Belver assinala até este domingo, e durante três dias, os 500 anos do seu foral manuelino, promovendo uma série de iniciativas culturais e lúdicas. A abertura das comemorações dos 500 anos do Foral de Belver decorreu na sexta-feira, 18 de maio, e foi celebrada com homenagens, música, cor, história, gastronomia e entretenimento.
Em causa estão as celebrações do quinto centenário do documento que, assinado por D. Manuel I, esteve na origem da delimitação dos atuais territórios da Freguesia de Belver, no concelho de Gavião.
Do programa das celebrações constou o preito de homenagem aos presidentes da Junta de Freguesia de Belver eleitos após o 25 de Abril de 1974, com a participação do presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), Pedro Cegonho, e dos antigos e atual presidentes da Câmara Municipal de Gavião, Jorge Estorninho, João Galinha Barreto, Jorge Martins e José Pio.

Foram homenageados, recebendo um pin em ouro, João Alves Freire (presidente de 1975 a 1976) a titulo póstumo sendo representado pelo seu neto Paulo Ferrão; Benigno de Jesus Martins (presidente de 1979 a 1989); Francisco da Silva Leitão (presidente de 1990 a 1997); Luís Heitor Alves (presidente de 1977 a 1979 e de 1998 a 2005); e José Eugénio Rolo (presidente de 2005 a 2013). A cerimónia contou, na sua abertura, com a atuação do grupo de cantares ‘Terras de Guidintesta’, com três temas e mais três jovens elementos naquela que foi a estreia do Tomás, da Maria e da Beatriz.
A presidente da Junta de Freguesia de Belver, Martina de Jesus, lembrou que com o 25 de Abril “o povo passou a escolher quem queria à frente da sua freguesia” e que ser presidente constitui “um ato de coragem e de voluntariado”. Por partilhar essa vivência entendeu a autarquia que “mereciam ser distinguidos” constituindo estas celebrações “o momento de aclamar os homens bons e o seu trabalho. Homens honesto e honrados”, disse.
Já o antigo presidente da Câmara de Gavião, Jaime Estorninho, referiu que as cidades, as vilas e as aldeias “são a construção sucessiva” daqueles que passam pelas autarquias. Recordou que os presidentes homenageados “receberam uma freguesia carregada de carências mas foram resolvendo”. Numa alusão aos recentes casos de acusados por corrupção detentores de cargos públicos, afirmou não existir na freguesia de Belver nem no concelho de Gavião “um único caso de desonestidade”.
Por seu lado, João Galinha Barreto destacou a importância das celebrações de 500 anos de memória e história de um povo. “Gentes ilustres que permitiram percorrer um caminho que nos fizeram chegar até aqui”. Além de homenagear os autarcas do pós 25 de Abril, lembrou também “as mulheres que com eles partilharam o seu trabalho em nome da sua terra e das suas gentes”. Considerou ser com iniciativas como as celebrações dos 500 anos de Foral que se “promove uma das nossas maiores riquezas que é o património histórico e cultural”.
Igualmente Jorge Martins falou nos “esforços” conjuntos “pelo amor à terra e à freguesia”. Para o ex-presidente “todos corporizam o melhor que a nossa República oferece: o humanismo, a honestidade e a ética na gestão da coisa pública”. Reconheceu que os 500 anos do Foral de Belver é assinalado com “orgulho” e disse não haver “serviço mais nobre do que administrar o nosso território escolhidos pelos nossos vizinhos”.
O atual presidente da Câmara Municipal, José Pio, afirmou ser “um dia em que se faz história” no concelho de Gavião e na freguesia de Belver. Lembrou que os autarcas “em prol da comunidade, muitas vezes em detrimento da família, e com escassos recursos financeiros e logísticos” conseguiram uma freguesia “mais moderna, mais apelativa e mais bonita” sendo por isso “merecedores da nossa gratidão e homenagem”.
José Pio referiu que “o investimento das autarquias é mais produtivo do que o do Governo Central” lembrando um País “inclinado para o Litoral” e “um Interior abandonado”. Contudo, segundo o presidente, “há finalmente uma preocupação com os territórios de baixa densidade do Interior do País. Voltou-se a dar voz ao poder local”.
Lembrou que a riqueza de um concelho “são as pessoas” promovendo a valorização “do património, da paisagem natural e dos recursos endógenos”. O objetivo é conseguir “um território harmonioso, coeso” onde o turismo seja impulsionador da economia”.
As celebrações dos 500 anos de Foral são “três dias intensos de um programa diversificado que exigiu recursos financeiros e humanos para ir ao encontro dos locais e dos visitantes” para que sejam vividos em festa.
Oiça em baixo as declarações do presidente José Pio ao mediotejo.net:
A ANAFRE, na pessoa de Pedro Cegonho, associou-se à homenagem dos antigos presidentes da freguesia de Belver e lembrou que o poder local é um dos pilares da democracia.
Após a homenagem decorreu abertura das Comemorações dos 500 anos do Foral Manuelino de Belver e a apresentação das Comissões de Honra e Executiva, seguida da palestra “Belver antes de ser Belver”, palestra por João Luís Cardoso sobre alguns vestígios arqueológicos na freguesia, de época paleolítica, neolítica e romana.
Paralelamente a estas iniciativas a festa fazia-se também nas tasquinhas, tabernas e grelhadores, com comes e bebes, e nos largos da Igreja com porco no espeto oferecido à população.

Seguiu-se a recriação histórica da concessão do Foral a Belver, pelos alunos do Agrupamento de Escolas de Gavião, sob orientação das Docentes do Agrupamento e da Companhia de Teatro Viv’Arte, música quinhentista moura, agasalho aos peregrinos de Santiago pelos monges da Ordem de Malta e Teatro de Fogo, pela Viv’Arte.
Programa de domingo, dia 20:
09h00 – Geo caminhada dos 500 anos do foral manuelino de Belver. (geocaching Vila de Belver – programa específico)
14h30 – “As plantas aromáticas e medicinais na época quinhentista”, apresentação pela Professora Doutora Fernanda Delgado Sousa. (Miradouro do Outeirinho) – moderadora – Profª. Madalena Dias
16h00 – Apresentação do desdobrável turístico da Freguesia de Belver, pelo Dr. António Ceia – Presidente do Turismo do Alentejo e do Ribatejo (Castelo – Capela de São Brás)
17h00 – Torneio de armas a cavalo na praça de armas do castelo.
18h00 – Dança quinhentista pela Universidade Sénior de Gavião. (Largos da Igreja Matriz)
19h00 – Missa solene presidida por Sua Excelência Reverendíssimo Bispo de Portalegre e Castelo Branco, Antonino Dias.
Participação e acompanhamento do Coro Misto da Covilhã sob a direção do maestro Luís Cipriano.
Presença dos Cavaleiros da Ordem de Malta. (Igreja Matriz)
19h30 – Espetáculo de música e dança quinhentista. (Largos da Igreja Matriz)
20h30 – Espetáculo de encerramento – Teatro de fogo “Belo de Ver” com acrobacia aérea na frontaria da igreja pela Viv’Arte. (Largos da Igreja Matriz)