Hostel Middle Point em Sardoal. Créditos: CMS

Quando Paulo Rosa percebeu que a Residencial Gil Vicente não respondia aos grupos de turistas que, cada vez em maior número, viajam pela Estrada Nacional 2, decidiu criar um hostel. Para tal deu nova vida a um banco. Razão pela qual na entrada do hostel Middle Point, na vila de Sardoal, encontramos um cartaz com a pergunta: Já dormiu num banco?

Se não dormiu, saiba que Sardoal conta agora com mais um equipamento hoteleiro, propriedade da Sarplay-Hotelaria e Turismo, do sardoalense Paulo Rosa. Os dois equipamentos, com gestão da mesma empresa, juntos oferecem agora uma capacidade de alojamento para 55 pessoas.

Um equipamento “destinado essencialmente a grupos os famílias numerosas. Vem complementar uma falta que verificámos através dos contactos que temos na Residencial Gil Vicente. Existe procura para grupos de motociclistas, grupos de ciclistas, também para famílias numerosas. Por vezes não conseguimos satisfazer os pedidos, considerando que os quartos na Residencial Gil Vicente têm casa de banho privativa e camas de casal ou individuais”, explicou Paulo Rosa ao nosso jornal no dia da inauguração, a 18 de agosto.

Com capacidade para 31 pessoas, este equipamento divide-se por três pisos e é constituído por zonas de dormir, balneários, um espaço multiusos equipado com uma pequena cozinha e ainda uma pequena garagem. Curiosidade deste espaço, que antes foi um banco, é que foram mantidas as portas dos cofres, dando lugar agora a dois balneários.

O hostel Middle Point “que serve principalmente a Rota da Estrada Nacional 2” disponibiliza cinco quartos, dois com beliches – com capacidade para 8 pessoas em cada quarto -, sem casa de banho privativa, o que obriga à utilização dos balneários disponíveis. Possui ainda três quartos individuais, com camas de casal e beliches.

Tendo sido este equipamento montando num antigo banco, Paulo Rosa explica que a opção passou por manter algumas das características do banco, nomeadamente os cofres e as portas dos cofres onde foram instalados os já referidos balneários.

Segundo o empresário, a Rota da Estrada Nacional 2 “tem vindo a crescer. Começamos a verificar que vêm pessoas de todos os países da Europa. Temos também visitantes do Canadá, dos Estados Unidos, do Brasil. Existe necessidade de um equipamento” da tipologia de um hostel, também com o objetivo de explorar outras vias para receber viajantes.

A ideia passa assim também por “trazer equipas que possam fazer intercâmbio com as equipas desportivas locais ou intercâmbios culturais. Temos um grupo de teatro em Sardoal, os GETAS, temos a Filarmónica União Sardoalense que fazem intercâmbios com outras bandas. Portanto, agora dentro do Sardoal temos capacidade para receber grupos grandes, sem terem de ficar divididos por vários locais ou fora de Sardoal”, diz Paulo Rosa.

O conceito começou a ser pensado a partir do edifício que até então tinha sido um banco e o tema deste espaço para dormir “ajuda na experiência”, assegura o empresário, dando conta que a inspiração foi a série ‘Casa de Papel’.

O hostel está decorado “com motivos alusivos a uma série da Netflix relacionada com bancos e assaltantes de bancos. Temos à entrada manequins vestidos com fatos vermelhos e máscaras de Dali, temos o gerente do banco sentado com fato e gravata e uma venda nos olhos igual aquela que na série colocavam nos reféns. E estamos a decorar os quartos também com alguns motivos”, explica.

Grande parte da decoração é, desta forma, inspirada na série, com o predomínio das cores cinzento e branco sendo as portas dos cofres pintadas de vermelho. Paulo Roa decidiu recorrer à ficção criando também no hostel uma história ligada à temática, como possibilitar a oportunidade de ser observada “a grandiosidade e robustez de um cofre bancário”, que no caso são dois.

Hostel Middle Point em Sardoal. Créditos: CMS

O nome atribuído ao hostel, Middel Point deve-se à “centralidade” ou seja, pela sua localização num ‘ponto intermédio’. Com designação em língua inglesa porque “o mundo está globalizado. Não podemos trabalhar só para a nossa região, para o nosso país nem sequer só para a Europa. Temos noção que podemos receber pessoas de todo o mundo”.

Essa perceção “ajuda-nos a ter ideias e adaptar os serviços às pretensões de pessoas de todo o mundo. Estamos a falar de culturas completamente diferentes, é importante que tenhamos atenção a esses pequenos pormenores”, defende. Middle Point surgiu “como ponto intermédio da Estrada Nacional 2. Mas também estamos no ponto intermédio de outras coisas: perto do centro geodésico, perto do centro geográfico, estamos tão próximos do mar como estamos da fronteira espanhola, como do Norte para Sul Como se diz, no meio está a virtude ”, completa.

Falando de preços, os quartos que não dispõem de casa-de-banho privativa custam de 20 euros por pessoa, por noite. Já os quartos com casa-de-banho privativa e camas de casal custam por noite 50 euros (duas pessoas) sendo mais 20 por cada pessoa associada. Preços definidos “para baixo custo” sem intenção de serem sazonais, explica o proprietário. Acrescenta que o equipamento turístico “brevemente” aparecerá online nas plataformas de reservas.

Segundo Paulo Rosa, brevemente o hostel disponibilizará também “um sistema de consulta do espaço e de reservas no site da nossa empresa onde os clientes poderão fazer o pagamento do alojamento e receber de forma automática um código da porta de entrada e da porta do quarto. Um equipamento preparado para check in automático, um equipamento virado para o futuro não só nesse aspeto mas também nos sistemas de energias alternativas”.

Quanto ao futuro? O empresário tem a expectativa do hostel “estar cheio” durante o verão. Aberto há cerca de um mês “temos tido o equipamento quase sempre ocupado. Estamos no mês de agosto é normal que assim seja”, considera.

No que diz respeito ao investimento, o novo hostel teve financiamento do programa PAPN, do Portugal 2020. “Muito importante para os empresários que investem em qualquer área de negócio porque ajuda a ter uma boa alavancagem no início dos processos, considerando que os negócios têm o seu timing de crescimento”, opina. O equipamento contou com um financiamento de 50% desse programa. “Com capitais próprios poderia fazer-se alguma coisa mas não desta dimensão”, garante Paulo Rosa, avançando que “tendo em conta os créditos realizados, para a aquisição do edifício, obras e equipamentos”, mereceu um investimento na ordem dos 300 mil euros.

A cerimónia de inauguração, contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião e também presidente da Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, Luís Machado, da presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Anabela Freitas, da presidente da Tagus, Conceição Pereira, para além do presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges, aqui também como presidente da Assembleia Geral da mesma associação para além de outros convidados.

A sua formação é jurídica mas, por sorte, o jornalismo caiu-lhe no colo há mais de 20 anos e nunca mais o largou. É normal ser do contra, talvez também por isso tenha um caminho feito ao contrário: iniciação no nacional, quem sabe terminar no regional. Começou na rádio TSF, depois passou para o Diário de Notícias, uma década mais tarde apostou na economia de Macau como ponte de Portugal para a China. Após uma vida inteira na capital, regressou em 2015 a Abrantes. Gosta de viver no campo, quer para a filha a qualidade de vida da ruralidade e se for possível dedicar-se a contar histórias.

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1 Comentário

  1. Olá Paula sempre que possível acompanho os seus artigos que de informação, têm uma componente de elogiar que é de valorizarmos o interior que nos oferece tudo o que as grandes cidades nos tiram! Importante como dá voz aos que têm ainda pouca visibilidade. Cidades esquecidas na província, onde unidades hoteleiras são agora do agrado de muitos, por serem pequenas e se criar amizade com os investidores e uma quase familiaridade.

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