O Seiça (Ourém) é o atual campeão distrital de futebol do Inatel, tendo conquistado nos últimos anos o título de campeão nacional e de campeão do mundo de futebol amador. Este ano tem pela frente a equipa de Sentieiras (Abrantes) na final a disputar em Alferrarede, no Campo CUF. Foto arquivo: mediotejo.net

Dois anos depois de um longo interregno devido à pandemia, o futebol da Fundação Inatel regressa este fim de semana aos campos da região, nada mais nada menos com 38 equipas em competição, número que faz com que este campeonato seja o mais concorrido e participado de todo o país, revelou o responsável pelo Desporto do Inatel de Santarém.

O concelho de Coruche é o que contribui com mais equipas, com 11 clubes inscritos, sendo Abrantes o segundo concelho com mais clubes (10) estando os mesmos divididos por séries, nesta primeira fase, atendendo à sua proximidade geográfica. Dos 38 clubes, destaque para o regresso do Carvoeiro (Mação), após oito anos inativos, e para a participação de clubes dos distritos vizinhos de Portalegre (Vale de Açor e Foros do Arrão), Castelo Branco (Vilarregense), Évora (Lavre) e Leiria (Bombarralense e Turquel).

O Grupo Desportivo de Alcaravela, atual vice-campeão da Liga Inatel, joga este domingo em Casais de Revelhos. Foto arquivo: Paulo Jorge de Sousa

Em entrevista ao mediotejo.net, Diogo Tavares disse que o número de clubes a participar esta época é uma agradável surpresa, não se confirmando os receios de muitas desistências após dois anos de paragem. “Há clubes que pararam, outros que reativaram a secção de futebol, e está tudo a postos para o arranque do campeonato” este fim de semana, afirmou, relativamente a um momento muito aguardado e que está a gerar fortes expectativas nos amantes do futebol e nos responsáveis dos Centros de Cultura e Recreio.

Diogo Tavares, responsável pelo desporto da Fundação Inatel em Santarém. Foto: DR

ÁUDIO | DIOGO TAVARES, RESPONSÁVEL DESPORTO INATEL SANTARÉM:

Qual o estado de espírito dos clubes e da Inatel face a este regresso desportivo?

O estado de espírito é de alegria e acima de tudo de segurança, uma segurança relativa, gradual, e esperamos que as coisas evoluam favoravelmente. A Fundação Inatel optou nas últimas duas épocas por não realizar eventos desportivos, porque a sua vertente social também assim o desejaria, mas nós não podíamos avançar sem estarem todas as condições reunidas. Neste momento nós achamos que já há uma grande segurança na sociedade, que já nos permite fazer aquilo que gostamos mais e que os nossos associados também adoram, então aqui no distrito de Santarém, é o maior campeonato do Inatel, e esperemos que tudo corra dentro da maior normalidade possível. É uma competição mais de lazer, de hobbie, de escape, e no nosso caso, aqui em Santarém, muitas vezes é as alturas em que as pessoas das aldeias regressam das cidades e podem conviver um bocado, portanto estamos contentes com este regresso, não só na parte desportiva, mas na parte social e com tudo o que isso envolve.

Como aderiram os CCD’S, tendo em conta esta paragem de dois anos?

Depois destas duas épocas de interregno contávamos com uma quebra bastante acentuada. Felizmente, não foi o que veio a suceder. Tivemos uma quebra, é verdade, na última época em que houve liga tivemos 44 equipas, para esta época vamos ter 38, mas esperávamos uma quebra muito maior. Os CCDS estão com muita vontade de regressar, temos alguns novos, e entre novos e “reaparições” temos 4 ou 5 clubes. Outros infelizmente fecharam portas, porque já sabemos que alguns CCDS estão muito limitados a uma ou duas pessoas e vivem muito da “carolice” das mesmas, mas nós estamos confiantes que isto vai voltar a crescer e que nas próximas épocas vamos voltar aos números habituais de 50 equipas e estamos com essa convicção.

São 38 equipas na INATEL de Santarém, incluindo clubes de distritos vizinhos?

O campeonato Inatel é o maior, é assim desde que me lembro, e mantém-se, apesar desta quebra, com alguma distância. Como estava a dizer depois conseguimos sempre congregar aqui alguns CCDS das zonas limítrofes, há CCDS que por questões geográficas e outras por questões históricas, que optam por participar aqui em Santarém.

Este campeonato tem a vertente competitiva mas privilegia a socialização, certo?

Nós costumamos chamar a isto o futebol puro, porque nós temos CCDS que não treinam vez nenhuma como temos CCDS que já treinam 3 ou 4 vezes por semana, portanto nós abrangemos várias tipologias e várias formas de como os CCDS encaram o nosso campeonato. Daí também termos criado este modelo de campeonato de duas fases. Esta primeira fase é mais geográfica e depois na segunda fase fazemos uma triagem, e os CCDS à partida mais bem preparados passam para a série 1 e a qualidade depois aí supostamente é superior. Nós temos imensos exemplos de jogadores no nosso campeonato que já andaram nos mais variadíssimos campeonatos a nível nacional, inclusive primeiras divisões, e já servimos muito para jovens rapazes que vão para as universidades e para as cidades e que ficam sem poder treinar, e que para poderem continuar a jogar integram as nossas equipas e nós temos todo o gosto nisso. E daí que o nosso objetivo não passa nem pela profissionalização nem nada que se pareça, nós prestamos um serviço para que os CCDS possam ter estas tais interpretações, mais numa perspetiva de lazer ou mais numa perspetiva de competição.

O Carvoeiro, por exemplo, oito anos depois, é um clube que regressa este ano, a exemplo de outros, como o Casais de Revelhos…

Exatamente, nós já vínhamos tendo contacto, já há duas épocas, eles foram-se organizando e já na última época, em que depois não chegámos a avançar, eles já estavam inscritos, portanto o projeto deles já estava a ser trabalhado.

Como está organizada a vertente desportiva do futebol do Inatel esta época?

Nós vamos ter estas duas primeiras fases iniciais, sendo que na primeira fase são grupos organizados geograficamente. Nós fazemos potes e depois vão a sorteio – por exemplo aí na zona de Abrantes juntámos 20 equipas e formaram-se quatro grupos de 5 – neste momento as melhores 18 equipas passarão para a série 1 e as restantes ocuparão a série 2. Tanto na série 1 como na série 2 passaremos para a fase do mata-mata nos quartos de final, haverá quartos de final, meia-final e depois a grande festa do futebol, que ainda não está definido onde vai ser, ainda não abrimos as candidaturas aos CCDS, isso costuma ser só daqui a 1 ou 2 meses. A Taça já está toda definida, o sorteio já foi realizado, há 5 jogos dos 32 avos e depois 16 avos,  oitavos, quartos, meias e final.

A vertente da disciplina costuma muitas vezes ser um fator decisivo para definir quem segue em frente na competição. Como é esta época?

Essa é a grande mudança este ano, e aqui em Santarém já era o único distrito em que se fazia disciplina. Este ano, e eu sou um grande apologista e defensor da disciplina, mas este ano por motivos de recursos humanos e de gestão de campeonatos a nível nacional, foi necessário deixar de ter os critérios disciplinares. O que não quer dizer que para o ano ou daqui a dois anos ele não volte. Esta época não nos é possível adotar esse critério.

Com tantos clubes como é que se organizam para ter tantos árbitros?

Nós temos tentado reinventar, temos todos tido muita dificuldade porque há muito poucos agentes de arbitragem para o número de jogos que há, nós na Fundação Inatel, e isso foi uma decisão a nível nacional, foram criadas três zonas de arbitragem, a sul, centro e norte, e depois é gerido não por campeonatos mas por zonas. Por exemplo, Coimbra tem muitos jogos ao sábado e nós muitos jogos ao domingo e então há aí um grande intercâmbio entre árbitros de Santarém e de Coimbra. Mas também temos tido algumas [inscrições] e este ano vão haver novas equipas, de grandes árbitros, felizmente temos conseguido trazê-los para os nosso quadros e temos mantido também a grande maioria deles.

E captação para formação na arbitragem é uma preocupação?

Tem existido, mas há muita pouca gente jovem a ingressar na arbitragem. Os CCDS que jogam em casa nós damos a opção de escolher o dia de jogo, poderemos depois intervir nalguns momentos – lá está, por exemplo relativamente às equipas de arbitragem – mas os CCDS na condição de visitados escolhem se jogam ao sábado ou ao domingo.

Uma palavra para jogadores, dirigentes, familiares, adeptos…

Relativamente aos nossos associados, temos a dizer que todo o trabalho que desenvolvemos é para eles, estamos extremamente contentes com a confiança que depositaram na fundação inatel e faremos tudo para que a época corra, como já disse anteriormente, dentro da normalidade possível. Acho que isto vai ser um começar do zero, está toda a gente em pulgas, está toda a gente com fome de bola, e nós estamos radiantes que o futebol volte a encher de gente – com a devida segurança – os nossos campos por essas aldeias e cidades, e sobretudo que as pessoas saibam usufruir do desporto aqui em Santarém.

Vilarregense joga este sábado em Vale de Açor na abertura da Liga Inatel 2021-2022. Foto arquivo: mediotejo.net

Jogos da primeira jornada de cada grupo

Grupo A  – 1ª Jornada – 17 outubro – 15H

São Facundo vs Envendos

Foros do Arrão vs Concavada

Folga | Bemposta

Grupo B – 1ª Jornada – 16* e 17 de outubro – 15H

Casais de Revelhos vs Alcaravela

Vale de Açor vs Vilarregense* (sábado)

Folga | Água Travessa

Grupo C – 1ª Jornada – 17 de outubro – 15H

Vale das Mós vs Vale de Cavalos

Mouriscas vs Alvega

Folga | Carvoeiro

Grupo D – 1ª Jornada – 17 de outubro – 15H

Bairro vs Seiça

Lobos do Carvalhal vs Sentieiras

Folga | Azinhaga

Grupo E – 1ª Jornada – 17 de outubro – 15H

Estevense vs Alcobertas

Vale da Pinta vs Pontével

Bombarralense vs Turquel (dia 30 de outubro)

Grupo F – 1ª Jornada – 16 de outubro – 15H

Volta do Vale vs Santanense

Malhada Alta vs Lavre

Montinhos dos Pegos vs Erra

Grupo G – 1ª Jornada – 16 de outubro – 15H

Lamarosa vs Foros Lagoiços

Biscainho vs Figueirense

Fajarda vs Carapuções

A experiência de trabalho nas rádios locais despertaram-no para a importância do exercício de um jornalismo de proximidade, qual espírito irrequieto que se apazigua ao dar voz às histórias das gentes, a dar conta dos seus receios e derrotas, mas também das suas alegrias e vitórias. A vida tem outro sentido a ver e a perguntar, a querer saber, ouvir e informar, levando o microfone até ao último habitante da aldeia que resiste.

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