O Sertanense FC venceu nos Açores a equipa do Fontinhas e fecha 2021 como líder da série D do Campeonato de Portugal, tendo vencido este ano todas as equipas do seu grupo. Um feito que o treinador Natan Costa, que teve de dar a palestra à distância por estar em isolamento, realça e dedica como “uma boa prenda” de Natal a toda a gente ligada ao clube da Sertã.

No Campo Municipal Dr. Durval Monteiro a equipa de Natan Costa impôs-se ao Fontinhas (0-1), que liderava a tabela com 22 pontos, e saltou para o 1º lugar, agora com 24 pontos, naquele que foi o jogo grande da 10.ª ronda e que marcou o arranque da segunda volta. O golo de Kevin Lopez, aos 24 minutos da primeira parte, selou a vitória de um Sertanense que vai entrar em 2022 como líder da sua série.

Público voltou a vibrar no Dr. Marques dos Santos e tem ajudado a empurrar o Sertanense até ao topo da classificação. Foto: mediotejo.net

ÁUDIO | NATAN COSTA, TREINADOR DO SERTANENSE FC:

mediotejo.net – Como foi este jogo nos Açores e que se traduziu numa vitoria perante o anterior líder da série D?

Foi uma primeira parte muito bem conseguida, assumimos o controlo do jogo, conseguimos bons momentos em ataque organizado, conseguimos criar três oportunidades de golo, numa dela colocámo-nos em vantagem, depois fomos para o intervalo e o Fontinhas entrou um pouco mais agressivo, equilibrou a partida, mas penso que fomos sempre controlando as iniciativas ofensivas do adversário e eventualmente numa ou outra bola parada pode ter havido maior sobressalto na nossa área mas é um resultado justo que espelha mais um bom trabalho que os nossos rapazes fizeram neste jogo e, como tem sido a imagem do clube, temos feito boas exibições, esta foi mais uma e com esse élan de derrotar o ex.1º classificado na sua casa, não tinha qualquer derrota, e passámos para a liderança, é um prémio muito bom para os jogadores que têm lutado muito para mudar o rumo da sua carreira desportiva e também para os adeptos, mais uma vez tivemos a Peste Negra (claque) representada nos Açores a torcer o jogo todo por nós, é um prémio para a direção, para a equipa técnica que também tem trabalhado muito para conseguir ajudar os jogadores a melhorar individual e coletivamente, e estamos muito satisfeitos com isso, com o momento. Somos o melhor ataque da série, somos também a melhor defesa em conjunto com o Fontinhas, e pronto, também temos a noção que se completaram 10 jogos e em 10 jogos nada se conquista, faltam oito jogos, e no dia 7 ou 8 de janeiro temos um jogo muito importante frente ao Marinhense. O próximo é sempre o mais importante, e vamos entrar em campo com humildade, responsabilidade, pois têm sido esses os fundamentos que nos têm trazido até aqui.

Natan Costa, treinador do Sertanense. Foto: mediotejo.net

O Natan tem estado em casa, em isolamento, como foi orientar a equipa nos Açores à distância?

É uma experiência horrível, sofre-se muito, felizmente tenho uma equipa técnica fantástica. Tenho três pessoas a trabalhar comigo que além de amigos, leais e muito profissionais, são muito competentes, e tenho também um plantel unido, solidário, amigo e isto facilita. A observação e análise do adversário foi feita em conjunto, como é normal, a planificação dos treinos também foi em conjunto com a equipa técnica, depois a palestra de antevisão do jogo foi dada pelo Zoom, vi o jogo em livestreaming, houve um elemento da nossa estrutura que transmitiu o jogo só para mim. Ao intervalo voltei a falar com a equipa e pronto, estive o jogo todo em contacto. Mas felizmente temos criado uma identidade de jogo que permite aos jogadores identificarem os estilos do jogo e responderem ao que é necessário durante a partida, e isso reduz a intervenção do treinador e da equipa técnica.

O Sertanense está em primeiro, quando no ano passado sofreu até à ultima jornada para se manter nas divisões nacionais, neste momento vai acabar 2021 a vencer todas as equipas da série e está em 1º lugar…

Sim, há nove adversários na nossa série, vencemos o Fontinhas, e para o campeonato não vencemos o Peniche mas vencemos para a Taça de Portugal. E então essa curiosidade de em jogos oficiais já termos vencido todas as equipas da nossa série, o que nos dá alguma satisfação. Em relação àquilo que foi o ano passado temos que desfrutar o momento, pois nesta altura estávamos em playoff para disputar a subida e depois a história é o que se sabe, há um surto que atacou de forma muito forte o nosso plantel, colocou-nos em isolamento, sem treinar, os jogadores nunca mais foram os mesmos, depois regressámos e temos uma carga de jogos, logo a seguir à doença, brutal, que nos tira a capacidade de competir pela vitória em vários jogos e depois somos atirados para uma situação mais difícil e acabámos por assegurar a manutenção na última jornada. Foi um mal menor, não aconteceu, agora claro que não estamos livres que volte a acontecer algo do género, temos o plantel praticamente todo vacinado, acreditamos também que a vacina reduz os sintomas, eu, pessoalmente, basicamente só perdi o olfato até agora, penso que vou ultrapassar esta experiência de forma serena, felizmente, porque há muita gente a sofrer com isto, e pronto, esperemos que não volte a acontecer nada do género pois compromete claramente o rendimento da época desportiva.

Sertanense fecha ano 2021 no primeiro lugar do Campeonato de Portugal. Foto: mediotejo.net

Para já o importante é desfrutar do momento, mas qual é o limite do Sertanense?

O meu discurso não muda e mantém-se coerente desde o início do ano. Quando me perguntaram qual era o objetivo eu disse que era vencer mais vezes que na época anterior e isso já foi conseguido, chegámos a dezembro e isso já foi conseguido. Não vale a pena, eu não quero que se coloque pressão sobre os jogadores… o plantel é formado com jogadores que vieram da distrital, com jogadores que estão no 1º ano de senior, jogadores que desceram de divisão, jogadores que evitaram a descida na última jornada do ano passado, que vieram de um contexto difícil e que estamos a tentar voltar a ganhar crédito. E isso consegue-se reduzindo a tarefa e isso é o foco no jogo. Pensar no próximo jogo unicamente. Não vale a pena pensar em fazer futurologias. Ficamos felizes por as pessoas estarem a criar expectativas, esperamos que sejam expectativas justas, que não sejam líricas, e pronto, estamos a dar passos seguros, o objetivo é continuar a melhorar aquele que era o nosso jogo. Perdemos em Peniche onde fizemos um ótimo jogo, às vezes ganhamos e nem tudo está bem, há sempre coisas para corrigir e evoluir. O jogo mostra-nos coisas novas que nos obriga a pensar como resolvê-las no futuro e é esse o nosso foco, o treino, o exercício, o jogo e competir da melhor forma frente aos adversários e tentar sempre ganhar, esse é que é o objetivo. E também que os jogadores se sintam felizes com o que estão a fazer, que gostem da proposta de jogo – e sinto que eles gostam – desta forma de jogar, a assumir o controlo do jogo, e tudo é uma consequência, não vale a pena estar a dizer que o nosso objetivo é a posição A ou B, é um exercício, sinceramente, que não faz muito sentido.

Mário Rui Fonseca

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *