O Sol hoje não deu bom-dia na nossa terra. Não sei como foi nos Estados Unidos da América.

Presumo, como sempre aliás, que não se fez jus ao lema “o sol quando nasce é para todos”.

Nunca foi assim na América e o futuro é agora mais sombrio. Foi eleito, Presidente dos EUA Donald Trump – aquele que disse tudo o que lhe apeteceu na campanha – insultou, ridicularizou, achincalhou, aquele que muitos do seu próprio partido – o Partido Republicano – foram abandonando pelo caminho.

Assistimos à distância a uma longuíssima campanha, com comícios  programados ao milímetro para as televisões, com candidato/a a leram os telepontos, com “recados” pelo twitter, com “casos”, “escândalos”, enfim, dirão – uma campanha à americana.

Vimos, ouvimos e é impossível ignorar. Muita gente (eu incluída), nunca acreditou que Trump vencesse. Muitos e muitas (eu incluída) não acreditavam também em Hillary, na sua política, no que representa, na sua capacidade de conquistar o eleitorado. Eleger uma mulher para Presidente dos EUA teria um significado enorme, como teve eleger um negro. Mas será isso suficiente para mobilizar os milhões de americanos e americanas para uma mudança? Não foi. E é a partir desta realidade que temos que pensar o futuro.

As eleições na América não são eleições diretas, não há 1.ª e 2.ª volta. O voto dos cidadãos e cidadãs elege representantes que depois têm o poder final de decidir.

Houve mais candidatos e candidatas. Não ouvimos falar deles, não sabemos quantos votos tiveram. Nas primárias ouvimos falar de Bernnie Sanders porque ele se destacou e quase colocou em causa a nomeação de Hilary Clinton. O seu discurso, as suas prioridades, as suas soluções eram bem diferentes, mas o Partido Democrata preferiu seguir o seu rumo, a sua mesma política que não se traduziu em mudanças significativas, nem para o povo americano, nem para a Mundo, durante os mandatos de Obama. Preferiu preservar o sistema, literalmente enfiar a cabeça na areia.

E Trump venceu. E agora, América? Foi eleito o candidato que odeia as mulheres, os imigrantes, os homossexuais. O candidato que afirmou que vai construir muros, expulsar os emigrantes, prender os muçulmanos. O candidato que defende o livre acesso às armas e por isso teve o forte apoio da NRA, National Rifle Association, o poderoso lobby das armas e violência. O ódio e a xenofobia venceram. O Partido Republicano tem a maioria no Senado e no Congresso. Marine Le Pen foi a primeira a reagir na Europa. Satisfeita, claro.

Todos os dias o Mundo está diferente em alguma coisa. Hoje está diferente em muita coisa. A democracia, a liberdade, a igualdade, a tolerância, o humanismo, a política enquanto instrumento das e para as pessoas, perderam. Mas não é o fim da História.

Helena Pinto

Helena Pinto, vive na Meia Via, concelho de Torres Novas. Nasceu em 1959 e é Animadora Social. Foi deputada à Assembleia da República, pelo Bloco de Esquerda, de 2005 a 2015. Foi vereadora na Câmara de Torres Novas entre 2013 e 2021. Integrou a Comissão Independente para a Descentralização (2018-2019) criada pela Lei 58/2018 e nomeada pelo Presidente da Assembleia da República. Fundadora e Presidente da Mesa da Assembleia Geral da associação Feministas em Movimento.
Escreve no mediotejo.net às quartas-feiras.

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