A principal consequência da incompetência e do irrealismo do actual governo é a quase estagnação da nossa economia pois, se em 2015 o país cresceu 1,6%, este ano ficará em 1%. As medidas da geringonça, as que permitiram o acordo, congelaram a economia, assustaram os investidores e mataram o plano de Centeno que anunciava fazer o país crescer 2,4%. Foi um fracasso total.
Ora, para conseguir “parecer” que está a manter as contas públicas em ordem, o governo decidiu deixar de pagar. Não paga aos hospitais, não paga às escolas, não paga às universidades, não paga os fundos comunitários, não paga às empresas as verbas do QREN, entre muitos outros.
Esta semana ficamos a saber que o governo cativou 430 milhões de euros das verbas previstas pelas Infraestruturas de Portugal, parte desse dinheiro significa adiamento de novas obras no distrito de Santarém e o adiar da manutenção das existentes. Como reconheceu o Presidente desta empresa pública, esta cativação veio “condicionar toda a actividade, nomeadamente a conservação rodoferroviaria”. Segundo António Laranjo em entrevista ao Jornal de Negócios, “a empresa pública ainda não recebeu um cêntimo este ano” por parte do Estado.
Por incrível que pareça, esta semana ficamos também a saber que o Ministério da Saúde está a recomendar que se reduzam as colonoscopias. A acusação foi feita pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) que denunciou que os médicos de medicina geral e familiar sofrem uma “imoral pressão de índole económica” para que sejam “restritivos na solicitação dos exames necessários, nomeadamente colonoscopias”. Nem após a bancarrota isto se viu por cá, nem nos momentos mais apertados da presença da Troika.
São apenas dois exemplos para demonstrar a minha indignação perante aqueles que durante 4 anos criticaram quem tentava recuperar o país e que agora se acobardam, que agora se calam, perante atrocidades como as que acima referi.
Quando o Estado não cumpre as suas obrigações, sempre que atrasa pagamentos às empresas, está a prejudicar a própria economia. Além disso, o Estado deve dar o exemplo, ser cumpridor e exigente.
Hoje, após 4 anos de ajustamento, as autarquias portuguesas são um exemplo no respeito pelos seus compromissos e assim se mantêm, sobretudo graças à Lei dos Compromissos, aos dois programas de recuperação financeira que o Governo PSD/CDS aprovou, mas também graças ao empenho dos autarcas.
Pelos vistos, os autarcas apreenderam, já o governo voltou ao passado, voltou a ser caloteiro, voltou a empurrar com a barriga, voltou a dever dinheiro a toda a gente, a não cumprir os seus compromissos e a dar um péssimo exemplo ao país.