O preço médio de quartos e apartamentos para estudantes subiu 10,5% no último ano, ultrapassando os 400 euros em Lisboa e no Porto, segundo o último relatório do Observatório do Alojamento Estudantil. O governo diz ter a noção de que o alojamento é a grande barreira para os estudantes ao Ensino Superior e ter adotado medidas no plano imediato e também para “contrariar estruturalmente o problema”.
Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, reconheceu que “o assunto preocupa o Governo”, que reforçou as verbas do Plano Nacional de Alojamento, devendo concretizar 447 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em vários projetos que estão em construção e em fase de empreitada.
“Até ao verão de 2026 teremos duplicado a capacidade de alojamento de estudantes para 28 mil camas”, disse Pedro Nuno Teixeira, acrescentando que nove residências de estudantes vão ficar prontas este ano, em Lisboa, Porto, Faro, Torres Vedras, Batalha e Cascais, representando, no conjunto, cerca de 1.100 camas.
Os projetos, referiu, contam com a colaboração de municípios, instituições de ensino superior, empresas pública e do setor social.
Considerando também que é urgente responder à questão do alojamento estudantil no plano imediato, para mitigar o problema, o secretário de Estado do Ensino Superior apontou o reforço ou aumento do complemento de alojamento que é pago aos estudantes bolseiros, que são os “mais vulneráveis” face aos obstáculos colocados pelo alojamento.
Segundo Pedro Nuno Teixeira, esse complemento foi aumentado duas vezes no ano passado e este ano volta a ser aumentado, dependendo o seu valor das localidades, assinalando que Lisboa, Porto, Faro e Funchal são cidades mais caras nesse domínio.
Além destas medidas, o secretário de Estado indicou que têm sido estabelecidos protocolos com entidades públicas, privadas e do setor social para “aumentar a capacidade de oferta” para os estudantes bolseiros, com o objetivo que estes paguem apenas aquilo que recebem.
Existem, assinalou, protocolos com a Movijovem, com o Montepio, com a Associação de Hotelaria e até com Dioceses para permitir a exploração de espaços que possam servir os estudantes do Ensino Superior.
“Temos que procurar todas as formas para mitigar o problema”, avançou Pedro Nuno Teixeira, alertando que, sem querer desvalorizar o assunto, que a questão do alojamento estudantil é hoje um problema “transversal” nos países europeus, sendo que a nível nacional está ligado à problemática geral da habitação em Portugal.
Dizendo haver “respostas estruturais e também respostas imediatas” através da oferta contratualizada aos estudantes bolseiros, o governante adiantou que a divulgação do resultado do concurso de acesso ao ensino superior foi antecipada para este fim de semana para dar “mais tempo” aos estudantes para encontrarem soluções de alojamento.
Os alunos candidatos ao Ensino Superior e que sejam também candidatos a bolsa têm também a possibilidade de o valor provisório da bolsa ser já pago no mês de setembro, dando “maior segurança e previsibilidade” aos estudantes e respetivas famílias, adiantou o secretário de Estado.
O preço médio de quartos e apartamentos para estudantes subiu 10,5% no último ano, ultrapassando os 400 euros em Lisboa e no Porto, segundo o último relatório do Observatório do Alojamento Estudantil publicado no início do mês.
Segundo a análise feita com base em mais de 20 portais imobiliários e ‘sites’ de agências do setor sobre a oferta privada nas 20 capitais de distrito, havia 2.892 quartos disponíveis.
De acordo com os dados, citados no jornal Público, na maioria dos distritos a subida foi superior aos 10,5% da média nacional, havendo aumentos de 33% como no caso de Portalegre.
A exceção vai para os distritos de Beja, Bragança e Porto, cujo aumento ficou abaixo dos 10%.
Contudo, arrendar um quarto no Porto custa, em média, 425 euros por mês e em Lisboa 450 euros.
Setúbal com 350 euros, Faro com 339 ou Aveiro com 320 são outras cidades onde os custos com o alojamento são elevados.
Algumas associações académicas ouvidas pelo Público disseram ter recebido relatos de valores muito altos “praticados no mercado regulado”, onde são arrendadas casas e quartos sem recibos”.
Além dos preços praticados, outro dos problemas relatados pelos alunos é a necessidade de pagar duas e três rendas em avanço.
Ensino Superior | 38 cursos sem candidatos, a maioria nas engenharias
Instituições de ensino superior abriram vagas em 38 cursos aos quais nenhum aluno concorreu na primeira fase do Concurso de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), sendo a maioria em politécnicos e nas áreas de engenharias.
Há cursos que ficaram vazios nos Institutos Politécnicos de Leiria, Bragança, Castelo Branco, Santarém, Guarda, Setúbal e Tomar, mas também houve três universidades que abriram vagas que não tiveram procura nesta fase, indica uma análise feita pela Lusa aos dados disponibilizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) sobre o CNAES, cujos resultados são divulgados este domingo.
Muitos dos cursos destas instituições são das áreas das engenharias, mas também há cursos sem procura nas universidades, como são os casos de Engenharia de Computadores da Universidade da Madeira, Engenharia Alimentar na Universidade do Algarve, assim como três cursos da Universidade da Beira Interior – Química Medicinal, Física e Aplicações e Bioengenharia – que não tiveram nenhum candidato.
As engenharias são a área de estudo que mais vagas abriu – mais de dez mil – e são também uma das áreas com mais candidatos a escolhê-la como primeira opção (8.635 alunos).
As engenharias só foram ultrapassadas como primeira opção de estudo pelas ciências empresariais (9.175 candidatos) e pela saúde (8.692 candidatos), sendo que estas duas áreas abriram muito menos vagas do que a procura que têm.
Só quatro instituições de ensino superior têm neste momento zero vagas por preencher: As escolas superiores de Enfermagem de Lisboa, Porto e Coimbra e o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.
Por outro lado, alguns institutos politécnicos voltam a ser os menos procurados e com mais vagas livres, como são os casos do Instituto Politécnico de Bragança (que agora ficou com 944 lugares), o de Viseu (462) ou de Braga (339 lugares).
No total de todos os cursos, sobraram 5.212 vagas para a segunda fase do CNAES, que arranca na segunda-feira com menos 1,4% de lugares em relação ao ano passado.
Dos 1.119 cursos que estavam disponíveis nesta primeira fase do concurso, a maioria viu todas as suas vagas ocupadas, apenas 305 cursos ficaram com lugares.
Olhando para os cursos que abriram mais vagas, voltam a destacar-se a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que viu preenchidos todos os seus 445 lugares disponibilizados nesta primeira fase, e o curso da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que abriu 338 lugares e também ficou sem nenhum lugar vago.
No total, quase 50 mil alunos ficaram colocados na primeira fase do concurso, tendo ficado 16% dos candidatos de fora, que agora poderão concorrer à segunda fase.
Os resultados da primeira fase do concurso estão disponíveis no ‘site’ da Direção-Geral do Ensino Superior (http://www.dges.gov.pt) a partir das 00:00 de domingo e os alunos que pretendam têm agora até 5 de setembro para se candidatar à segunda fase do CNAES.
As cerca de cinco mil vagas que sobraram da primeira fase estão disponíveis no ‘site’ da DGES, sendo que no dia 4 de setembro surgem as vagas que agora foram ocupadas mas que os alunos não realizaram a matrícula nem inscrição, voltando a ficar por isso disponíveis.
c/LUSA