes perdeu os sítios onde as pessoas se encontram. Ou seja, se sair à rua, se for aqui ou além, não encontro ninguém. Por outro lado, tenho uma vida muito ocupada. Pouco tempo para poder andar por aí. Mas a praça central ou a Sopadel são os meus lugares preferidos enquanto lugar de café para estar um bocadinho, embora não o faça muito, a não ser aos sábados de manhã com a minha família. O jardim do Castelo é um bom lugar, o Parque de São Lourenço é um bom lugar, até porque de vez em quando levo lá as minhas netas. A Biblioteca Municipal, seguramente. É um sítio onde vou sempre com gosto, não tantas vezes quantas gostaria. O Aquapólis, a cervejaria, é um local onde posso ir, normalmente com a minha mulher, ao fim da tarde. São os sítios onde posso ocupar o meu pouco tempo de lazer.

Em jovem foi estudar para um seminário, não é assim?
Sim, fiz a carreira normal na altura. O meu percurso, teve várias fases, em: Gavião, Alcains, Portalegre e Valadares (Porto), durante dez anos, sempre pela diocese de Portalegre-Castelo Branco.

Portanto, sempre em seminários?
Sim.

É crente?
Estou a falar do passado. Era católico e queria ser padre, mas crentes somos todos nós. Se somos crentes em Deus, isso é outra questão. Para responder se sou hoje crente em Deus – é uma pergunta muito complicada – teria de fazer um longo desenvolvimento. Posso dizer com toda a sinceridade que sim e não.

Para responder se sou hoje crente em Deus – é uma pergunta muito complicada – teria de fazer um longo desenvolvimento. Posso dizer com toda a sinceridade que sim e não.

José Alves Jana

O que mudou, para abandonar a ideia de ser padre?
Havia uma certa incompatibilidade entre mim e os lugares que era suposto vir a ocupar. No 10º ano, no Porto, no meu último ano, eu e mais três colegas exigimos um estágio para podermos aferir a compatibilidade entre aquilo que era o nosso percurso de estudos e a realidade prática e a diocese. Portanto, o meu bispo, na época, colocou-me no Pego. Fiz um ano na paróquia do Pego, como estagiário, um ano de trabalho com os jovens, embora formalmente estivesse a residir na casa do pároco e a trabalhar na paróquia. Foi no final desse ano que “pedi o divórcio” e disse: “está tudo acabado entre nós.”

Depois foi professor. Qual a razão dessa escolha?
Sempre quis ser professor. Quando era pequeno brincava a duas coisas; uma delas era às missas, aos padres, e outra era aos professores e às escolas. E era acólito. Havia o desafio normal e inevitável de querer ser padre e por ser aluno, também de querer ser professor. Depois surgiu a hipótese de ser professor de História na escola preparatória de Sardoal, que tinha aberto no mês anterior. Fui contactado, a diretora da escola achou que era a pessoa indicada. Vai fazer em 2023, 50 anos… foi em outubro de 1973. A minha primeira experiência, eu já tinha um bacharelato, e calhou bem à escola e a mim. Tinha tido História no segundo ciclo e no secundário e a historicidade é um dos meus marcos, da minha forma de entender o mundo. Saí do Pego, embora continuasse a trabalhar com os jovens do Pego, e voltei para casa. Tive propostas para sair de Abrantes mas nunca quis, achei que este era o meu lugar. A carreira de professor foi um casamento feliz, como acontece às vezes com as paixões.

O professor José Eduardo Alves Jana. Créditos: mediotejo.net

Mas não foi professor de História a vida toda?
Não. Só nos dois primeiros anos. Fui professor, ao todo, de 20 disciplinas diferentes. Fui sempre um pouco como comecei, ou seja, fui a resposta para as necessidades da altura. Dava uma história longa. Ao fim de três anos de estar em Sardoal, nós os professores que não tinham aquilo que se chamava ‘habilitação própria’ fomos corridos. Não pude lecionar História, Geografia de Portugal e Português no ciclo preparatório – na altura, hoje segundo ciclo –, então o Ministério da Educação pôs-me a dar Português no terceiro ciclo, na Escola Industrial de Abrantes. Fui promovido por incompetência. Depois no ano seguinte fui para Tomar, depois para o Liceu de Abrantes – por concursos, o tal turismo docente. Quando estava em Abrantes fiz o bacharelato em Filosofia e pela primeira vez pude concorrer para o grupo de Filosofia, ou seja para o grupo da minha formação e fui colocado em Tomar a dar Psicologia e Sociologia. E foi sempre assim. Até que fiquei efetivo na escola de Abrantes e do grupo de Filosofia aconteceu que éramos os responsáveis pelas disciplinas de Psicologia, Sociologia e mais tarde Psico-Sociologia que eram disciplinas, de exame, que os professores novos não queriam dar. Portanto, passei grande parte da minha carreira docente como habilitado em Filosofia, a dar Psicologia, Sociologia e Psico-Sociologia. Também lecionei Filosofia, logo no primeiro ano que vim para Abrantes. Como, segundo a lei, não podia ensinar nem no 12º ano nem nas aulas à noite, o que é que me deram? O 12º ano e ensino noturno. Portugal sempre funcionou assim.

E agora tem uma nova missão. Dia 8 de outubro vai para a Guiné Bissau dar formação de Português. Que projeto é esse?
O projeto não é meu. É de uma associação da qual sou associado a Ser Mais Valia – Associação para a Cidadania e Desenvolvimento, uma organização não governamental para o desenvolvimento (ONGD) com o estatuto de Utilidade Pública. Dedica-se à cooperação, em especial com os países africanos ou com africanos em Portugal. Um dos projetos é de reforço de competências em língua portuguesa para funcionários e vários ministérios e serviços públicos da Guiné Bissau. Portanto, eu e os meus colegas, num projeto com três ou quatro anos – não fui o primeiro a ir, mas já fui em 2020, quando chegou a pandemia a Portugal, estava lá –, vamos ajudar os vários funcionários dos serviços públicos a serem mais competentes no uso da língua portuguesa. A última vez que estive lá a dar formação foi com diplomatas. São muito comprometidos, muito empenhados em aprender, porque são pessoas que lidam com documentos em português, fazem relatórios em português, têm de ler e interpretar, lidar com contratos e leis internacionais em português e têm o máximo interesse em melhorar as suas competências em língua portuguesa, a língua oficial, embora em Guiné Bissau se fale correntemente crioulo. Esta já é a terceira vez que vou. Durante a pandemia fiz um curso pela Internet. Portanto é a minha quarta missão neste projeto que está a acabar. Estas duas missões – a minha e a de um colega que já está na Guiné Bissau – são as últimas. A Associação faz projetos sobretudo com Guiné, São Tomé e Moçambique. Tenho outro projeto, pelo qual sou responsável, com jovens escritores africanos de língua oficial portuguesa, para ajudá-los a realizar o sonho de virem a ser escritores.

Não se volta da Guiné Bissau na mesma. Encontramos ali pessoas que estão a trabalhar e que ao final do dia ainda estão em jejum. Tiramos a conclusão que somos uns privilegiados, não temos nenhuma razão para nos queixarmos, embora tenhamos todas as razões para resolver os nossos problemas, que é uma coisa completamente diferente…

José Alves Jana

Teve outras experiências no exterior do país? Quais foram as mais marcantes?
Fiz apontamentos de serviço fora do país. Mas não tem nada a ver com este projeto. Quando fui, por várias vezes em missão de estudo ou de representação ou de intercâmbio ao estrangeiro, quer pelo Centro Regional Cultural de Santarém quer pela Associação de Geminação quer, uma ou duas vezes, ao serviço da Câmara Municipal de Abrantes, íamos com serviço muito concreto, por um dia, três dias ou uma semana, ou negociar, ou aprender, ou observar ou representar os interesses da nossa região. Aqui é diferente. Também vamos com uma missão definida, que é ensinar aquelas pessoas que se inscreveram para aprender português. E mergulhamos numa cultura que é muito diferente da nossa, levamos um outro banho de realidade.

E essa experiência também é importante para si?
Não se volta da Guiné Bissau na mesma. Compreendemos – não sou eu a dizer, somos nós, os que lá vamos – que vimos transformados. Damos alguma coisa no ensino da língua mas eles dão-nos lições terríveis, nomeadamente que o mundo não é todo como em Portugal. Tiramos a conclusão que somos uns privilegiados, não temos nenhuma razão para nos queixarmos, embora tenhamos todas as razões para resolver os nossos problemas, que é uma coisa completamente diferente. Encontramos ali gente que se levanta de manhã e não come, e não sabe se até ao final do dia conseguirá comer. Encontramos ali pessoas que estão a trabalhar e que ao final do dia ainda estão em jejum. Não é a imagem geral, mas grande parte da população está sujeita a esta situação. E isso entra em choque com a nossa vida e com a nossa presunção quando pensamos ter problemas, que temos “direitos”, que temos razões para nos queixar, que somos os maiores… não somos nada disso. Somos de facto privilegiados e não temos nenhum mérito disso, tal como eles não têm culpa de estarem naquela situação infeliz. São muito boa gente e muito interessada em aprender. Por exemplo, fui visitar o museu da guerra no Estado Maior General das Forças Armadas de Bissau, fomos acompanhados pelo ideólogo militar do local, e depois de nos acompanhar no museu pediu-nos para o ajudar a melhorar o museu… a nós, o colonizador, contra quem, de certo modo, o museu foi feito. Pediu-nos ajuda! Em Portugal não vemos nada disto, aqui toda a gente sabe tudo, mesmo aquilo que não sabe. E isto é uma realidade que mexe com a gente.

Perdemos a humildade no Ocidente?
Isso já não sei. Acho que não sabemos ler a realidade… temos a nossa leitura ocidental da realidade, é isso! Esquecendo que outros têm culturas completamente diferentes. Outra diferença que se nota na Guiné Bissau, sobretudo os níveis do pensamento e da oficialidade; como é visto o Ocidente? Como o inimigo! Como são vistas as ONG? Como espiões do poder branco e ocidental. Não encontramos esse pensamento nas pessoas com quem lidamos mas vê-se lá, sobretudo escrito, em que há militância ativa contra o ocidente. ‘A China é que é boa, o ocidente só nos quer explorar’, e isso não se percebe daqui… só lendo nas entrelinhas. Mas só conseguimos perceber com atenção e ler nas entrelinhas se alguma coisa nos dá os códigos de leitura. E isso lá vê-se. Vamos à Escola Nacional de Saúde da Guiné Bissau e vê-se as legendas em português e em chinês. Porquê? Porque foram os chineses que a construíram. A África é o continente onde o Ocidente, a Rússia e a China se desencontram.

Mas afinal quem é o professor Alves Jana?
Diria que é o resultado do meu património genético, o resultado da minha família, e o resultado da minha cidade e da história que me foi dada viver aqui. Vivi ao longo destes 70 anos situações concretas que me deram, que me desafiaram, que me penalizaram – como toda a gente. Somos resultado dessa história. Sou, neste mundo, um privilegiado, mas procuro manter a cabeça em cima dos ombros. Sendo professor profissionalmente sempre tive mais dois pilares de trabalho/ação/compromisso: o jornalismo amador e local e regional e o associativismo, sobretudo cultural, mas também social. São os pilares: educação, associativismo e jornalismo.

José Alves Jana. Créditos: mediotejo.net

E esses tais pilares fizeram de si uma pessoa mais exigente com o mundo?
Não. Mais exigente comigo. Só posso exigir de mim aquilo que posso dar. E às outras pessoas também. Com os meus alunos sempre fui exigente, mas sempre procurei ser exigente na medida em que poderiam dar. E aí é que está a dificuldade; é ser capaz de gerir a exigência e ao mesmo tempo a justa medida da exigência. Porque se não for exigente deixo-os no mesmo ponto em que estavam; se for exigente demais, porque não são estúpidos, têm de desistir. Não são capazes! E a nossa escola é muito a escola que exige aquilo que os alunos não são capazes de dar e por isso eles têm de desistir. Esse foi sempre um esforço que caracterizou a minha prestação profissional. Tentar perceber! Ser exigente, até porque enquanto professor não sou representante dos alunos mas da comunidade portuguesa e da comunidade escolar, ou seja, eu só ganho se eles ganharem. Por outro lado, tenho de respeitá-los. É evidente que nem sempre acertei. O mesmo se passa no associativismo. Fiz teatro… posso exigir a um jovem ator aquilo que não é capaz de dar? Não!

Fez teatro?
Fui sobretudo encenador, durante uma dezena de anos. No Pego, quando comecei a trabalhar com jovens. Porque quando lhes perguntei o que queriam fazer disseram-me: teatro. Nunca tinha feito teatro mas tivemos de fazer… um pouco como eu, a dar Psicologia e Sociologia. Conto isto não para me fazer herói, mas é uma mensagem importante para mostrar que naquela época era assim, tinha de ser os incompetentes a adquirir competências para fazer aquilo que tinha de ser feito. Hoje, a sociedade portuguesa e a comunidade abrantina já deve estar num estádio mais elevado que, para fazer as coisas, devem ser pessoas mais habilitadas, porque já as há!

Assume-se como um desassossegador. O que é isso do desassossego?
É tirar as pessoas do sossego. Normalmente as pessoas estão sossegadas, no seu sítio, e muitas delas quando entram em contacto comigo veem-se desafiadas e passado pouco tempo estão a fazer qualquer coisa. Quando encenava teatro no Pego ia ter com a malta nova, rapazes e raparigas, e desafiava-os a fazer teatro, mesmo aqueles que nunca tinham feito. E no final, a medalha de ouro que recebia era ouvir aquelas pessoas dizer: nunca pensei ser capaz. É nesta diferença que reside o essencial do trabalho desafiador. Se não houvesse o desafio, as coisas nunca seriam feitas e nós nunca aprenderíamos a fazê-las.

E continua a desafiar?
Tem de ser!

Político vem de ‘polis’ (cidade), alguém que intervém na sua cidade e ajuda a construir a sua cidade. Nisso sempre fui político.

José Alves Jana

Como é que um professor de Filosofia – e de outras 19 disciplinas – entrou na política?
Nunca entrei na política, embora sempre tenha sido político, e não nego isso. Político vem de ‘polis’ (cidade), alguém que intervém na sua cidade e ajuda a construir a sua cidade. Nisso sempre fui político. E quando faço jornalismo, faço jornalismo político no sentido de detetar problemas, dou a voz a quem pode dizer alguma coisa sobre os problemas e isso é ajudar a governar a cidade, por aquelas que são as funções de um órgão de comunicação social. Estamos habituados a reservar a palavra político para aquele que é um detentor de um lugar na administração pública e aí estive lá por acaso, por azar na vida.

Azar?
Sim. Se tivesse juízo não tinha ido. No princípio da década de 1980, era das vozes críticas da não política cultural da Câmara Municipal de Abrantes – porque combato ideias, não combato pessoas nem coisa nenhuma –, um dia apareceram-me em casa uns senhores a convidar-me para vereador. Disse logo que não. Mas não me deixaram, argumentando que me davam a oportunidade de fazer e não fui capaz de insistir no não e estive lá durante três anos. Fui vereador pelo Partido Socialista da Cultura, Educação, Toponímia e Desporto, excluindo a piscina.

Enquanto vereador acompanhou o encerramento da Metalúrgica Duarte Ferreira em Tramagal. Como foram esses tempos? Como foi lidar de perto com o desemprego e a fome no Tramagal?
Foi muito doloroso! Mas diria que do ponto de vista da Câmara foi relativamente fácil porque a situação não estava nas competências municipais. Do ponto de vista pessoal, para qualquer dos membros que lá estavam, foi duro. Lembro-me de uma sessão plenária de trabalhadores junto onde hoje é a Artram, e vi as pessoas a sofrer. Lembro-me de uma vigília de Natal com desempregados no Tramagal em que sentimos a impotência, a incapacidade de resolver qualquer problema porque está para lá, quer das competências, quer das nossas capacidades de atuação. Estar a mostrar solidariedade é o máximo, mas é insuficiente para a vida daquelas pessoas. Ainda hoje me lembro dos momentos a subir as escadas da Câmara Municipal ocupadas pacificamente pelos trabalhadores da Metalúrgica Duarte Ferreira. Não se sobem aquelas escadas da mesma maneira que se sobe nos outros dias. Sabemos que há ali uma densidade humana muito grande de sofrimento, de caos, de tragédia. Acho que a Câmara esteve do lado das pessoas.

Nessa sua tarefa executiva, enquanto vereador, o que mais o marcou?
Aquela promessa, com a qual fui convidado, não se cumpriu, não se verificou. Quando cheguei à Câmara Municipal, as pessoas que estavam na Câmara não eram as mesmas que me tinham convidado. Por outro lado, naquela época os problemas do concelho de Abrantes não eram problemas de cultura. Eram ainda de eletricidade, de caminhos, de água, de estradas. Já na Educação acho que fizemos um trabalho importante, ao nível da construção de salas de aula, de apoio. Criamos a educação de adultos. Na área cultural fez-se muito pouco, porque não era prioridade e não havia dinheiro. Se forem ver o momento mais baixo das finanças da Câmara Municipal de Abrantes, foi o momento em que fui vereador. Fiz esse estudo. Mesmo assim, acho que tivemos – e eu tive – um papel ativo, com Eduardo Campos e os outros elementos da Câmara, num momento decisivo: não deixar ir a documentação do concelho de Abrantes para o arquivo distrital. Apercebi-me a determinada altura, por intervenção de Eduardo Campos, que iam levar os documentos da História de Abrantes para Santarém. A solução passou por ir roubá-los ao Castelo… e fomos! O arquivo municipal é formalmente resultante de uma proposta minha, em março de 1983. Mas depois foi preciso desenvolvê-lo. E um dos passos mais significativos foi esse assalto que fizemos, comandados pelo presidente da Câmara, o eng. Bioucas, mas eu é que “obriguei” a Câmara a tomar uma atitude.

Apercebi-me a determinada altura, por intervenção de Eduardo Campos, que iam levar os documentos da História de Abrantes para Santarém. A solução passou por ir roubá-los ao Castelo, e fomos!

José Alves Jana

E o arquivo municipal é hoje uma realidade, embora não esteja no centro histórico, mas na zona industrial. Concorda com essa decisão?
Nunca me incomodou muito. O arquivo precisa de espaço e não há nenhum espaço no centro histórico suficientemente grande para colocar o arquivo. Por outro lado, quem vai ao centro histórico também vai à zona industrial. Lá há mais espaço de estacionamento, há acessibilidade. As pessoas que vão ao arquivo estão suficientemente interessadas e motivadas para irem lá. Se ficava bem no Convento de S. Domingos? Ficava! Mas era subaproveitar o Convento de S. Domingos. O que interessa é que tenha sido preservado e em boas condições. Mesmo já não sendo vereador continuei a ter um papel ativo a ajudar a incorporar corpos documentais no arquivo. Acho que o arquivo não tem sido suficientemente ativado, dinamizado, e posto no lugar, no exercício da função que pode ter. Há muita coisa que se está a perder porque não há uma dinâmica de incorporação de materiais… pelo menos suficientemente eficaz.

Alves Jana. Foto: mediotejo.net

Como foi vereador pelo PS, pergunto se é socialista?
Não sou nem nunca fui filiado no Partido Socialista. Fui convidado na altura como independente mas não fiz questão de constar independente porque quando uma pessoa aceita por um partido não é independente. Devo fidelidade, respeito, à equipa que me convidou. No final do primeiro mandato disse para não contarem mais comigo. Mais tarde integrei uma outra candidatura, também do Partido Socialista, mas por outras razões. O socialismo é uma palavra demasiado conotada politicamente para podermos simplificar. Sou um moderado. Escrevo há mais de 50 anos nos jornais e falo na rádio de maneira que não posso esconder aquilo que penso e toda as pessoas sabem que sou alguém que, parece-me, se situa no centro esquerda. Porque preservo, ao mesmo tempo, a liberdade e a solidariedade. Acho que quanto mais solidários formos mais liberdade temos. Não vejo que seja possível matar uma das duas componentes.

Qual é o trabalho de que mais se orgulha?
Não me orgulho de trabalho nenhum. Tenho sido apenas um modesto trabalhador entre tantos outros. Acho que fizemos coisas importantes, mas foram importantes não porque nós as fizemos mas porque precisavam de ser feitas. Fizemos o melhor que pudemos. E quando digo ‘nós’ digo as equipas em que trabalhei. Nunca fiz nada sozinho, ao logo de todos estes anos… e agora que queria fazer alguma coisa sozinho “não posso” fazer porque não me deixam… que é escrever. Mas acho que fomos suficientemente capazes de enfrentar alguns problemas, desafios, e construir respostas que ajudaram a manter as coisas. Por exemplo, o Rancho Folclórico da Casa do Povo do Pego faz para o ano 70 anos. Fui confrontado, num determinado momento, em ter de ir para a direção ou acabava. Estive lá um ano, os três dirigentes, relançamos o Rancho, demos-lhe a volta de tal forma que até hoje não acabou. Isso deve-se a nós? Não. Mas também se deve a nós. Relançá-lo naquele ano, 1979, o ano em que estive a acabar a minha licenciatura em Filosofia e a dar aulas ao mesmo tempo. Outro exemplo, o jornal Nova Aliança foi colocado exatamente o mesmo problema: ou vocês assumem ou o jornal acaba. A Antena Livre, vieram-me pedir para relançar a rádio porque estava na iminência de acabar ou ser vendida para uma retransmissão de uma igreja qualquer e nós – os trabalhadores – conseguimos relançar a Antena Livre de tal forma que passado um mês já estava a receber o Jornal de Abrante, que também relançámos e hoje continua aí, felizmente com um proprietário abrantino.

Não me orgulho de trabalho nenhum. Tenho sido apenas um modesto trabalhador entre tantos outros. Acho que fizemos coisas importantes, mas foram importantes não porque nós as fizemos mas porque precisavam de ser feitas.

José Alves Jana

Como vê hoje a política local e o modo como as pessoas olham e interagem com a ‘polis’?
Acho que as pessoas fazem o melhor que podem. Mais uma vez não julgo pessoas. Mas Abrantes tem vindo a fazer algumas apostas erradas e não está a fazer algumas apostas que seriam necessárias para desenvolver o concelho como deve ser. Para mim continua a ser inconcebível que o centro histórico de Abrantes tenha sido deixado quase ao abandono. Não compreendo, mas os comerciantes não devem estar interessados, como é que nas ruas do centro histórico não há espaço para estacionamento. As pessoas não vão ao centro histórico e têm uma enorme dificuldade exatamente por causa disso. A Câmara de Abrantes trabalha para o importante, mas tem muita dificuldade em construir forças coletivas para realizar objetivos coletivos. Faz aquilo que quer, com ela própria e com os seus. Por um lado, não é suficientemente eficaz, porque assim não se pode ter eficácia, e por outro lado, esvazia a força política da polis da comunidade envolvente. Um ditado africano diz o seguinte: ‘Se queres ir depressa vai sozinho, se quiseres ir longe vai acompanhado’. E acho que a Câmara está a ir demasiado sozinha e não vai longe.

Abrantes tem vindo a fazer algumas apostas erradas e não está a fazer algumas apostas que seriam necessárias para desenvolver o concelho como deve ser. Para mim continua a ser inconcebível que o centro histórico de Abrantes tenha sido deixado quase ao abandono.

José Alves Jana

Mas as últimas eleições autárquicas não mostraram esse pensamento, uma vez que o PS viu a sua maioria reforçada…
Mas está a perguntar-me qual a minha leitura e não a leitura do eleitorado. O eleitorado nem sempre tem razão! Escrevi isso há muitos anos. Quando toda a gente divinizava a democracia eu chamei a atenção, por escrito, que a democracia não é aquilo que existe quando não há ditadores, é ao contrário. A democracia é aquilo que existe quando nós a construímos para cima das tentações totalitárias. A democracia não é o estado natural de uma sociedade. É preciso construção. Acho que no Ocidente andamos todos, a seguir ao 25 de Abril, nos últimos anos, e a seguir a um certo êxito da democracia a nível mundial, iludidos de que a democracia estava garantida para a eternidade. Olhemos agora à volta e para dentro!

José Alves Jana durante as XVI Jornadas de História Local. Créditos: mediotejo.net

Como define a sociedade atual, nomeadamente no Ocidente?
O Ocidente está a viver o fim de uma época dourada de 500 anos em que viveu à custa do processo colonizador. Depois aconteceram duas coisas: por um lado, as antigas colónias autonomizaram-se e ganharam independência. Falo de Portugal e de toda a Europa. Ainda houve uma relação de grande proximidade mas hoje são países autónomos que fazem o seu caminho. Como se isso não bastasse, em 2001 a China entra para a Organização Mundial do Comércio, e houve um terramoto muito maior do que o das Torres Gémeas. E como só vivemos de imagens de tremeliques, só assistimos ao atentado às Torres Gémeas nos Estados Unidos. O mundo ficou outro a partir do dia em que a China entrou na Organização Mundial do Comércio, e nunca mais as coisas foram as mesmas, mas os efeitos só se vão revelando pouco a pouco. 800 milhões de pessoas, que é mais ou menos o dobro da população europeia, saíram da miséria na China que se tornou uma grande potência e quer ser a potência líder em 2050, mais exatamente em 2049, quando o Partido Comunista Chinês faz 100 anos. E é essa realidade que começou nesse dia, e que se vai afirmar, que faz com que o Ocidente – Europa e Estados Unidos – estejam a viver o fim de um tempo que foi glorioso e que foi cimeiro. O que vai resultar disto tudo? Não sabemos! Mas estamos a ver, por exemplo, essa questão a ser colocada na Ucrânia.

O mundo ficou outro a partir do dia em que a China entrou na Organização Mundial do Comércio, e nunca mais as coisas foram as mesmas, mas os efeitos só se vão revelando pouco a pouco. O Ocidente – Europa e Estados Unidos – estão a viver o fim de um tempo que foi glorioso e que foi cimeiro.

José Alves Jana

E perante o cenário europeu, como é que vê a chegada ao poder em Itália de um partido pró-fascista, quase 80 anos depois da Segunda Guerra Mundial?
A democracia é um regime onde se pede à população, aos eleitores neste caso, que se pronunciem sobre os candidatos ao governo. Quando as pessoas são irresponsáveis e mal informadas, dá resultados contra elas. E não é estranho, porque as pessoas sentem as dores. Um dos problemas é o desemprego, é a fome, é a competitividade com os imigrantes, é a chegada dos imigrantes africanos, e isso faz-nos perguntar quando em Portugal colocamos o acolhimento aos imigrantes e refugiados como um dever incondicional, qual é o resultado? Acaba! Suicida-se! O que me interessa não são princípios abstratos são princípios vividos. Filosoficamente falando, sou contra todos os absolutos, portanto quando colocamos o acolhimento de refugiados como um absoluto, as pessoas revoltam-se contra isso, ou seja, mais dia menos dia o resultado é a expulsão dos imigrantes. É um princípio que por ser mal gerido, mal governado, resulta contra ele próprio. Por isso temos de estar com atenção e fazer a pilotagem da sociedade segundo os valores em que acreditamos, o pilar essencial, e segundo os resultados que estamos a ver no terreno, hoje num futuro próximo.

E temos sido capazes?
Sim. A prova disso é que em Portugal temos uma democracia. Mas somos como os animais; só onde nos doí é que prestamos atenção. Daí a importância de todos aqueles, desde os órgãos sociais, políticos, cidadãos, até aos cronistas nos chamarem a atenção para aquilo que é a realidade e o processo evolutivo. Portanto, é normal! E os italianos se se descuidam têm uma ditadura, como têm os húngaros e tiveram os alemães com o Hitler. A minha ideia é: valores firmes e pilotagem da realidade, que é aquilo que faz por exemplo um navegador.

Como pensador, como acha que chegámos aqui?
Passo a passo. Com atenção e desatenção ao mesmo tempo. Com ingenuidade, acreditando em coisas que passaram a ser verdade só porque as dizíamos, esquecendo-nos de olhar para a realidade. Era ou não dito na comunicação social que Portugal estava imune a fenómenos de extrema direita? Era! Na altura disse que se criarem cá as condições, somos iguais aos outros. Hoje temos o Chega e ninguém sabe como lidar com esse partido. A realidade não é aquilo que acreditamos que seja. E hoje o que está na moda é ser contra o sistema!

Estes partidos que agora emergem na Europa são antissistema, portanto antidemocracia, mas são cada vez mais populares nas escolha dos eleitores. O seu ver, o que é que correu mal na democracia?
A democracia é um sistema que dá poder aos seus inimigos. Na democracia todos prometem o impossível e o governo, seja ele qual for, tem de cumprir o possível, porque a política é a arte do possível. E este desajustamento cria no eleitorado um desejo – e o desejo em qualquer lugar é infinito, as possibilidades de concretizar são finitas. Esta massa faz com que a democracia, de alguma forma, se corroa a si própria. Mas as ditaduras também se corroem a si próprias, de outra forma. Veja-se o que está a acontecer ao sr. Putin, que avançou para uma guerra para consolidar o seu poder e hoje toda a gente vê que não é isso que está a acontecer.

José Alves Jana foi um dos três fundadores do Clube de Filosofia de Abrantes. Créditos: António Manuel M. Silva

Disse a propósito do fim das atividades do Clube de Filosofia de Abrantes que o mesmo deixara de ser produtivo. O que quer dizer com isso? As pessoas hoje já não pensam?
As pessoas todas pensam e todas não pensam. Andamos todos os dias nesta vida e pensamos muito pouco. Ou, quando pensamos, normalmente pensamos um pensamento já pensado, ou por nós próprios ou pelos outros. Toda a gente em certos momentos pensa. Embora haja pessoas que têm como função profissional pensar, os filósofos talvez sejam dessas pessoas. Tal como toda a gente “escreve”, mas os escritores fazem disso atividade profissional. O Clube de Filosofia foi um clube de pessoas preocupadas com o exercício do pensar convidando todas as pessoas que lá quisessem ir. Sinal que todas pessoas podem pensar num ambiente que seja estimulante e montou uma metodologia que favorecia esse mesmo exercício de pensamento. E durante 10 anos funcionou. Mas já nos conhecíamos demasiado bem, repetíamos as coisas e o grupo não foi capaz, ou não quis ou não teve sabedoria para isso, para alterar a metodologia, e as pessoas também não quiseram, daí que se tornaram sessões demasiado repetitivas e a cair no tal pensamento já pensado, por nós e por outros. E alguns – sempre os mesmos – a usar e abusar do uso da palavra , coisa que é antidemocrática e portanto, os objetivos do Clube, o exercício de pensar, deixou de ser produtivo só havia duas hipóteses; ou deixar apodrecer ou acabar. E acabar na “altura certa” é uma virtude, tal como ser capaz de criar.

As pessoas todas pensam e todas não pensam. Andamos todos os dias nesta vida e pensamos muito pouco. Ou, quando pensamos, normalmente pensamos um pensamento já pensado, ou por nós próprios ou pelos outros.

José Alves Jana

Mas insisto, as pessoas já não refletem?
Mas alguma vez refletiram muito? Não, como é evidente! O pensar autêntico significa procurar aquilo que ainda não estamos a pensar mas vamos ser capazes de pensar, se lá chegarmos. Aquilo que já pensamos é o menos importante para mim, o mais importante é aquilo que ainda não sou capaz de pensar. E chegamos lá pelo exercício, pelo esforço. A única forma de melhorar uma competência é treinar, procurando melhorar, não é repetir! Mas estamos a caminhar no bom sentido, embora não em todos os parâmetros, e a passos demasiado lentos para as nossas ambições.

Tem algum livro essencial? Aquele que qualquer pessoa devia ler.
Não existe. Ou então ao contrário; qualquer livro que seja realmente bom toda a gente devia ler, embora ninguém seja obrigado a lê-lo.

Mas tem algum preferido?
Devo dizer a verdade: os meus preferidos são os bons que ainda não consegui ler. E são muitos. Há livros que gostaria de ter tempo até para poder volta, mas não tenho tempo nem para ler aquilo que compro. Um autor que gosto muito e que tenho acompanhado é Carlo Rovelli, um físico teórico, que nos ajuda a pensar a realidade e a história do pensamento a partir da física quântica, uma matéria com que me debato desde os anos 1980, no sentido de querer aprender. A minha tese de doutoramento consistiu em fazer a ponte entre a filosofia clássica e o estado das ciências agora. Um livro… talvez ‘Sapiens – História breve da Humanidade’, de Yuval Noah Harari, que nos obriga a pensar de outra maneira e não com os pressupostos com que estávamos habituados a pensar. Mas há muitos livros bons. Não é por falta de livros bons que as pessoas não leem. Falta percursos feitos e mediação, um dos trabalhos bons que o Clube de Filosofia fez. Apresentámos uma meia centena de livros dos mais clássicos e mais difíceis de chegar até livros que são acessíveis.

José Alves Jana. Créditos: mediotejo.net

E um filme ou um documentário da sua preferência?
Era cinéfilo, mas deixei de ver filmes por razões várias, uma das quais por não haver cinema perto. Mas um dos meus filmes preferidos passou no primeiro Festival de Filosofia de Abrantes, sobre experiências para um mundo novo e empresas. Há trabalhos impressionantes de uma nova economia ou de uma economia responsável. Há livros que definem empresa como uma organização social que visa o lucro, mas isso não é verdade! Porque as funções da empresa são múltiplas. Uma empresa para ter lucro hoje tem de ter como objetivo criar condições para os seus empregados querem continuar a trabalhar para aquela empresa, senão perde os melhores.

Além de ir a África, em mais uma missão de Educação, o que ainda quer fazer na vida?
Escrever. Se pudesse largava todos os compromissos e dedicava-me à escrita. Era aquilo que deveria fazer nos próximos 10 anos, quer os tenha para viver ou não. Codificar na escrita aquilo que tenho andado a investigar, a procurar e a pensar durante os últimos 50 anos. Já escrevi um livro sobre o meu percurso pela nossa região e que não está publicado. Não sobre a minha vida, porque eu não sou importante, mas sobre os desafios, os princípios, as experiências que merecem ser explicadas e descritas. Fizemos aqui coisas extremamente importantes. Não porque as fizemos, mas porque as fizemos bem e produziram resultados importantes. Estou a escrever um sobre religiões, gostaria de ter tempo para profundar. Gostaria de escrever um livro sobre economia e política. Tenho um ensaio escrito sobre o caos, que é uma das estruturas da minha forma de pensar, que já dei a ler a pessoas entendidas na matéria e gostava de voltar a isso e desenvolver. Porque a minha forma de agir sempre foi… acho que me tem caracterizado; ir procurando aprender sempre para melhorar aquilo que estou a fazer. Sei que não sou perfeito, aliás a minha história de vida sempre me entregou responsabilidades para as quais não estava sequer preparado, por isso sempre tive de estudar.

Se pudesse largava todos os compromissos e dedicava-me à escrita. Era aquilo que deveria fazer nos próximos 10 anos, quer os tenha para viver ou não.

José Alves Jana

Tem uma máxima de vida, qual?
Tenho várias. Mas há uma que tenho num bilhete postal em cima da minha secretária: “Só vive de verdade quem jamais se detém.” A verdade é que só se está vivo, vivendo. E quero estar num sítio onde há problemas.

Paula Mourato

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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