SERTANENSE FUTEBOL CLUBE 0 – UNIÃO DESPORTIVA DE LEIRIA 3
Campeonato de Portugal – Série E – 19ª jornada
Campo de Jogos Dr. Marques dos Santos na Sertã
06-03-2021

A equipa da União Desportiva de Leiria pode orgulhar-se de ter, a todos os títulos, rubricado uma época de sonho, a poucas jornadas do final da etapa regular. Em 23 jogos oficiais apenas perdeu dois: um no campeonato, em Castelo Branco, e o outro no Magalhães Pessoa, com o Gil Vicente e que ditou o afastamento da Taça de Portugal, isto depois do Leiria ter afastado o Portimonense da prova rainha do futebol luso.

Campo de Jogos Dr. Marques dos Santos na Sertã. Foto: Arquivo mediotejo.net

Na Série E do Campeonato de Portugal, a União de Leiria tem dominado somando 14 vitórias e quatro empates, para além da derrota com os albicastrenses.

Com esta “performance”, é sem estranheza que, faltando ainda duas jornadas, esteja já apurada para os play-off, fase que, reunindo os vencedores de séries, dará acesso ao escalão secundário da Liga.

Leiria veio à Sertã carimbar o passaporte para os play-off.

Para isso teve de levar de vencida um Sertanense em clara retoma depois duma lenta recuperação pós confinamento devido a casos de Covid no plantel e que vinha de uma vitória em Alcains.

Sabendo do favoritismo do seu adversário, Natan Costa engendrou uma forma de tentar surpreender os leirienses. Tentando explorar as subidas rápidas dos alas, pertenceu-lhe a primeira ocasião de golo.

Iago lançou Miguel Pinéu que foi à linha de fundo cruzar para o centro da área. O extremo reduto da equipa do Liz teve dificuldade em afastar e Iago, na ressaca, rematou forte e muito perto da baliza à guarda de Fábio Ferreira.

Sertã criou a primeira situação de perigo.

Sem pressas, com muita segurança, a equipa de Hélder Pereira, paulatinamente, ia tomando conta da iniciativa do jogo. Mas só aos 17 minutos dispôs duma clara situação para marcar. Na sequência dum livre, muito longe e descaído pelo lado esquerdo, apareceu o capitão João Dias a cabecear às malhas laterais.

Pouco depois, aos 19 minutos, Doukouré, lesionado, foi obrigado a ceder o seu lugar no rectângulo de jogo a Bruno Torres. Natan via-se obrigado a mexidas no xadrez ainda antes do meio da primeira parte.

Doukouré lesionou-se e Natan cedo teve de proceder a alterações.

No minuto seguinte o Sertanense ganhou um livre em boa posição e Sunday levou o esférico perto da baliza adversária. Não marcou a equipa da casa marcaram os leirienses.

Um cruzamento perfeito de João Dias para o centro da área proporcionou a Afonso Caetano uma cabeçada indefensável. Léo Turossi bem se esticou mas a bola entrou no ângulo superior esquerdo da sua baliza.

A partir do 23º minuto o Leiria adiantou-se no marcador, obrigando o Sertanense a trabalhos redobrados para inverter o rumo dos acontecimentos.

Leiria adiantou-se no marcador aos 23 minutos.

Apesar de estar a vencer, a equipa leiriense queria ampliar a vantagem e não tirou o “pé do acelerador”. Aos 27 minutos uma desmarcação pelo lado esquerdo deixou Andrézinho na cara de Leo Turossi que chegou primeiro e resolveu.

Perto da meia hora de jogo começou o “festival” João Paredes. O poderoso avançado leiriense foi a figura de proa do último quarto de hora do primeiro tempo. No melhor e no pior…

Diego Galo é um dos leirienses com vasta experiência de I Liga.

Começou com um remate dentro da área para defesa apertada de Leo Turossi. O guarda redes brasileiro dos beirões seria novamente chamado a intervir aos 34 minutos, a remate colocado ao poste mais distante. Um mergulho oportuno resultou numa vistosa defesa.

Cinco minutos depois o remate de Andrézinho saiu muito por alto e no minuto seguinte o Leiria voltou a estar muito perto do golo.

João Paredes rematou forte para grande defesa de Léo, a defesa não foi rápida a afastar e o avançado voltou a colocar o guarda redes à prova. Paredes ainda dispôs de nova oportunidade para rematar e Léo voltou a opor-se com valentia. Tripla oportunidade para tripla defesa. Grande momento de futebol…

Guarda redes do Leiria com pouco trabalho ao contrário de Turossi.

Aos 42 minutos Vitor Massaia descobriu João Paredes na área e endossou-lhe o esférico. O avançado disputou o lance carregando o guarda redes na sua zona de proteção.

Dois minutos depois Massaia ensaiou o remate de meia distância mas saiu fraco e denunciado para defesa fácil de Turossi. Em cima do tempo de intervalo uma abordagem imprudente de João Paredes deixou o Leiria a jogar todo o segundo tempo com menos uma unidade.

Assédio à baliza leiriense.

Num lance com Sunday, sobre a linha do meio campo junto à lateral, Paredes levantou o pé, de forma negligente e atingiu com os “pitons” da bota o rosto de Sunday que ficou no solo muito queixoso.

Com o lance a ocorrer junto aos bancos foi como uma explosão tivesse acontecido. O “sururu” que se seguiu parecia num qualquer campo da América do Sul. Viu-se entrar no relvado gente perfeitamente dispensável ao espetáculo. Serenados os ânimos veio o balanço: cartão vermelho óbvio para João Paredes e para Dénis Martins no banco leiriense.

Entrada imprudente de João Paredes resultou num enorme “sururu”.

O intervalo chegou com os nervos à flor da pele e a certeza de que a União de Leiria iria entrar para todo o segundo tempo em inferioridade numérica, dando boas perspectivas ao Sertanense de poder inverter o rumo dos acontecimentos. A vantagem leiriense aceitava-se com normalidade pois a equipa soube explanar no relvado o seu valor e favoritismo. A boa réplica sertaginense foi valorosa mas curta…

Vantagem justificada da União de Leiria ao intervalo.

Natan Costa acreditava e procedeu a alterações ao intervalo: deixou o esgotado Iago no balneário e lançou o veloz Cyrille no jogo tentando ganhar em acutilância o que iria perder em critério nas decisões a meio campo.

Como seria expectável foi o Sertanense que começou a tentar “pegar” no jogo.
Um bom cruzamento de João Silva para cabeçada de Matheus Barbosa foi o primeiro sinal de aviso logo aos 51 minutos.

No minuto seguinte Cyrille, num oportuno roubo de bola a meio campo, permitiu novo remate de Matheus. O experiente Babanco resolveu a contento.

Cyrille acrescentou velocidade ao ataque sertaginense.

Aos 53 minutos os visitantes começaram a sacudir a pressão e Andrézinho foi à área de Léo Turossi obrigá-lo a defesa apertada para canto. Na conversão a bola sobrou para Leandro que executou um vistoso pontapé de “moinho” que Léo defendeu.

Com dez minutos em campo Cyrille entrou duro sobre o capitão leiriense, João Dias, e foi admoestado com a cartolina amarela.

Aos 58 minutos novo cruzamento de João Silva, muito ativo na ala esquerda tentou servir Cyrille na área mas o guarda redes Fábio Ferreira amarrou.

Sertanense incomodou mais no segundo tempo.

Com uma hora de jogo Natan retirou do jogo um apagado Luís Martins e lançou Bruno Eduardo, alterando a estrutura defensiva da sua equipa. Pouco depois novo livre para os leirienses, tipo canto curto, obrigou a defensiva da casa a aplicar-se.

Aos 65 minutos Diego Galo travou um rápido contra ataque dos sertaginenses e viu o amarelo. Na marcação do livre o guarda redes Fábio Ferreira, ainda que carregado, afastou para a zona de tiro onde surgiu Bruno Torres a encher o pé para nova intervenção do guarda redes visitante.

Jogo teve bons pormenores.

Aos 71 minutos um canto, favorável ao Sertanense, transformou-se em rápida transição para os leirienses, conduzida pelo experiente Perdigão que serviu na frente Kaká. Este permitiu a intervenção de Matheus Barbosa que resolveu o lance, cedendo canto.
Na conversão Diego Galo cabeceou contra um defensor e ganhou novo canto.

O capitão João Dias cobrou o pontapé do quarto de circulo de forma irrepreensível, ao primeiro poste, e Matheus Barbosa desviou subtilmente o esférico traindo Léo Turossi que ainda tocou na bola mas sem conseguir evitar o golo.

Apesar da boa réplica da equipa da Sertã foi o Leiria a voltar a marcar.

De forma feliz a União de Leiria aumentava a vantagem, aos 74 minutos, numa fase do jogo em que se acentuava o domínio da equipa da casa. A equipa de Hélder Pereira nunca pareceu desconfortável no jogo apesar de jogar com menos uma unidade.

Com a equipa da casa a acusar o golo os visitantes passaram a dispor de mais bola e a lançarem eles próprios as ações atacantes.

Aos 79 minutos Perdigão recebeu o esférico a meio campo, de costas para a baliza, rodopiou sobre si mesmo e lançou a corrida de Leandro. Este entrou em velocidade na área, desembaraçou-se do marcador direto e rematou de forma indefensável para Turossi, aumentando o “score”.

Perdigão (77) “construiu” o terceiro golo leiriense.

A caminho do final da partida, após tripla substituição dos leirienses aos 80 minutos, o recém entrado Renato Alexandre entrou perigosamente na área obrigando Turossi a corte temerário. A defesa completou e anulou o perigo.

Aos 85 minutos o Sertanense dispôs de excelente ocasião para reduzir. Bruno Eduardo foi empurrado nas costas por João Dias. Apesar de parecer que o lance aconteceu dentro da área o árbitro Quitério Almeida decidiu-se por livre à entrada da área. Encarregue da marcação Bruno Torres disparou por cima.

Bicicleta de Muacir a acabar o jogo.

Pouco depois o inconformado Miguel Pinéu tentou da meia distância mas a bola passou longe do alvo. Mesmo no final da partida um bonito lance selou a vitória dos visitantes.

João Silva, sempre ele na ala esquerda, cruzou para a área. O guarda redes, com Muacir no “radar”, falhou a intersecção e Muacir tentou um bonito pontapé de bicicleta mas a sua ação foi considerada faltosa. Pouco depois Quitério Almeida dava o jogo por findo com uma brilhante vitória dos leirienses.

Quitério Almeida esteve globalmente bem.

Com esta vitória a União de Leiria garante um lugar na futura III Liga e o direito a participar nos play-off, reservado aos vencedores de série e que poderá dar acesso a um lugar na II liga.

O Sertanense mantém-se fora dos cinco primeiros lugares que garantem o apuramento para o terceiro escalão do futebol nacional mas com margem para alimentar o sonho.

Não foi fácil o trabalho do árbitro lisboeta principalmente a gerir a confusão antes do intervalo mas saiu-se bem. Tirando esse lance e o empurrão a Bruno Eduardo nada mais lhe trouxe dificuldades de julgamento. Sem interferir no resultado esteve globalmente bem.

Apesar da vantagem numérica o Sertanense não “chegou” para um Leiria moralizado.

Ficha do Jogo:

SERTANENSE FUTEBOL CLUBE:
Leo Turossi, Miguel Pinéu, Luís Martins (Bruno Eduardo), Hugo Meira, Sunday, Vitor Pisco (César), Doukouré (Bruno Torres), Iago (Cyrille), Muacir, João Silva e Matheus Barbosa (Landry).
Suplentes não utilizados: Lucas Bento e Kevin Ibouka.
Treinador: Natan Costa.

Sertanense Futebol Clube.

UNIÃO DESPORTIVA DE LEIRIA:
Fábio Ferreira, João Dias, Victor Massaia, Diego Galo, Kaká (Rui Gomes), Babanco (Tiago Castro), Andrézinho (Iddriss), Afonso Caetano, Perdigão (Renato Alexandre), Leandro (Alioune Badara) e João Paredes.
Suplente não utilizado: Dénis Martins.
Treinador: Hélder Pereira.

União Desportiva de Leiria.

GOLOS:
Matheus Barbosa [p.b], Afonso Caetano e Leandro (U.Leiria).

EQUIPA DE ARBITRAGEM:
Quitério Almeida, Tiago Silva e André Poeira (AF Lisboa).

Equipa de Arbitragem: Quitério Almeida, Tiago Silva e André Poeira com os capitães.

DISCIPLINA
Cartão amarelo: Muacir, Bruno Torres e Cyrille (Sertanense); Babanco e Rui Gomes (U.Leiria)
Cartão vermelho: João Paredes e Dénis Martins.

No final ouvimos os técnicos de ambas as equipas:

NATAN COSTA (Treinador do Sertanense)

Natan Costa-Treinador do Sertanense. Foto: Arquivo mediotejo.net

HÉLDER PEREIRA (Treinador da União de Leiria)

Hélder Pereira, treinador da União de Leiria. Foto: Arquivo mediotejo.net

* Com David Belém Pereira (multimédia).

Nasceu a 30 de Janeiro de 1961 em Lisboa e cresceu no Alentejo, em Santiago do Cacém. Dali partiu em 1980 para ingressar no Exército e no Curso de Enfermagem. Foi colocado em Santa Margarida e por aqui fez carreira acabando por fixar-se no Tramagal em 2000. A sua primeira ligação à Vila "metalúrgica" surge em 1988 como Enfermeiro do TSU. Munido da sua primeira câmera digital, em 2009 e com a passagem à situação de reserva, começou a registar a fauna do Vale do Tejo, a natureza e o património edificado da região, as ruas, as pessoas... Com colaborações regulares em jornais da região e nacionais este autodidata acaba por conseguir o reconhecimento público, materializado em alguns prémios. Foi galardoado na 8ª Gala de Cultura e Desporto de Tramagal na categoria de Artes Plásticas (Fotografia) em 2013.

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