Consciente da importância de um pré-posicionamento de meios em termos de vigilância e para possibilitar um primeiro e rápido ataque a um incêndio nascente, a autarquia de Abrantes disponibilizou este ano 125 mil euros às Juntas de Freguesia para a operacionalização de kits de primeira intervenção contra incêndios. A situação de alerta em Portugal continental foi prolongada até terça-feira à noite devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, anunciou o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
O presidente da Câmara Municipal de Abrantes explicou que a experiência do ano passado “correu muito bem” em matéria de interajuda e colaboração no quadro da proteção civil, tendo observado que os kits de primeira intervenção funcionam também como instrumentos de vigilância, desempenhando um papel dissuasor, mas ao mesmo tempo informativo, junto da população. Já este ano os bombeiros contaram por dezenas de vezes com a importante ajuda das equipas pré-posicionadas no terreno que, ou debelaram e resolveram por si um incêndio em fase nascente, ou efetuaram um ataque inicial evitando que as chamas atingissem grandes dimensões, ganhando um tempo precioso até que chegassem os reforços para o combate às chamas.
Os kitis de primeira intervenção que são geridos por sete das 13 juntas de freguesia do concelho de Abrantes: Abrantes e Alferrarede, Aldeia do Mato e Souto, Bemposta, S. Facundo e Vale das Mós, Rio de Moinhos, Mouriscas e Tramagal (esta última integra pela primeira vez este dispositivo).
Os contratos a que as juntas de freguesia de Abrantes se vincularam resultam num apoio financeiro de 10 mil euros por ‘kit’ de Primeira Intervenção, composto por maquinaria, incluindo rádios SIRESP, mangueira e tanque com capacidade de 600 litros de água, formação específica a dois operacionais por carrinha e fatos de proteção individual, num total de investimento de 125 mil euros. Tramagal recebeu 15 mil euros por ser a primeira vez que integra a estrutura e por necessitar de adquirir a viatura e o respetivo kit operacional.
A situação de alerta em Portugal continental foi prolongada até terça-feira à noite devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, anunciou hoje o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. O ministro falava no final de uma reunião do Centro de Coordenação Operacional Nacional (CCON), em Carnaxide, Oeiras, onde estão todos os agentes de proteção civil.
O Governo declarou na quinta-feira, 16 de julho, a situação de alerta em Portugal Continental entre as 00:00 de sexta-feira e as 23:59 de hoje, devido às previsões meteorológicas que apontavam para um “significativo agravamento do risco de incêndio rural”.
Nas declarações aos jornalistas hoje ao final da manhã no CCON, Eduardo Cabrita explicou que “para os próximos dois dias as condições meteorológicas não são favoráveis, amanhã [segunda-feira] haverá uma previsível subida de temperatura, sobretudo no interior norte e centro, e o núcleo de apoio à decisão indica-nos situações de instabilidade meteorológica na terça-feira”.
“Tendo em conta que a maioria dos municípios estarão nos próximos dois dias com o nível de risco máximo ou muito elevado, com a avaliação que determina os níveis de prontidão elevados por termos a maioria do território do continente em níveis muito elevados, laranja ou vermelho, de alerta, decidimos que a situação de alerta se prolongará por mais 48 horas até final do dia de terça-feira”, afirmou.
O ministro da Administração Interna apontou que, até agora, os resultados da época de incêndios são “animadores” e atribuiu-os aos esforços das equipas da proteção civil e estruturas de ajuda à população.
“Temos resultados animadores que decorrem dos esforços de milhares de homens e mulheres que integram este dispositivo; este ano registamos um número de incêndios 50% inferior à média dos últimos dez anos, tivemos 1.816 incêndios desde o início de julho, e temos 62% da área ardida inferior à média dos últimos dez anos”, apontou o governante.
Durante as declarações à comunicação social, Eduardo Cabrita salientou a necessidade de prevenir comportamentos de risco e disse que os dois maiores incêndios dos últimos dias eram evitáveis e aconteceram por descuido das pessoas.
“Os dois maiores incêndios, com mais de mil hectares cada, eram evitáveis; um deles decorreu da operação incorreta de uma motorroçadora, em Aljezur, e resultou em dois mil hectares de área ardida, e o de Castro Verde foi devido à projeção de fagulhas a partir de uma enfardadeira, isto é, trabalhos agrícolas feitos de forma incorreta”, criticou, lembrando que “a utilização de fogo em espaço rural é absolutamente proibida”.
Ex-GNR detido por atear fogos em Abrantes ficou em prisão preventiva
Um ex-militar da GNR com cadastro por atear fogos florestais, em Abrantes, foi detido de novo pela PJ de Leiria, por ser o suspeito de vários incêndios que deflagraram na última semana na zona norte do concelho. O incendiário, de 48 anos, estava em liberdade desde maio, altura em que foi condenado a quatro anos de prisão, pena que ficou entretanto suspensa. Presente ao Tribunal de Santarém na sexta-feira o juiz decretou a prisão preventiva, medida máxima de coação.
Um dos incêndios dos quais o ex-agente da GNR é o principal suspeito deflagrou na segunda-feira junto à povoação de Ribeira da Brunheta , na União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, e só ficou controlado três horas depois, em resultado da intervenção dos bombeiros, que mobilizaram mais de 200 operacionais, 60 viaturas e dez meios aéreos. Nesta última semana, no concelho de Abrantes, os bombeiros foram chamados a combater pelo menos cinco fogos, o que desde logo levantou suspeitas.
O ex-militar da GNR, que está aposentado há 18 anos “por incapacidade para o serviço público policial, foi detido quarta-feira e foi presente na sexta-feira ao Tribunal de Santarém, para aplicação de medidas de coação, tendo ficado em prisão preventiva.
C/LUSA