“As Juntas de Freguesia têm feito um trabalho extraordinário no âmbito da prevenção, controlo, vigilância e de combate inicial a um fogo nascente, evitando, em muitos casos, que um incêndio tome grandes proporções”, destacou o presidente da Câmara, Manuel Jorge Valamatos (PS).
O autarca realçou o “pré-posicionamento das viaturas” das juntas na floresta e o seu “efeito dissuasor”, tendo feito notar que “nenhum incêndio nasce grande” e que os ‘kits’ de primeira intervenção permitem um ataque inicial “decisivo para que um incêndio não tome proporções dramáticas”. Este é um projeto do Município de Abrantes em funcionamento desde 2019 e que, ano após ano, conta com mais entidades envolvidas na proteção de pessoas e bens.
VIDEO/DECLARAÇÕES PRESIDENTE CM ABRANTES:
As carrinhas das juntas de freguesia estão equipadas com maquinaria, mangueira e tanque com capacidade de 600 litros de água e apetrechadas com rádios de comunicação.
Nos períodos de alerta laranja e vermelho estarão pré-posicionadas em Locais Estratégicos de Estacionamento (LEE), dentro do limite da respetiva freguesia, locais esses definidos previamente pelo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Abrantes.
As carrinhas ligeiras das 10 juntas de freguesia, a exemplo do ano passado, integram o Dispositivo Especial Contra Incêndios Rurais (DECIR), no âmbito municipal, com o objetivo de “responder de forma mais rápida e eficaz no ataque aos incêndios, na sua fase inicial, até que cheguem os reforços” ao local do incêndio, fatores que o autarca afirma serem “uma mais-valia pela sua proximidade e rapidez” de atuação.
“Num território tão extenso como o de Abrantes, precisamos de ter dispositivos em vários pontos do concelho para que, num processo de ignição de um incêndio, possamos ter condições de ataque rápido, na salvaguarda de pessoas e bens”, afirmou Valamatos.
O autarca disse ainda que os ‘kits’ de primeira intervenção funcionam também como “instrumentos de vigilância, desempenhando um papel dissuasor e informativo” junto da população.
Para assegurar essa colaboração das juntas de freguesia no combate aos incêndios, foi aprovado um apoio financeiro de 165 mil euros através de contratos interadministrativos, e este ano foi também aprovado um protocolo com quatro associações de caçadores para apoio na defesa da floresta, nomeadamente de Arreciadas, Martinchel, Mouriscas e S. Facundo.
Os contratos interadministrativos para melhor desempenho de atribuições em matéria de Proteção Civil são este ano celebrados com as Juntas de Freguesia de Abrantes e Alferrarede; Pego; Aldeia do Mato e Souto; Bemposta; Mouriscas; Fontes; Carvalhal; São Facundo e Vale das Mós; Rio de Moinhos e Tramagal.
A par do apoio aos equipamentos de proteção individual, será assegurada formação aos elementos das respetivas equipas, facultada pelos Bombeiros Voluntários de Abrantes.
No âmbito do DECIR 2023, entre 15 de maio e 30 de outubro, as carrinhas das freguesias, nos períodos de alerta laranja e vermelho, comprometem-se a estar pré posicionadas em Locais Estratégicos de Estacionamento (LEE), dentro do limite da freguesia e em horários também definidos previamente pelo comandante dos Bombeiros de Abrantes e pela Proteção Civil Municipal.
Foram muitas as entidades presentes na apresentação do DECIR Municipal 2023, que ocorreu no Aquapolis Sul na quinta-feira, e que integram o dispositivo. Além do presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, e do comandante sub-regional do Médio Tejo, David Lobato, marcou presença o Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC), coordenado por Paulo Ferreira, a Divisão Logística da Câmara de Abrantes, os Bombeiros de Abrantes, Cruz Vermelha Portuguesa, UEPS, GNR, PSP, RAME, Sapadores Florestais (da Associação de Agricultores e da CIM Médio Tejo), Altri, Gestiverde e as 10 freguesias envolvidas e as quatro associações de caçadores.
O concelho de Abrantes tem uma área de 714 quilómetros quadrados e uma vasta zona florestal, tendo o dispositivo em 2022 registado uma área ardida na ordem dos 100 hectares e nenhum bombeiro ou agente de proteção civil ferido ou afetado pelos incêndios.
Ano mais quente dos últimos 40 a 50 anos aumenta grau de exigência no Médio Tejo
O comandante do Comando Sub-regional da Proteção Civil do Médio Tejo, David Lobato, mostrou, durante a apresentação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para a região, realizada na quarta-feira na Biblioteca Municipal de Tomar, “um slide de reflexão”, o boletim climatológico de abril passado, que revela que “pior que 2023 só 2017”.
“Não sei se isso recorda alguma coisa”, disse, lembrando “todos os problemas” ocorridos nesse ano no país.
“Estamos com um ano extremamente quente, extremamente seco, talvez dos mais quentes dos últimos 40, 50 anos, o que de previsões não abona nada a nosso favor”, declarou, apelando à prevenção e vigilância e chamando a atenção para “comportamentos de risco das pessoas”, em particular quanto à realização de queimadas.
Tendo em conta a divisão do distrito de Santarém em dois comandos, do Médio Tejo e da Lezíria do Tejo, David Lobato afirmou que os meios para esta sub-região são praticamente idênticos aos de 2022.
Segundo o comandante, na fase máxima, Delta (01 de julho a 30 de setembro), o Médio Tejo contará com 148 operacionais e 48 veículos, só dos corpos de bombeiros, 16 equipas de sapadores florestais das várias associações (com 16 veículos e 71 elementos) e duas brigadas da CIM (com seis veículos e 30 elementos), sendo que seis veículos ligeiros de combate a incêndios, tripulados por 19 elementos, vão “guarnecer” os meios aéreos presentes em Ferreira do Zêzere e no Sardoal.
No Sardoal está já um helicóptero em permanência, entrando o de Ferreira do Zêzere em 01 de junho e, posteriormente, também nesta base, ficará um helicóptero pesado, existindo um meio aéreo adicional à disposição da região, o da associação de produtores florestais Afocelca, adiantou.
A GNR e a PSP estarão presentes, na parte da fiscalização e vigilância, com cerca de 54 elementos, contando a sub-região, no apoio ao combate, com três máquinas de rasto das câmaras municipais de Ferreira do Zêzere, Abrantes e Mação, com possibilidade de a que o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) tem em Santarém poder ser “puxada um pouco mais para cima” e de serem acionadas as que existem em Portalegre e Proença, além das que podem ser contratualizadas a particulares.
Para David Lobato, o “único constrangimento” do fim do comando único distrital “é a capacidade de controlar mais meios”, mas salientou que os meios das outras sub-regiões “continuam lá” e podem ser mobilizados pelo comando regional.
A outra questão que se colocou com a divisão, a de o controlo das 11 câmaras de vigilância do Médio Tejo permanecer na sala do antigo Comando Distrital em Almeirim, poderá ser resolvida “nos próximos 15 dias”, disse.
Anabela Freitas, presidente da CIM Médio Tejo, afirmou, na sessão, que, numa reunião mantida na terça-feira com o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, ficou o compromisso de aquisição de um ‘joystick’ que permitirá manobrar as câmaras a partir da sala do comando do Médio Tejo, instalado no concelho de Vila Nova da Barquinha.
A autarca salientou que, com o fim do comando distrital, “a dinâmica no combate não sofre grandes alterações”, sendo a redução dos meios resultante da divisão colmatada pela “triangulação com os comandos sub-regionais à volta”.