A viagem a Itália de um grupo de alunos e professores do Agrupamento de Escolas de Gavião no âmbito do programa ERASMUS+ está a provocar preocupação, face aos casos confirmados de doença por novo coronavírus (Covid-19) naquele país europeu. Contudo, a direção da escola tranquiliza a comunidade, considerando desnecessária qualquer medida adicional, por estarem fora da zona de risco. A viagem teve início no dia 23 de fevereiro e o regresso está marcado para este sábado, 29 de fevereiro.
Para já “não está prevista qualquer medida” de prevenção face à problemática com o novo coronavírus explicou ao mediotejo.net a vereadora Graciosa Chambel, responsável pelo pelouro da Educação da Câmara Municipal de Gavião. “Não se verifica qualquer anomalia ou circunstância em concreto que justifique, mas estamos atentos e prontos para apoiar aquilo que for decidido” pela Direção-Geral de Saúde, acrescentou.
Embora “sem alarmismos”, a responsável admitiu estar a comunidade “expectante” com o regresso do grupo, com cerca de 10 pessoas, adiantando que a Câmara Municipal de Gavião irá disponibilizar um autocarro para ir buscar os alunos e professores, este sábado, ao aeroporto de Lisboa.
Trata-se de um projeto pedagógico, da tutela, e por isso coordenado pelo diretor do Agrupamento de Escolas de Gavião, contudo a Câmara “apoia a decisão da tutela”, reforça.
Esta manhã, a vereadora Graciosa Chambel falou com a professora Amélia Jesus, adjunta da direção da escola responsável pela monitorização da viagem, mantendo-se em contacto permanente com o grupo em Itália e fazendo a ponte com a Associação de Pais e a Câmara Municipal em Gavião. “Está tudo a correr dentro da normalidade”, garantiu-lhe.
Apesar da proliferação do vírus COVID-19 em Itália e da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE) aconselhar “ponderação sobre a oportunidade e conveniência de se realizarem visitas de estudo e outras deslocações ao estrangeiro, em particular a países ou a zonas com maior incidência de casos de infeção”, a direção do Agrupamento de Escolas entendeu realizar a viagem.
Itália está referenciada como um dos países mais problemáticos na Europa mas é na zona Norte que existem restrições em vigor. Os alunos viajaram para Perugia, cidade do centro daquele país
Contactado pelo jornal mediotejo.net, o diretor Paulo Pires, também em Itália, garantiu que “a viagem está a correr bem” e considera desnecessário tomar qualquer “medida adicional relativamente ao grupo de alunos e professores em causa”.
Os alunos, com idades entre os 12 e os 13 anos, partiu para Perugia, cidade situada na região da Umbria (centro de Itália) e “no que concerne à problemática referente ao novo coronavírus, a Itália é referenciada como um dos países mais problemáticos na Europa mas apenas nas regiões identificadas pela DGS”, sublinha o diretor em comunicado.
A região onde se encontram os professores e alunos de Gavião e de onde vão partir não tem “qualquer restrição desencadeada a partir da problemática em causa”, onde se encontram “com escolas de outros países”, nomeadamente da Grécia e de Espanha.
Acrescenta que, na qualidade de diretor do agrupamento de escolas, esteve em permanente contacto com a direção da escola italiana que os acolheu “para saber se havia alguma informação importante a registar, tendo sido sempre informado que não havia qualquer indicação para a região da Umbria”.
Paulo Pires assegura também ter estado atento, durante a semana, “aos emails remetidos pelos serviços do nosso Ministério da Educação, e nenhum apresentava qualquer restrição, apenas recomendações para as zonas consideradas de risco”.
De facto, a Direção-Geral da Saúde (DGS) informou, esta quinta-feira, que não existem restrições à estadia em Portugal de crianças, jovens e adultos que regressem de uma área de transmissão ativa do COVID-19, mas faz recomendações.
Numa nota publicada na sua página online, a DGS sublinha que não há restrições para quem regresse de área com transmissão comunitária ativa do novo coronavírus como o Norte de Itália, China, Coreia do Sul, Singapura, Japão ou Irão. No entanto, a DGS aconselha que durante 14 dias essas pessoas estejam atentas ao aparecimento de febre, tosse ou dificuldade respiratória, devendo medir a temperatura corporal duas vezes por dia e registar os valores.
Antes de lançar o comunicado, o diretor do Agrupamento de Escolas de Gavião, telefonou para os serviços da DGS em Portugal e disseram-lhe que “não tinha de tomar nenhuma medida adicional, em virtude do grupo se encontrar numa zona não considerada de risco”.
Por seu lado, o presidente da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Gavião, Paulo Ventura, também contactado pelo mediotejo.net, manifestou “total confiança na decisão do diretor da escola”, acrescentando não ter recebido até ao momento “qualquer manifestação de preocupação por parte de algum encarregado de educação”.
Entendimentos diferentes tiveram outros estabelecimentos de ensino, designadamente o Agrupamento de Escolas de Ferreira do Zêzere, que, tendo em conta as diretivas da DGS, decidiu cancelar a sua viagem ERASMUS+ para Itália, enquanto o grupo de alunos e professores do Colégio Marista de Carcavelos, que regressa hoje de Itália de uma viagem de finalistas, foi aconselhado a ficar uma semana sem ir às aulas, como medida de precaução.