Os incêndios que atingiram na semana passada a freguesia de Belver, no concelho de Gavião, traduziram-se na destruição de 80% da área florestal daquela freguesia, “aproximadamente 6 000 hectares, muitos palheiros, barracões, alfaias agrícolas, tratores, algumas viaturas e bens materiais”, contabilizou a presidente da Junta de Belver. Segundo Martina de Jesus, foram evacuadas 9 aldeias num total de 136 pessoas, e ainda não sabe ao certo quantas casas de segunda habitação terão sido destruídas, uma vez que o levantamento final ainda não está concluído.
“A tragédia é muito dolorosa, é uma calamidade pública, mas na imprensa parece que nada aconteceu”, lamentou a presidente daquela freguesia do concelho de Gavião, tendo lembrado que, no passado dia de 25 julho, o Centro Social Belverense acolheu 131 pessoas provenientes de 9 aldeias da freguesia de Belver devido aos incêndios de grandes dimensões que decorreram entre domingo e quinta-feira, e que destruíram cerca de 80% da área florestal daquela freguesia do norte alentejano.

Para Martina de Jesus, presidente da Junta de Freguesia de Belver, “as pessoas estão desesperadas, revoltadas e a necessitar de uma ajuda extraordinária para poderem refazer as suas vidas”, tendo referido que a Junta de Freguesia contactou o ministério da agricultura (dependência de Ponte Sor) para solicitar apoio no terreno junto das pessoas, disponibilizando as instalações, divulgação e meios de comunicação, e lembrado que a população, cerca de 680 habitantes (Censos 2011) espalhados por um território de 70 km quadrados e com grande mancha florestal, “é, na sua maioria, muito idosa, e trabalharam a vida inteira para terem a sua horta, a sua quinta, o seu pinhal. Perderam todo o trabalho de uma vida em poucas horas e sozinhos não têm força para recomeçar”, alertou.
Nesse sentido, em reunião que decorreu no dia 1 de agosto com diversas entidades municipais, entre eles o presidente da Câmara Municipal, a autarca disse que “urge renascer das cinzas dando sinais de investimento”, tendo proposto várias medidas imediatas, tais como “apoiar os proprietários de gado caprino ou ovino com alimentação, inventariar danos em habitações e barracões agrícolas informando ou disponibilizando os apoios possíveis (financeiros ou em materiais), inventariar os prejuízos na atividade dos apicultores informando dos apoios disponíveis” e “iniciar de imediato a melhoria da rede viária florestal nas zonas não ardidas (área das Torres Cimeira, Torre Fundeira, Belver, Alvisquer e Vale Pedro Dias) com recurso à moto niveladora e/ou buldózer”.

O texto, que viria a ser aprovado por unanimidade em nova reunião que decorreu no sábado, dia 5 de agosto, solicitada pelo presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia e desta vez com muitos populares das várias aldeias da freguesia, inclui ainda a “limpeza da charca da Teixogueira, o lançamento, urgentemente, do concurso para a execução do Centro de Observação Avifauna dos Outeiro, promover a substituição urgente de todas as placas indicativas de localidade, sinais de trânsito afetados pelos incêndios e sinalização da reserva de caça”, para além de “sugerir que a Câmara Municipal de Gavião e o seu Gabinete Técnico Florestal articulem e apoiem a Associação de Produtores Florestais Freguesia Belver, na elaboração de candidaturas para a recuperação e ordenamento florestal da Freguesia de Belver” e de, ainda, “sugerir que seja agendada / promovida reunião entre as Câmara de Gavião e Câmara de Mação, com a presença da Junta de Freguesia de Belver tendo em vista articular reclamação junto do Governo, da Declaração de Calamidade Pública para o território da Freguesia de Belver”.

Aos 9 pontos iniciais, aprovados no dia 1 de agosto, foram acrescentados mais 3, vertidos no documento aprovado por unanimidade na reunião da Assembleia de Freguesia de Belver, presidida por António Paulo, realizada na manhã de sábado, dia 5 de agosto.

“Aumentar o número de horas anuais da máquina motoniveladora na reparação dos caminhos florestais da Freguesia, antes do período dos fogos florestais, construir mais pontos de água na Freguesia, e “aumentar a eficácia das notificações aos proprietários de prédios com mato, dentro do perímetro urbano da Freguesia, garantindo a sua limpeza antes do período dos fogos florestais”.
A Câmara Municipal do Gavião tem estado a promover reuniões desde o dia 3 de agosto, e até esta segunda-feira, dia 7, para identificar e avaliar os prejuízos causados por esta “catástrofe”, sessões que contam com a presença de diversos técnicos municipais.
