Casa cheia na primeira grande noite do Jazz Minde, sexta-feira, 3 de maio, com um público heterogéneo, inclusive crianças. Os Dead Combo abriram as hostes e o serão terminou com o inglês Matt Schofield, na sua primeira presença em Portugal. A velha Fábrica Têxtil de Minde iluminou-se de jazz e blues, num certame que já ganhou dimensão nacional e começa a pesar para a pequena organização de amantes de jazz. Esta noite, 4 de maio, há Cory Henry no Palco Fábrica.

“Começou como uma mera homenagem a Jaime Chavinha, um músico amigo”, recordou ao mediotejo.net Pedro Micaelo, responsável da organização. A homenagem transformou-se em Festival e, sem darem bem por isso, o grupo de 12 amigos já estavam a organizar um dos grandes eventos de jazz do país. “E agora mesmo que a gente queira desistir como é que a gente mata a criança?”, constata Pedro Micaelo, ainda assim bastante satisfeito com o cartaz que este ano traz a Minde, com 15 bandas e uma orquestra, além de nomes particulares e sonantes deste género musical.

Atingindo agora certa dimensão, “a solução será profissionalizar”, comenta, embora os mais jovens tendem em abandonar a vila de Minde quando entram no ensino superior. O facto deixa-o preocupado mas não desmoraliza, até porque o Jazz Minde é hoje um dos melhores espetáculos de jazz que conhece. Ideias como passar parte do evento para o Polje de Minde estão em cima da mesa e há projetos para continuar.
Admite porém que o patamar encontra-se hoje bastante alto. “Para amadores, já está excessivamente alto”, reflete, comentando a organização exigente e cada vez mais pesada para a estrutura e os espaços existentes. Mas “há aqui uma equipa muito coesa, funcionamos com muita amizade, se for preciso cortamos relações uns com os outros três vezes ao dia”, defende, adiantando que quase todos vivem em Lisboa e tiram uma semana de férias para organizar o Festival.

Para este fim-de-semana as expetativas mantêm-se elevadas. Os Dead Combo trouxeram a grande multidão, Cory Henry deverá chamar menos gente, mas sobretudo apaixonados de jazz de todo o país que conhecem bem o género. O sábado era de resto o dia mais reservas marcadas.
Mas o que pode encontrar quem não é um conhecedor ou não sabe bem o que esperar de um espetáculo de jazz? “Jazz é uma forma de interpretar a vida. E até a escala musical do é diferente”, comenta Pedro Micaelo. Há “mais lugar ao improviso, à espontaneidade”, é “uma linguagem mais espontânea”.