Livro retrata "A centralidade de Abrantes e os portos fluviais do Tejo". Foto arquivo: DR

A Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, acolhe na quinta-feira, dia 14 de março, a apresentação do livro “A centralidade de Abrantes e os portos fluviais do Tejo”, uma obra com assinatura do geógrafo Jorge Gaspar. A iniciativa, de entrada livre, está marcada para as 18h00 e contará com apresentação de Francisco Lopes.

Nesta obra que será apresentada na Biblioteca Municipal, Jorge Gaspar trata “a história da navegação no Tejo, com Abrantes como seu principal porto interior, a organização das regiões fornecedoras de Lisboa e a localização de importantes atividades económicas, o Tejo como principal eixo logístico para o desenvolvimento da capital, percorrido secularmente por barcos de 50 a 60 toneladas até Abrantes, facilitando as transações entre o interior, a capital e o estrangeiro”, pode ler-se em informação disponibilizada pelo Município de Abrantes.

O livro refere ainda as obras que tencionavam tornar o Tejo navegável até Aranjuez sob domínio filipino e a construção do Canal de Alfanzira, em Mouriscas, que é apontado como “elemento chave para ultrapassar os escolhos a montante de Abrantes, complementada por caminhos de sirga e melhoramento dos cais de acostagem, viabilizando, por exemplo, a exportação dos minerais de Alcântara a partir de Lisboa ou o transporte dos mármores de Estremoz destinados à construção do Escorial, a partir de Abrantes”.

Foto: CMA

Também é abordada a relação entre a decadência do tráfego fluvial e a evolução da ferrovia e rodovia e a consequente reconfiguração territorial do tecido económico e socioprofissional.

“Os portos fluviais do Tejo devia continuar a ser um texto de leitura obrigatória para todos os habitantes das localidades ribeirinhas. Foi isso que justificou o convite a Jorge Gaspar para voltar ao tema, reforçando o enfoque no posicionamento estratégico de Abrantes, de que resultou agora A centralidade de Abrantes e os portos fluviais do Tejo”, refere-se.

Além disso, é possível compreender a evolução das povoações ribeirinhas “em função da atividade portuária”, conhecendo também “as razões para a instalação de indústrias como serrações, fábricas de cortiça, cal, grandes armazéns grossistas de bebidas e produtos alimentares, fábricas de massas alimentícias, adubos, metalurgia, grandes embaladores de azeite”.

A obra foca igualmente no “papel multissecular de Abrantes como centro exportador de bens agroflorestais, das regiões envolventes para as localidades ribeirinhas a jusante e principalmente Lisboa, de onde simultaneamente importava sal (indispensável à conservação de alimentos) e produtos manufaturados, funcionando como seu centro distribuidor para os mais recônditos lugares dessas regiões, através de almocreves que daqui irradiavam”.

«A centralidade de Abrantes e os portos fluviais do Tejo» serve, assim, como reafirmação da cidade “na confluência de três regiões – em função do seu porto fluvial e localização junto à maior via de comunicação peninsular, que a tornaram num dos maiores centros grossistas do interior – no último ponto navegável a montante de Lisboa, todo o ano, no maior rio peninsular, como centralidade estratégica ao longo da história, centro gravitacional de uma zona que inclui Ribatejo Norte, Alto Alentejo e Beira Baixa”, considerando Abrantes “o lugar de confluência em que se define o caminho que leva à independência e morfologia de um dos países mais antigos do mundo”.

Sobre o autor

Jorge Manuel Barbosa Gaspar [n. Lisboa, 1942]. Geógrafo e urbanista. Professor catedrático emérito da Universidade de Lisboa, IGOT. Foi assistente da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, professor catedrático convidado do Instituto Superior Técnico e das universidades de Umeå e de Paris x. Doutorado pela UL (1972), pós-graduado pela Universidade de Lund, Suécia.

Coordenou investigações e projetos aplicados em geografia, planeamento e urbanismo. Em 1986 fundou o Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano – CEDRU, onde continua a colaborar. Coordenador técnico do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território – PNPOT.

Sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa, membro da Academia Europaea e Doutor Honoris Causa pelas Universidades de León, Genève e Évora, Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, Prémio Universidade de Lisboa, Prémio Internacional Geocrítica, Medalha de Honra, ouro, do Município de Alvito, Medalha de Honra da Freguesia da Quinta do Conde, Medalha de Mérito Científico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, fundador e presidente da direção de Estudos Gerais de Alvito – Associação para o Estudo dos Fenómenos de Globalização e Localização, sócio fundador da Associação Portuguesa de Geógrafos – APG, da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional – APDR, da Associação Portuguesa de Ciência Política – APCP e da Associação Portuguesa de Urbanistas – APU. Publicou uma vintena de livros e cerca de três centenas de artigos e opúsculos.

Formada em Jornalismo, faz da vida uma compilação de pequenos prazeres, onde não falta a escrita, a leitura, a fotografia, a música. Viciada no verbo Ir, nada supera o gozo de partir à descoberta das terras, das gentes, dos trilhos e da natureza... também por isto continua a crer no jornalismo de proximidade. Já esteve mais longe de forrar as paredes de casa com estantes de livros. Não troca a paz da consciência tranquila e a gargalhada dos seus por nada deste mundo.

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